Capítulo 3

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𝐉𝐎𝐄 𝐆𝐎𝐋𝐃𝐁𝐄𝐑𝐆.

Eu tinha real esperanças de você simplesmente me ignorar e esquecer que tinha esbarrado em alguém. Porém, não...

- Joe, o que faz aqui? - Fala me abraçando e eu congelo.

- É, hm. Eu tenho um amigo que não estava bem e eu cobri o turno dele. Mas vou voltar para casa agora que ele chegou. - penso em sair correndo, mas teria de explicar depois.

- Foi bom te ver! - vi ela dizer alto, já que eu segui andando rápido para fora do estabelecimento.

Burro, Joe. Muito burro. É claro que em algum momento, eu esbarraria com ela.

Ela estava linda e eu mal pude dizer o quanto eu achei isso.

Agora andava pelas ruas sujas de Nova York. A cidade que seria dos sonhos, era uma podridão imensa. O planeta era único e ainda faziam o favor de descuidar dele.

Apesar das grandes e inúmeras árvores, um cheiro estranho ainda era dominante nas calçadas dessa cidade.

Penso em você no caminho, Ellie. Você é tão quieta mas ao mesmo tempo, confiante. Isso faz de você uma incógnita para mim, pretendo entender mais sobre você quando estivermos jantando juntos. Tenho que de tomar coragem para te chamar para isso, primeiramente, é claro. Mas não vai demorar, eu vou reunir os pingos de vergonha na cara que me restam e vou te chamar para um jantar. Ou qualquer coisa que envolva sair com você, seja de boliche até andar pelo central park, eu topo tudo.

Gostaria de saber mais sobre a incógnita que você é. Quais suas flores preferidas, qual perfume você usa, o que queria ser quando criança, se você prefere encontros a luz do dia ou a calada da noite... Tantas perguntas que gostaria de te fazer, conhecer mais sobre a pessoa tão bonita que você é por fora... saber se você é assim também, por dentro.

- Paco? - perguntei ao ver o garoto sentado em frente a porta do meu apartamento, assim que cheguei em casa.

- Joe... Minha mãe, ela brigou de novo com o Ron. - explicou com os olhos marejados.

- Ela está bem? - toquei seus dois ombros, tentando o confortar.

- Sim. Eles terminaram porque ela descobriu que ele traiu ela. - finalmente, era perceptível a um bom tempo.

- Ela se livrou, Paco. Vai ficar tudo bem. - abracei ele.

Meu celular vibrou em meu bolso, afastei-me um pouco dele, para poder ver a notificação que chegou.

"@ellie9ratch_ seguiu você"

Ela me pesquisou no Instagram? Ou apareci em seus recomendados? Prefiro acreditar que você me procurou depois de hoje mais cedo.

- Está tudo bem? - Paco franze o cenho.

- Tudo. Só notificações sem importância. - na realidade, muita importância, já que é sua.

- Bom, vou ver a minha mãe. Tchau, Joe. - sorriu meio e acenou, adentrando o apartamento vizinho.

Ele é um bom garoto e não merece passar por esse drama todo que Ron faz na sua família. Espero que ele suma de vez ou eu terei de fazer isso, sozinho.

- Droga. - murmurei, franzindo o cenho e abrindo a boca em negação. Esqueci de ir ao mercado hoje. Apenas umas cebolas e maionese estavam presentes na geladeira.

Pego minhas chaves, tranco o apartamento e saio prédio a fora.

O clima fresco me faz arrepender de não ter pego ao menos um casaco fino. Tanto faz, nada que não consigo suportar.

O caminho até o mercadinho mais próximo é tranquilo. Talvez pelo fato de eu ser conhecido na região como cara legal. Ninguém mexeria comigo.

Adentrei o estabelecimento que era revistido por cores fracas em tom de azul. Comprimentei a Sr. Linwey com um sorriso e um abaixar de cabeça rápido. Atrás de algo para passar alguns dias.

- Joe? - mas é tanta coincidência que eu diria que você estava me stalkeando na realidade, Ellie.

- Oi, Ellie. - sorri, mas parei ao perceber seu semblante triste. - O que aconteceu?

- Ah... Nada. - limpou uma lágrima, que logo eram tantas que não conseguiria mais limpar no mesmo ritmo.

Não sei o que fazer diante a você chorando. Não sei o motivo. E não sei porque está nesse mercado tão longe de casa a esse horário.

- Ei... Fala comigo. - pedi abraçando ela de leve, não sei também, se ela recusaria meu abraço.

- É patético. Eu... Eu gosto daqui. Tem uns iogurtes que eu gosto de tomar quando eu me sinto triste. - explicou. - Meu namorado me traiu.

E você tinha um? Eu nem sabia. Não sabia da existência dele e agora que sei, quero matá-lo. Como pôde... Ou melhor, como ele ousou fazer você chorar?

- Eu não sei o que dizer... - mordi o interior da bochecha apreensivo.

- Não tem muito o que dizer. - riu sem humor.

- Você quer ir lá em casa? - perguntei sem pensar. - Tipo, ver um filme ou conversar, você parece como alguém que precisa desabafar e eu sou um ombro amigo. - sorri de leve e ela também.

- Claro, Joe. - e nós continuamos nossas compras juntos.

Compramos o que desejávamos e saímos juntos até minha casa. Comprei os ingredientes de uma lasanha para fazer a ela. Aproveitei o caminho para lhe fazer algumas das perguntas que quero, as que estão no alcance da nossa intimidade atual.

- Hm, margaridas e eu acho que queria ser muitas coisas... Mas principalmente, policial. - sorriu.

- Policial? - seria engraçado de ver uma pequena pessoa como ela, trabalhando em um emprego desses.

- Prender todos e tudo que eu puder. - torceu o nariz, brincando e sorrindo. Ela é tão linda.

- Você é tão linda. - pensei alto demais e me arrependi.

- Obrigado, acho que faz tempo que não me elogiam assim... Você também é muito bonito, Joe. - como poderiam não elogiar essa beleza tão única e preciosa? E ela ainda me chamou de bonito, hoje eu durmo feliz.

- É aqui. - abri a porta para ela passar. Quando ela passou, pude sentir seu perfume amanteigado e já soube a resposta da minha segunda pergunta. Nem precisei ao menos fazê-la. Chanel Coco era sua marca que usava no instante. Extremamente caro, ao meu ver. Mas ela podia.

- Eu gostei. - ela disse assim que se sentou no meu sofá. Passando suas mãos pelo tecido.

- A vontade. - deixei ela ali e fui preparar a sua lasanha de consolo pelo namorado babaca. Que inclusive, eu vou achar.

𝐓𝐑𝐔𝐒𝐓, 𝒋𝒐𝒆 𝒈𝒐𝒍𝒅𝒃𝒆𝒓𝒈.Onde histórias criam vida. Descubra agora