Às Quartas comemos feijoada

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Era um belo dia, o céu estava limpo e o sol brilhava mais do que nunca. Até meus primos aparecerer e eu notar ele escurecer rapidamente.

"Toda minha animação foi embora"

Estávamos comemorando meu aniversário de oito anos no dia, quando tudo começou.
Deveria ser perfeito, mas piorou no jantar em família. Não estava feliz, não apenas pela presença dos meus primos na mesa, que infelizmente tem minha idade e ainda crescemos juntos. Mas porque ambos andavam grudados e desde que começaram a falar comigo não me davam um dia de paz.

O aniversário que era para ser um dia especial se tornou em uma lembrança que não desejo lembrar. Meus pais diziam para eu ignorar o que me falavam, meus priminhos riam de mim e os tios se juntavam à brincadeira. Resolvi subir para o quarto depois de cantarmos os parabéns para mim. E só consegui pensar o quão insuportável estava sendo.

A família do meu pai estava me conhecendo pela primeira vez apenas no meu dia especial, pensei que fossem boas pessoas pelos comentários da família de minha mãe. No entanto, não gostei de ninguém, estava insuportável ficar em casa com eles.

Por hora, eu recebia comentários do tipo "Você é feia", "A Garota do Rosto Vermelho", e muitas outras coisas que diminuía minha autoestima. O formato do meu rosto eu sempre gostei, sempre gostei da forma que eu sou, eu apenas havia recebido umas manchas mais rosadas nas bochechas e algumas acnes.

Eu não sofria apenas quando os familiares estavam, mas isso chegou até à escola. Conforme o tempo passava, aprendi a ignorar e tentava ser forte para lidar com uns comentários maldosos. Meu rosto começava a melhorar na adolescência, o Bullying não passava, mas minha autoestima já estava retornando até o momento em que uma semana depois da minha festa de 16 anos, Gisele, minha prima uma das pessoas nas quais eu tanto detesto por existir, comenta algo.

- Nossa Diana, dessa forma não vai arrumar namorado nenhum. - Ela disse enquanto mexia em sua mecha de loiro aguado e mascava um chiclete.

- Ser inteligente é mais importante para mim no momento, não vou poder depender dos meus pais para sempre. -Retruquei.

- Isso foi uma indireta?

- Não prima, estava falando sozinha. Preciso ir, até mais! - Disse com o sorriso mais falso que tive e caminhei até minha escola.

A família do meu pai sempre me pressionava por não ser tão bonita quanto a beleza "fabricada" deles. A minha sorte foi conhecer Vitor desde o pré, meu melhor amigo até o momento. Ele sempre me fazia sorrir, nunca foi de julgar minha aparência, além de me respeitar. Me anima lembrar dos momento de quando brincávamos e corríamos juntos. Era a única pessoa além da minha mãe, que me protegia no caso de alguém me irritar.
Lá estava ele, sorrindo para mim vestido da sua calça jeans favorita e 'All stars' brancos, pulando e balançando as mãos no alto. Em nossa escola, a única peça de roupa que não poderiamos mudar é a camiseta uniforme, era obrigatório estar com ela.

- Diana, to aqui! - Eu ri, por que a rua estava vazia, era nítido sua presença.

Corri enquanto segurava minha mochila com as duas mãos.

- Pronta para correr na hora do almoço hoje? Até coloquei esse tênis. - Apontou para os pés.

- Não sei, estou um pouco desanimada.

- Você sabe que hoje é feijoada né? É quarta-feira!! - Vitor parecia agitado.

- Feijoada?! Aah! Eu tinha esquecido... E agora, vai acabar rapidinho.. Acho que vou voltar para casa e colocar meu tênis de corrida. - Disse me virando para o caminho de casa, mas senti minha mochila sendo puxada.

O Perfume De DianaOnde histórias criam vida. Descubra agora