MOTIVOS | L7NNON |

21.

Jesus, minha boca está seca. 

Parece que esqueci o gosto da água.

Você já sentiu sua boca tão seca que sua língua gruda no céu da boca? Pois é, eu mal consigo engolir.

Minha cabeça parece eu fiquei cinco horas seguidas com ela contra alguma parede.

Muito bem, Catarina, medalha de ouro para você.

Começo a tarefa de tentar abrir os olhos, e parece que tem uma fita segurando os dois olhos de tão pesados que estão.

Eu só quero água, eu juro que beberia um galão de água em segundos.

Eu consigo finalmente abrir meus olhos, fazendo uma careta para a luz que parece me dar um soco no rosto e eu gemo tentando me concentrar na figura borrada ao meu lado.

Mesmo com a minha visão turva, começo a ver claramente Lennon sentado na cama ao meu lado; me encarando com as pernas cruzadas e o celular na mão.

"Por favor não grita comigo" Seu rosto está congelado com uma expressão cautelosa como se eu fosse explodir a qualquer segundo, ele parece que está absolutamente se cagando – mas já com um sorrisinho bobo no rosto.

Eu tusso para limpar o sono da minha voz e resmungo. "Tá tudo bem, não vou surtar de novo, eu lembro de você aqui"

Eu aperto meus olhos fechados para parar a ardência da luz brilhante no quarto, tentando resgatar as memórias na minha cabeça.

Não tem memória nenhuma.

Não me lembro de sair do bar, nem me lembro de entrar na minha casa. Não sei por que o Lennon foi me buscar, mas só me lembro dele do meu lado enquanto eu vomitava minhas tripas no banheiro e me ajudava a escovar os dentes.

Meu Deus, ele tirou minha calça.

Eu gemo alto de vergonha e enterro meu rosto no travesseiro.

Pelo amor de Deus, Catarina...

Lembro vagamente de ter falado pra ele dormir aqui, e só isso já me deixa com ansiedade.

Obviamente foi o álcool – Antes de te derrubar, ele te humilha.

Sinto a mão de Lennon esfregar minhas costas, e sua voz parece mais relaxada agora. "E aí, como você tá?"

"Eu quero morrer" Eu resmungo abafado no travesseiro, me perguntando se posso me sufocar para não ter que sofrer com essa ressaca e vergonha misturada.

"Quer um pouco de água?" Ele pergunta enquanto sua grande mão sobe para arrastar meu cabelo para o lado e eu aceno contra o travesseiro.

"Tem um copo de água aí do seu lado" Ele me dá um tapinha nas costas, rindo pra si mesmo enquanto me observa lutar para rolar e sentar na cama.

Isso exigiu toda a energia que eu não tenho.

Eu olho para o copo d'água na mesinha do lado da cama e olho para Lennon, que ainda está sentado olhando pra mim. Eu levanto meus olhos quando percebo que analisei demais seus braços e abdômen, e ele levanta uma sobrancelha acusadora para mim.

"Você trouxe água?" Eu pergunto limpando minha garganta, me certificando de manter meus olhos no seu rosto.

O contato visual está fazendo meu estômago se revirar, mas não é nada comparado ao soco que parecia ter esmagado meus órgãos quando fiquei secando ele sem querer.

Não tenho certeza de como agir em relação a isso, e eu noto ele propositalmente decidir não trazer à tona o fato de que ele me pegou olhando e, em vez disso, ele balança a cabeça, passando os dedos pelo seu cabelo cacheado.