Capítulo Dez

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VICKY

Em uma agradável sexta-feira onde o caos reinou no escritório, tive de passar em casa para trocar de roupa antes de encontrar Travis. Não trocamos sequer uma ligação após o último encontro, apenas uma mensagem rápida onde ele perguntava se nos encontraríamos no local marcado e eu respondia que sim.

Tomei um banho rápido e coloquei um vestido azul claro com quadradinhos brancos. Era simples, de alças e uma jaqueta jeans por cima. Mamãe entrou em meu quarto enquanto eu colocava um pouco de maquiagem no rosto, algo atípico para mim, analisando cada detalhe de minha aparência e olhando ao redor com interesse redobrado.

Algo ela buscava, logo concluí.

— Está tudo bem, mãe? — Questionei passando batom vermelho nos lábios. Ela me olhava através do espelho com o semblante confuso.

— Porque tinha uma das peças intimas indecentes da sua irmã aqui no seu quarto, Victorya?

A pergunta me fez travar por um momento. Voltei-me para ela, sabendo que naquele mesmo instante eu usava a tal "peça intima indecente" por baixo do vestido e do casaco.

— Porque tenho o mesmo corpo da cliente e ela me pediu para provar — Menti, vendo-a me analisar minunciosamente — Porque mãe?

— Pensei que era sua. Levei um susto quando vi aquilo aqui — Soou aliviada.

— E se fosse? Sou de maior, qual problema em usar uma das peças que minha irmã desenha?

— Uma moça decente como você jamais teria interesse em algo tão vulgar, minha filha — Mamãe me encarava com os olhos azuis cintilando, como se soubesse ler através de mim — Você não é como seus irmãos... É pura e boa.

— Mãe, por favor... — Ela me cortou.

— Seu noivo disse que chega em um mês. Está empolgada? Imagino que sim!

— Claro mãe. Muito empolgada! — Reuni minha bolsa sobre a cama e a coloquei no ombro — Mas não sou melhor do que meus irmãos por ser um pouco diferente deles. Por ter um noivo rico... Isso não me faz melhor do que ninguém!

— Você não é promiscua, Victorya. Jamais será como eles!

— E se eu for, mãe? A senhora me cobra tanto a perfeição que sequer consegui conhecer o mundo, conhecer um homem... Como pode saber que não sou?

— O que está dizendo, menina?

— Que posso usar um lingerie como as que Valery desenha! Que posso gostar de um homem que não seja o noivo ideal apontado por você! Que tenho direito de transar antes de me casar porque vivo em um país onde as mulheres são livres e casar virgem é retrógrado, ultrapassado! — Os lábios dela se separaram em indignação. Valery entrou em meu quarto ao ouvir meus gritos no corredor e parou atrás de mamãe — Não sou uma boneca, mãe! Não sou obrigada a satisfazer seus caprichos para provar ao mundo que você é a mãe que não falhou!

— Victorya, você está tomada pelas forças malignas que sua irmã trouxe quando voltou para essa casa! — Fez o sinal da cruz — Minha pequena Vicky jamais diria tamanhas heresias!

— Vicky é uma mulher como qualquer outra. Não é uma santa! — Valery disse debochada e revirando os olhos — Ela só quer viver!

— A culpa é sua! — Mamãe gritou com Val — Você coloca caraminholas na cabeça da minha menina, você e o depravado do seu irmão!

— Tudo bem! É claro que a culpa é minha!

Os gritos começaram e tapei os ouvidos, saindo pelas escadas enquanto mamãe e Valery se atracavam em uma discussão interminável! Papai chegava enquanto eu saia. Chamou meu nome, mas entrei em meu carro e dirigi ainda desnorteada em direção ao hotel.

Victorya Secret: As lições do Prazer (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora