Chapter VIII

7 1 0
                                    

Luca sentia seus pulmões queimarem com os ofegos superficiais que não estavam fazendo um bom trabalho em suprir a sua necessidade de ar.

Era como se nem ao menos houvesse ar para respirar em meio àquela multidão de pessoas desesperadas e em pânico, correndo por suas vidas para longe de um perigo desconhecido, quase invisível, mas certamente mortal.

E o Príncipe sentia todo seu corpo doendo com os esbarrões, cotoveladas e empurrões que sofria enquanto tentava correr também, lutando com o máximo de suas forças para acompanhá-los e não acabar caindo ou sendo deixado para trás.

Mas, mais do que isso, Luca lutava para não deixar que seu próprio medo e desespero nublassem sua visão e o impedissem de pensar com clareza, porque ele tinha que se manter são para poder seguir o pedido de Marco e encontrar um lugar seguro para se esconder até que o pandemônio passasse, permitindo que em fim eles se encontrassem outra vez.

Eles precisavam se encontrar outra vez.

Naquele momento, Luca experimentava a pegajosa sensação de estar mergulhado em mais um dos seus inúmeros pesadelos.

Os gritos estridentes, disparos abruptos e sons agudos de lâminas de espadas se encontrando, juntamente com sons de luta e estrondos de coisas se partindo...

Tudo aquilo o lembrava daquele dia sombrio quando era apenas um garotinho de 7 anos e o navio de sua família fora atacado, fazendo sentimentos novos e antigos se revirarem em seu peito, tantos e tão rápido que ele se sentia completamente desorientado.

Havia uma parte dele que lhe sussurrava que deveria se juntar aos soldados da marinha e lutar, porque era seu dever e sua obrigação proteger seu Povo de quaisquer ameaças e perigos. Mas, por outro lado, havia a parte maior que o dizia que deveria fugir e se manter em segurança, porque ele era a única esperança de futuro que eles tinham e não poderia se dar ao luxo de se ferir ou morrer, deixando-os desamparados.

E, em meio à tudo isso, havia o medo de que o que estava causando todo aquele alvoroço era a mesma coisa que o havia atacado anos atrás: piratas.

E, conforme corria por sua vida, sendo empurrado por pessoas que gritavam em histeria, aquele medo estava cada vez mais deixando de se tornar uma suspeita instável para se tornar uma certeza sólida.

E mesmo que Luca tentasse se convencer do contrário, que pensasse esperançosamente em qualquer outra possibilidade, em qualquer outra coisa, sua mente insistia em lhe trazer flashes de uma bandeira negra com uma caveira branca e homens cruéis de rosto sádico e sorriso podre.

Ele balançou a cabeça em meio à corrida, trincando o maxilar com força.

Pare com isso, Luca, ele disse a si mesmo com severidade, se forçando a desviar os pensamentos daquelas memórias para que pudesse se concentrar no presente. Seja o que for que estiver acontecendo, os soldados da marinha vão manter todos em segurança. Vão proteger o Povo e conseguir evitar que o pior aconteça, então confie neles. Apenas confie neles e se mantenha a salvo, e encontre um lugar para se esconder até que o perigo seja controlado. Você precisa se manter seguro por eles.

Então respirou fundo, ainda não conseguindo ar o suficiente, mas olhando para os lados mesmo assim em busca de um esconderijo satisfatório.

Ele ainda corria freneticamente e, talvez por não estar prestando tanta atenção nas outras pessoas, acabou esbarrando em um homem, ouvindo sua exclamação surpresa junto com o grito assustado de uma garotinha.

Com o encontrão, a menina caiu no chão de terra e Luca imediatamente parou de correr, voltando até ela e se deixando cair de joelhos ao seu lado, servindo de escudo protetor para que as outras pessoas não esbarrassem ou pisassem nela. Chiou baixinho quando sentiu um homem pisar em seus dedos da mão esquerda, mas não ligou para isso ao concentrar seu olhar na garota.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Jul 27, 2022 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Ouro dos TolosOnde histórias criam vida. Descubra agora