Conhecendo os meninos

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Ponto de vista: Ariana 

Sento-me na enorme cama de casal que ocupa o centro do meu quarto e encaro a montanha de malas à minha frente. 

Ariana: Acho que essas malas estão boas. Vai ser só um mês, afinal. 

Meu avô lança um olhar hesitante em minha direção, coça a nuca e suspira antes de falar: 

Vovô: Querida, você está levando seis malas… Não acha que é um pouco exagero? 

Ariana: Claro que não, vovô! Duas são para roupas, uma para sapatos, outra para maquiagem, mais uma para acessórios e a última tem meus materiais de costura e meu caderno de desenhos! — explico, apontando para cada uma. 

Vovô: Vou sentir sua falta, minha querida. — Ele sorri, de um modo tão terno que meu coração aperta, e abre os braços para me envolver em um abraço. — O avião está pronto. Sua irmã vai te buscar no aeroporto… E me ligue todos os dias, está bem, minha menina? 

Ariana: Pode deixar, vovô. Te amo! — Dou um beijo em sua bochecha antes de me afastar. 

Três seguranças pegam minhas malas, e eu sigo até o carro que espera em frente à mansão. Antes de entrar, volto-me para olhar mais uma vez para aquela imponente construção, minha casa desde os dez anos. 

Mudei-me para Paris com o sonho de me tornar estilista, e, como meu avô é o atual dono da Dior — depois que Christian Dior faleceu, Yves Saint Laurent assumiu a marca, mas logo saiu para criar a sua própria, deixando meu avô no comando —, meus pais me enviaram para lá. Assim, pude aprender os meandros do mundo da moda desde cedo. 

Mal percebo a passagem do tempo, e já estamos no aeroporto. O carro para ao lado do jatinho particular do meu avô. Serão longas doze horas de viagem. Durmo, desenho, costuro, leio… E, enfim, aterrissamos em São Paulo. 

Desço do avião e olho ao redor. Nenhum carro à vista. Valéria teria se esquecido de mim? 

Segurança: Senhorita Ariana, por favor, me acompanhe. 

O segurança me conduz até a ala comercial do aeroporto. O que estou fazendo aqui? Não ando de voos comerciais desde… bem, na verdade, nunca andei. Paramos em frente a um carro amarelo, pequeno e meio duvidoso. 

"Até parece que vou entrar nessa lataria." 

A porta se abre, e um homem sai de dentro. 

Dinho: Oi, eu sou o Dinho! 

Ariana: Você é… meu novo segurança? 

Dinho: Não, sou o namorado da sua irmã. — Ele fala com uma voz rouca, como se fosse um fumante inveterado. 

Olho para ele com expressão desconfiada, quase esperando que uma câmera apareça de repente, revelando que tudo não passa de uma pegadinha. 

Dinho: Não vai entrar? — Ele aponta para o carro. 

Ariana: Nisso? 

Dinho: É… A não ser que prefira ir a pé. — Ele sorri, com um tom claramente provocativo. 

Respiro fundo e aceito as condições precárias que me foram impostas. Fico parada, esperando que alguém abra a porta para mim — detesto tocar em carros, sempre me parecem sujos. 

 𝐎 𝐉𝐚𝐩𝐨𝐧ê𝐬 𝐞 𝐞𝐮 - 𝐁𝐞𝐧𝐭𝐨 𝐇𝐢𝐧𝐨𝐭𝐨Onde histórias criam vida. Descubra agora