𝙋𝙝𝙖𝙣𝙩𝙤𝙢 𝙍𝙚𝙜𝙧𝙚𝙩

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Pov Ariana
Ainda com os olhos fechados, raios de luz invadem minha íris. Minha cabeça parece estar mergulhada em formol, sinto queimar meus miolos e entranhas. Estou desacordada, mas consciente. Consigo perceber as movimentações ao meu redor, mas não escuto nada e não me mexo, era como uma paralisia do sono, só que ao em vez de ver o monstro eu o sentia.

Quando meu olfato começa a voltar meu nariz arde como fogo, estou inalando fumaça. Lembro-me de ler em algum lugar que se o pulmão tiver contato com fumaça preta a pessoa pode morrer ou ficar sequelada, preciso arrumar um jeito de sair daqui. Sinto algo triscar em meu braço, será que é o Bento? Não, ele estava na parte da frente, mas também há a possibilidade da batida ter sido muito forte e eu ter sido arremessada para frente.

Não sei qual é o meu estado, posso estar com todos os ossos quebrados, o que me tornaria imóvel, prefiro pensar positivo nessa situação. Um forte zumbido penetra meus ouvidos, parecia um inseto irritante, o som se alastra e passa a ser uma tortura escutá-lo. Meu olfato parece voltar a funcionar de modo que consigo sentir o cheiro fortíssimo de gasolina, o barulho que me incomodava para por um curto espaço de tempo e logo vejo através de minha pálpebra raios branco-amarelo iluminarem a escuridão. Um calor insuportável se alastra pelo meu corpo e em um milésimo de segundo, tudo acaba.

O céu é para aqueles que abandonaram o arrependimento
E você precisa esperar aqui enquanto ainda não chega lá por completo
Mas você pode estar lá no final dessa canção
Lá onde The Weeknd é tão bom que toca a semana toda.
- Phantom Regret By Jim;
The Weeknd

A2

Estávamos reunidos no estacionamento reservado para os artistas, Samuel e Bento queriam passar em casa para pegar não sei o que, o problema é que os dois já estavam meio bêbados, e como dispensamos os motoristas não dava para nenhum dos dois irem dirigindo. 

— Mano, o que vocês querem? Lá já vai ter tudo! - Dinho argumenta.

— Cara, relaxa, vão indo na frente e depois nós alcançamos vocês. - Bento rebate.

Eu estava com um mal pressentimento, eu também bebi algumas taças de champanhe, mas nada de mais.

— Eu vou com vocês, mais seguro eu dirigir. - Pego a chave das mãos do meu noivo, sem dar tempo para um dos dois falar algo. Entro no carro e giro a chave. — Vocês vem? - Coloco minha cabeça para fora da janela.

Hinoto e Reoli adentram a Mclaren prateada.

— Tomem cuidado vocês três, iremos guardar os lugares. - Júlio de fato era o "pai" do grupo. Mando um beijinho para ele e dou partida.
Bento cutuca o painel tentando achar o botão do rádio, quanto que ele bebeu? Prefiro nem perguntar, sei que foi bastante. Quando consegue ligar " Presente de um Beija Flor", dos Natiruts, começa a tocar.

Os dois cantavam alto, era até engraçado ouvi-los embolar a letra. A rua estava tranquila, já são mais de duas da manhã de uma quarta feira, apenas poucos carros nos acompanhavam ali.

"Beija-flor que trouxe meu amor
Voou e foi embora
Olha só como é lindo meu amor
Estou feliz agora." cantarolo ainda focada na rua.

Ligo a seta, dando sinal de virar para a esquerda, afim de entrar na rua de nossa casa, mas quando começo a curva dois carros nos trancam. Tudo foi tão rápido, graças à Deus não batemos, mas agora estamos encurralados. Tendo dar ré mas o carro não me obedece, que porra.

— Tranca as portas, Ariana! - Bento quase grita.

Faço o que ele pediu e continuo tentando ir para trás. Duas pessoas saem do Toyota preto à minha frente, e três do Audi ao meu lado. Engato a marcha e piso no acelerador, que se foda o carro.

 𝐎 𝐉𝐚𝐩𝐨𝐧ê𝐬 𝐞 𝐞𝐮 - 𝐁𝐞𝐧𝐭𝐨 𝐇𝐢𝐧𝐨𝐭𝐨Onde histórias criam vida. Descubra agora