Inesperado

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*Ana*

Decidi liberar a Auta Gracia dos afazeres da noite e saio em busca de lanches para que pudemos conversar mais tranquilamente.

O caminho é regado de pensamentos. Penso nos meus filhos. No dia em que conheci a Mariana. Ela com aquela música que de inicio, considerei brega no momento do parto, toda a sua preocupação em trazer a Regina ao mundo em um ambiente de paz. Enquanto eu só queria tirar uma foto bonita com minha família, com a mais nova integrante. Tudo para alimentar a curiosidade e admiração dos ricos que me rodeavam e que não me importava nem um pouco, mas me importava com as aparências. Mal sabiamos nós que tudo iria mudar dali em diante. A dor que senti ao saber que minha filha havia sido trocada na maternidade, a revolta por saber quem era a outra mãe da minha filha. Se ela queria paz, foi a última coisa que tivemos.

Pensando em tudo hoje, talvez não mudasse nada. Ganhei uma melhor amiga e duas filhas lindas. Dói só em pensar de me afastar da Mariana e da Regina. Meus olhos inundam e trato de deixar de lado esses devaneios.

Entro nos portões da minha casa e logo noto o carro estacionado, Mariana já deve ter chegado...

*Mariana*

Cheguei a casa da Ana e logo me pus a brincar com nossas filhas. Estavam sentadinhas na sala de estar ouvindo Auta Gracia contar uma história num livrinho só com desenhos, lindas. Registro a cena e logo junto-me a elas, dispensando a governanta da casa. Antes de sair, ela comunica que a Ceci e o Rô sairam a passeio com o namorado da Ceci. Meus planos de conversar com eles foram por água abaixo.

Percebo as meninas já sonolentas e com a demora da Ana, subo e ponho-as para dormir. Ao voltar a sala, fico a pensar em tudo novamente. Desde que a conheci até onde estamos hoje. Estou preocupada com o teor da conversa.

De repente vejo-a abrir a porta e entrar vindo em minha direção com algumas sacolas em mãos, avisa que vai guarda-las e logo se juntaria a mim. Vai até a cozinha para deixa-las e ao voltar noto-a me olhando diferente. Depois disso, tudo foi tão aleatório que não consegui processar ou questionar o porque daquela atitude.

Ela vem ate meu lado do sofá e antes de sentar já inclina-se tomando meus lábios nos seus de forma ávida e cheia de luxuria. Joga seu corpo por cima do meu deitando-me no sofá "Desejei tanto isso hoje" fala mordendo suavemente meus lábios e eu somente sabia arfar. Perdi a capacidade da fala, esqueci qual era minha língua materna, esqueci até quem era eu.

Nessa altura, uma das suas pernas ficou entre as minhas, meu vestido que antes era longo agora está no meio das minhas coxas. Seu quadril está colado ao meu enquanto apoia-se apenas com um dos seus cotovelos. Em momento algum abandonou a minha boca, quando o fez, começou a sugar meu pescoço de forma lenta e forte, dando leves mordidas que me arrepiavam inteira, comecei a respirar ainda mais pesado, instintivamente segurei sua nuca com ambas as mãos puxando-a mais para mim. Era loucura o que estava acontecendo. E eu estava amando, estava ansiando por mais.

Gemi, sem querer, baixinho o seu nome, e a ouvi responder-me com um gemido igual, intensificando o beijo e aumentando a fricção entre nossos corpos enquanto dizia-me que estava linda aquela noite. Ela levanta um pouco uma das minhas pernas e começa a apertar, intercalando entre apertos fortes e suaves.
Meu quadril começou a ter vida própria e  comecei, involuntariamente, rebolar na sua perna que pressionava minha intimidade. Ela geme um pouco mais alto e de repente vai suavizando os toques. Ela beija meus lábios agora de forma carinhosa, tento aprofundar novamente o beijo mas ela não permite, dando-me uma série de selinhos e sussurra de forma quase inaudível

-Tem alguém nos observando- sorri, selando nossos lábios pela última vez.

Quê?- Estou visivelmente confusa e sussurrando igual. Ela senta-se de forma agil e em passos largos, quase correndo, parte sentido a cozinha me deixando ali confusa e ainda em chamas pelo que tinha acontecido.

*Ana*

Eu ainda estava atordoada com tudo aquilo, sentia uma forte pressão no meio das minhas pernas mas precisei reunir forças e levantar, rumando para a cozinha. Antes mesmo que ele conseguisse pensar.

Ao me notar se aproximando, esbarra em um vazo que se estilhaça pelo chão.

JUAN CARLOS??- Grito enquanto vejo-o por a mão na boca e me olhar espantado- Você estava nos bisbilhotando?

-Ana... Éé.. Ana eu não...

A quanto tempo está aí?- Finjo que não sabia. Ao estacionar o carro vi uma silhueta conhecida escondendo-se por trás de pequenos arbustos próximo a entrada dos fundos da nossa cozinha. Não estava acreditando que agora o Juan iria ficar nos vigiando.

-Eu só havia chegado e ia beber água e.. E, ana, me desculpa!! -Fala ainda nervoso temendo uma reação pior.

Coloquei a cara mais desconfiada que poderia ter.

-É sério Juan? Quero saber o que minha advogada dirá ao saber que além de ter voltado depois que foi embora, agora está vigiando minha vida pessoal!

Nesse momento, Mariana chega próximo a mim. Os cabelos desgrenhados, os lábios levemente inchados, olhando nos confusa. Ela estava tão... sexy. Falou nervosamente que ia nos deixar a sós mas logo a impedi. Segurei-a por seu braço e a trouxe para que ficasse a minha frente, a abracei por trás, o que me fez notar algo que até então nunca havia reparado: Seu corpo se encaixava perfeitamente ao meu. Ela é um pouco mais baixa que eu, mas por estar usando salto, dava-se a impressão que a diferença era muito maior, pus meu queixo sobre seus ombros e fitei o meu ex marido.

-Juan, entendo que está sendo difícil para todos. Mas você não pode simplesmente nos perseguir. Estou feliz com a Mariana, já conversei com você sobre não mais ver retorno para o nosso casamento. Eu a amo e espero que você respeite isso, não vou admitir que você fique na nossa cola dessa forma.

Dói ser insensível dessa forma, mas era a única maneira de fazê-lo acreditar. De fazer com que parece de nos observar do contrário, logo descobriram que esse envolvimento é só fachada. Vejo-o cabisbaixo. Isso me dói, me dói mesmo. Mas toda essa guerra começou por causa dele.

-Desculpem-me, vou subir para o quarto de hóspedes. Nao quero ser invasivo e nem impecilho. Ana...?

-Sim? -Aperto a Mariana em meus braços buscando um refúgio, algum apoio, e só então reparo que ela estava segurando minhas mãos que estavam sobre sua barriga. E me senti bem com isso.

-Me desculpa. -Ele diz enquanto me olha pela última vez antes de subir as escadas para o quarto em que ficava antes de vir morar aqui novamente.

Não larguei a Mariana. Até ela se pronunciar

-Ana... Não esperava por isso tudo, quando você o viu? O que aconteceu?

Rio levemente e pego suas mãos subindo as escadas para irmos ver as nenéns.

-Hoje você irá dormir aqui..

-Mas..

-Sem mais, mocinha. Pode se trocar no meu quarto. A olho gentilmente e ela saí sem protestar. A Mariana aceitar algo que peço de primeira é um verdadeiro milagre, ainda me supreende ela não ter surtado e feit...

-ANA!!!!

Demorou, corro em direção ao meu quarto pensando no que poderia ter acontecido, ao entrar no banheiro noto a Mariana com uma cara nada boa.

-É sério, ana???

A olho sem entender. -Mariana do que você tá falan...

Quando vira em minha direção ela junta seus cabelos e mostra seu pescoço... Talvez eu agora deva não só a explicação de como vi o juan Carlos nos vigiando, mas também as marcas visíveis mapeando todo seu pescoço. Acabo rindo da sua cara de preocupação e corro antes de ser acertada por um vidro de shampoo.


La farsa- Madre Solo Hay DosOnde histórias criam vida. Descubra agora