O Perfume De Diana

Seda Vermelha

Cozinhar é uma boa terapia no meu ponto de vista, acalma perfeitamente a alma, principalmente enquanto estou escutando minha música preferida. Era exatamente o que preparei para fazer naquele final de tarde, meu dia especial ainda não havia acabado e mamãe quis comemorar ao menos num jantar para mim, no qual acabei oferecendo ajuda.

- Filha, vê se o bolo já está ficando pronto. -Dizia ela.

-Está bem. -Corri até o balcão puxando a luva protetora para não me queimar. Abrindo o forno, senti do vapor quente que escapava junto do bom cheiro daquele bolo caseiro. - Mãe, parece que está no ponto. -Falei após perfurar a massa. -Vou desligar.

- Ta bom. -Respondeu ela.

Minha mãe não demonstrava tamanha felicidade, porém permanecia com seu lindo sorriso no rosto. Não sei como agradecer por todo o esforço que ela tem dado, em meio a situação que estamos somente pessoas fortes conseguem suportar essa dor de ver alguém totalmente doente, sem saber o que fazer, sem o que falar. Minha mãe é uma dessas pessoas.

Naquela noite ela estava acabando de fazer o macarrão e o bolo permanecia esfriando em cima do balcão, só me restava decorar ele. Na minha casa havia muitos tipos de decorativos para doces e bolos já que minha mãe trabalhava com isso, então aproveitei para usá-los e deixar totalmente personalizado. Não sou nem um pouco "expert" nesse assunto, então já se pode imaginar. Comecei passando o Chantilly da forma que minha mãe ensinou após o bolo ter esfriado e ouvimos o som da campainha.

Esperava ver Vitor naquela porta, mas encontrei outra pessoa, o que me surpreendeu muito. Seus cachos estavam um pouco jogados para o lado, diferente do comum, vestindo roupas casuais. Corei o rosto ao lembrar das minhas roupas. Estou vestindo meu pijama e nem me preocupei em esconder, ele já havia notado. Observei mais um momento o semblante de Yuri tentando entender seu motivo por estar ali tão de repente, notei que carregava uma pequena caixinha branca e decorada com uma fita de seda vermelha.

- Oi Diana, desculpe o horário. É que eu não poderia ir embora sem te entregar isso antes. -Estendia a pequena caixinha para mim em meio ao suor no rosto.

- Oi Yuri. O que é isto?

- É... Pode se dizer que é um item que faz você se lembrar das coisas para sempre. Era meu, mas não uso a muito tempo então... Resolvi te entregar. - Congelei depois de ouvir o que ele me dissera. Yuri parece ter me escutado falando sozinha na sala durante a roda dos alunos, ou estou apenas delirando. Não seria possível eu ter desejado receber algo e ganhar dele no mesmo dia, ou seria? Mesmo muito curiosa quanto ao item, imaginando o que poderia ser ou qual seria o objeto que pertencia a ele que precisava tanto me entregar, tentei manter minha mente tranquila para não demonstrar tanta emoção. Meu coração parecia que poderia pular do meu peito a qualquer momento de tão contente que estava.

"O que será que pode me fazer lembrar das coisas para sempre?"

- Prometo que vou cuidar com carinho dele. - Disse enquanto abraçava a caixinha. Senti algo encostando nas minhas costas e ao olhar para trás, notei minha mãe olhando na direção de Yuri pela porta, ela estava sorrindo gentilmente. Não havia sinais de tristeza em seu sorriso como a alguns minutos atrás.

- Oi! Você é o novo amigo da Diana?

- Amigo? Sim... -Ele olhou para mim pensando se poderia realmente ocupar esse cargo e concordei vêemente com a cabeça fazendo Yuri sorrir de forma sincera para minha mãe.

- Por que não entra? Está frio. - Minha mãe falou para Yuri. E realmente o vento estava gelado, mas em meu pijama eu sentia pouco disso e não percebi que Yuri se chacoalhava com frio bem na minha frente apesar do suor no rosto.