Um beijo com flores

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Yuri estava tão próximo de mim com sua respiração ofegante, ele me observava com carinho enquanto eu podia sentir o quão quente o rosto dele ficava com sua aproximação. Seus lábios macios com aroma de hortelã encostou aos meus, lentamente, fazendo meu coração pulsar como se estivesse em uma corrida muito importante, enquanto minha barriga sentia um formigamento diferentemente bom e quente.

O que antes o mundo parecia silencioso, agora estava tudo em festa, com total alegria. As mãos de Yuri lentamente acariciavam meu rosto. Eu me senti a pessoa mais feliz do mundo naquele momento, não soube o que fazer a não ser acompanhá-lo, mas ele sabia exatamente como me deixar sem chão.

Não pude resistir ao toque de suas mãos, que passeavam livremente por minhas costas. Era a primeira vez que eu me sentia assim, meu primeiro beijo. Nossos lábios se afastaram devagar, o que me fez quase pedir por mais. Mas eu estava sem palavras para descrever ou falar qualquer coisa com o garoto de cachos e perfume de hortelã.

- Me desculpa. - Disse ele ainda envergonhado.

"Oi? Está doido?!"

- Está tudo bem Yuri. - Falei.

- É que... Eu nem perguntei se poderia fazer isso... Não sei.. você ainda pode ser minha-

- Nossa! Parabéns Yuri, seu bolo ficou muito bonito, cara. - Vitor apareceu mostrando "Joia" para Yuri, que sorriu na mesma hora. Por sorte ele não percebeu tal aproximação e o clima entre mim e Yuri.

- Ele já está pronto? - Vitor perguntava.

- Sim. - Yuri respondia.

- Então vamos comer? - Novamente disse o Vitor.

- Como assim vocês vão comer sem nem me chamar antes? - Mamãe aparecia na cozinha animada para celebrar enquanto eu ainda não sabia como reagir. Minha mente estava pensando e refletindo sem nem mesmo sair do lugar. Meus pensamentos estavam a divagar, e eu precisava entender o que Yuri queria me dizer antes de ser interrompido.

Mas olhando para ele, nem parecia que havia acontecido algo entre nós, ele sorria tranquilamente e interagia normalmente com Vitor. Acabei me sentindo mal, pois não sabia disfarçar meus sentimentos. Era como se só eu estava com uma sensação totalmente diferente do comum, como se apenas eu tinha mudado, como se apenas eu tivesse sentido algo. Parece bem triste falando assim, porém era realmente a forma que estava me sentindo naquele momento.

Os 'Parabéns' já havia sido cantado e estávamos acomodados no sofá provando do delicioso bolo de chocolate. A cada degustação daquela massa fofinha acompanhada do creme me fazia delirar. Meu Deus! Minha mãe é uma perfeita cozinheira. Todos aprovaram o sabor, principalmente a decoração feita por Yuri.

- Com quem você aprendeu a decorar assim Yuri?- Minha mãe dizia.

- Eu sempre achei essa área da confeitaria muito boa, então pesquisei e li muitas receitas e sempre acabei por fazer cada uma. Foi assim que aprendi.

- Incrível! Se você continuar na carreira vai ser perfeito para ti.

- Com certeza, mas acho que não chegaria ao seu nível Dona Angela.

- Ah, obrigada. Mas saiba que você tem talento, e apoio. - Mamãe informou a ele. - Enfim, a noite está boa, porém prometi a sua mãe que iria te levar às nove.

Yuri apenas assentiu e se levantou, cumprimentou Vitor como se fossem velhos amigos e chegou até mim com o beijo no rosto. Senti toda aquela sensação voltando após isto, sou tão apaixonada por ele que não sabia conter meus sentimentos, muito menos o que fazer quando estava no mesmo lugar. Vi sua saída depois de se despedir da minha mãe na porta da frente e foi como se o ar estivesse esfriando apenas agora.

- E a carta? Vamos ler!- Dizia Vitor curioso enquanto eu retornava para a sala.

- Não! Vai que tem algo mais íntimo de alguém.

- E quem você conhece que te mandaria uma carta assim?

- Como você é chato. - Revirei os olhos e corri para buscar a carta no meu quarto. Arrumando alguns amassados, olhei bem para ela e seu exterior não indicava de quem poderia ser o remetente daquela correspondência. Analisei melhor e sua embalagem continha alguns brilhos dourado enquanto seu papel era branco. Difícil saber aonde encontraram um papel assim nessa cidade. Eu conheço todas as papelarias daqui e nunca havia visto esse tipo de folha.

Eu só sei que esse papel não é daqui depois de ser obrigada a olhar todas as papelaria com Vitor atrás de um lápis de super herói que quando criança, ele tanto queria. A carta dizia assim:

"Só sabe como é valiosa uma flor, aquele que sente o seu perfume.

Me encontre amanhã no CoffeBook, naquela mesa, depois da aula.

Att J.T."

Naquela mesa? A primeiro momento pensei em todos do grupo que fizeram o trabalho comigo. Mas isso não faria sentido, já que Yuri amanhã estaria longe dessa pequena cidade e não poderia ser Vitor e bem de longe a Isa. Não reconheci as inicias, não havia ninguém com elas em nossa turma.

- Olha ela. Vai ter encontro com um admirador secreto.- Disse Vitor em um tom misterioso.

- Você acha mesmo que eu vou?- Disse. - E se for um sequestrador?

- Não precisa ter medo, eu acompanho você. - Vitor insistiu.

- Não acho que seja seguro...

- Eu não vou sentar na sua mesa, posso apenas olhar de longe. Confia Diana, te protejo.

Encarei meu melhor amigo que estava contente com essa ideia. Sair para ver alguém de iniciais desconhecidas era realmente arriscado para uma garota nova como eu, a companhia de Vitor mesmo que de longe tornará mais seguro.

Eu sabia que poderia contar com ele.

O Perfume De DianaOnde histórias criam vida. Descubra agora