O Perfume De Diana

Um dia de briga

Uma semana já havia se passado e as únicas coisas que tinha acontecido na escola estava relacionada com Luan, premiado pela melhor redação da turma depois de Yuri. Meus olhos já seguiam os cachos daquele cabelo moreno de Yuri, e agora depois da notícia, eu o observava a todo o momento. Ele é uma pessoa bem reservada, inteligente e bonita.

Caminhando com seus livros ao lado do corpo com uma das mãos e a outra segurando sua mochila, ele aproximava de uma das mesas da biblioteca depositando ambos os objetos que estavam nas mãos.

Eu sentia uma energia dele me puxando e fazendo observá-lo. Se Yuri me olhasse de volta, com certeza eu ficaria mais vermelha do que minhas bochechas já são.

- Quer que eu seja um cupido? - Vitor apareceu cortando minha atenção no garoto que estudava.

- Tá louco?! - Falei um pouco mais alto do esperado e algumas pessoas em volta olharam em minha direção.

- Relaxa aí amiga, você está numa biblioteca. -Vitor ria.

- Sim, por isso mesmo. Estou aqui para estudar. - Menti. Por um lado eu realmente queria estudar, mas perdi meu foco por Yuri.

- Teremos na próxima semana um trabalho em grupo. Por que não chama o Yuri? Ele parece não ter muitos amigos. -Dizia meu amigo com olhar animado.

- E como isso vai funcionar, se eu nem sei chegar em alguém?

- Eu faço isso por você! Agora mesmo. -Antes que eu pudesse intervir, Vitor correu até a mesa que Yuri estava e começou a cochichar com ele voltando minutos depois com sorriso no rosto.

- Ele entrou! -Vitor disse.

- Você parece mais animado que eu. Mas olha só, não tenho segundas intenções. Estamos fazendo isso apenas pelo trabalho.

- Tudo bem minha amiga, eu sei. - Ele concordava. - Marquei com ele e a Isa da nossa turma, para estudarmos amanhã na "CoffeeBook".

- Tão cedo? Ainda temos uma semana para fazer. - Perguntei.

- É esse lado que você quer mostrar para ele? - Vitor ria de mim.

- Não me julgue, você não abre nem um livro. - Retruquei.

A única coisa que Vitor se dava bem era em se comunicar com as pessoas. Ele é gentil e sabe escolher muito bem as palavras, se dava muito bem na área de humanas. Seu único problema é olhar os números e cálculos de matemática e física como se fossem códigos indecifráveis. No entanto eu, por sorte entendia muitas matérias, mas sempre demorava um tempo até pegar o jeito.

- Vamos esquecer esse assunto? Temos que ir para a sala. - Agora eu estava rindo, ele sempre desvia de assunto quando começamos a comentar sobre como suas notas estavam indo.

Levantamos depois de recolher os livros que havia pegado para estudar, o que foi em vão, e começamos a caminhar. O corredor das salas estava praticamente vazio, o que não é comum neste horário.

- Cadê todo mundo? - Perguntei.

- Acabei de receber uma mensagem do grupo da escola, está tendo briga de meninas no refeitório. -Meu melhor amigo disse ao olhar para a tela brilhante do celular. - Corre, vamos ver!

Vitor me puxou pelo punho rapidamente e começou a correr para ver a bagunça que estava acontecendo.
Estávamos correndo tão rápido que se precisasse parar, seria apenas depois de cair.

- Você precisa correr mais rápido! Temos dois minutos até o sinal tocar! -Ele gritava.

Engraçado que na minha escola não existia muito a parte sobre andar, a todo momento vemos alunos correndo desesperados, fazendo nos parecer que estamos em uma maratona. Soltei meu punho da mão de Vitor e puxei ele pelas mãos para poder comandar a nossa corrida já que ele é um pouco mais lento por conta das pernas pequena.

- Agora sim vamos chegar a tempo! -Falei.

No momento que decidi tomar liderança dos nossos passos, estava próxima da porta da biblioteca. Foi quando esbarrei em alguém que surgiu de repente pela grande porta de madeira tampando a visão que eu tinha antes do corredor vazio. Meu corpo deslizou para um lado mais a frente do corredor e os livros que eu estava foram lançados ao chão próximo de mim. Após soltar minha mão, Vitor perdeu o equilíbrio e tropeçou para trás ficando nas costas da pessoa que esbarrou em mim. Ela também havia perdido equilíbrio nos pés, e estava escorada na parede.

- Você poderia olhar para o lado amigão! -Vitor disse um pouco irritado.

Olhei para a pessoa que esbarramos e vi Yuri me encarando. Como é possível eu sempre ir ao chão quando ele aparecia. O garoto de cachos se abaixava para pegar meus livros, mas antes de alcançá-los, Vitor foi mais rápido e já me puxava para levantar na intenção de voltarmos a correr. E assim aconteceu, rapidamente meu amigo recolheu os livros enquanto eu estava hipnotizada por Yuri, que não parecia entender a situação.

Enquanto estávamos correndo, meu olhar não saía daquele garoto que já mudava seu olhar em minha direção.
Chegamos no refeitório e a discussão parecia ter piorado, ouvia-se altos gritos de alguns meninos fazendo cada vez mais um olhar curioso na cena aparecer. Pessoas arrodeavam duas garotas que se enfrentavam verbalmente.

Passando entre as pessoas, vi minha prima Gisele e sua melhor amiga Cindi. Pareciam discutir sobre Luan, era o nome mais citado entre as duas.

- Olha aqui, eu falei para você que gostava dele! E agora descubro que vocês dois ficaram juntos?! Não posso perdoar isso! -Disse Cindi.

- E qual o problema em ter beijado ele? Vocês não namoram! -Gisele retrucava.

- Garota, você é muito falsa!

"Ufa Cindi, disse algo que presta pela primeira vez"

- Por que não resolve com ele? Tenho certeza também que ele gostou do meu beijo e irá ficar do meu lado. -Gisele provocava piorando a situação.

Cindi não pensou duas vezes em partir para bater em minha prima. Eu estava gostando de ver essa cena, ambas sempre me irritaram. Era a única coisa que senti vontade de fazer e nunca consegui. Não durando um minuto, uma das coordenadoras apareceu separando-as e vindo em seguida a segunda coordenadora que foi chamada para mandar os alunos de volta para a sala.
Como de costume, eu e Vitor voltamos correndo para evitar de receber uma bronca.

As duas meninas que estavam brigando foram levadas para uma sala que todos nós já conhecemos. "A sala do grito". Pelo que os alunos dizem, é um pequeno cômodo escuro com apenas uma mesa de interrogatório e pouca luz ambiente. Tudo isto para botar medo nos alunos, embora eu não acredite que seja exatamente assim. Ah! E o nome? Sim, é meio fácil saber porque tem este nome após ouvir nossa querida coordenadora cantando bonitas palavras para os bagunceiros. Já em descanço em minha mesa, noto a presença de alguns alunos retornando ainda eufóricos enquanto comentam sobre o ocorrido.

- Eu pensei que jamais fossem brigar assim! -Falou uma aluna.

- Eu também! - Disse outro aluno.

- Nossa! Essa é a maior fofoca compartilhada que nossa escola já teve. -Vitor disse animado com a novidade.

- Eu sempre acreditei que pudesse acontecer... Minha prima é assim.

O resto do dia ficou tudo tranquilo, até mesmo para as meninas que estavam discutindo, pois agora estavam andando uma do lado da outra.

"Amizade realmente forte"

(Continua...)