Forgotten Memories - LOKI

Capítulo 3 - AUTOCONTROLE

          —É bom estar de volta. —Loki diz, dando um sorriso malicioso logo em seguida. Thor finge limpar um pigarro na garganta e Loki revira os olhos. —Também gostaria de... pedir minhas sinceras desculpas pelo que aconteceu. —seu tom era claramente sarcástico, parecia difícil para ele dizer aquilo. —Felizmente meu pai, Odin, ele... — seu olhar parou sobre mim, e ele parou de falar. Novamente aquela sensação de deja vú tomou conta de mim assim que seu olhar se encontrou com o meu. Sinto uma pontada no peito e todo o meu corpo se arrepia, então desvio o olhar e fecho os olhos ao sentir minha cabeça latejar. Essa sensação foi esquisita, ainda mais forte do que quando vi Thor pela primeira vez. Olho em sua direção novamente e ele estava ali, com a boca levemente aberta, sem desviar o olhar nem terminar o que estava dizendo. 
         Tento manter uma expressão ameaçadora, abrindo minhas mãos com meus poderes aparentes. O que é que ele está fazendo? Está tentando me intimidar?
          Thor dá um passo, ficando na frente de Loki, cortando aquele contato visual direto. Sinto um alívio, estava me sentindo ameaçada pelo olhar de Loki.
          —Odin deu mais uma chance à Loki; mesmo que ele não estivesse merecendo. —Thor eleva a voz e olha na direção de seu irmão. —Como eu disse, a condição de sua liberdade será proteger a raça humana.
          Um breve silêncio tomou conta do lugar, nem mesmo os grilos ousavam se pronunciar naquele momento. Nick Fury deu um passo, ficando de frente para Loki.
          —Quer dizer que a partir de agora você está do nosso lado. —Fury diz, erguendo a cabeça enquanto encarava Loki, mantendo suas mãos cruzadas para trás de seu corpo.
          —Parece que sim. — ele responde, encarando-o de volta. Houve mais um momento de silêncio, então Nick ergueu sua mão esquerda, sinalizando para todos relaxarem. Só então pude perceber que haviam milhares de soldados apontando suas armas na direção de Loki a nossa volta, nos telhados, nos andares da base, onde quer que eu olhasse eu encontrava mais deles. Todos abaixaram as armas, inclusive nós que estávamos próximos baixamos a guarda. Observo que Tony também relaxa, então recolho meus poderes e cruzo os braços. Então, Tony abre a máscara de seu traje, se aproximando de Loki.
          —É bom que esteja mesmo, chifrudo. Se sequer pensar em nos trair, —ele aponta o dedo para Loki, ficando um pouco de lado. —você não vai voltar para o espaço e ficar de "castigo", não. Dessa vez vai direto para o inferno, e eu vou estar lá para garantir isso. Você não é um homem, você é apenas um maníaco simples e eu não tenho medo de você. —Loki encara o seu dedo com as sobrancelhas arqueadas, voltando o olhar para Stark. Pude ver sua mandíbula se flexionar e antes que ele pudesse responder, Tony fechou a máscara e alçou voo, ficando metros acima de nós.
          —Bom, Thor. —Nick diz após um minuto de silêncio. —Você sabe o que fazer. Os demais podem retornar ao que estavam fazendo. —Nick pede, se retirando do local. Ele realmente não se intimidava, nem mesmo perante um deus. Thor apenas assentiu e pôs sua mão nas costas de Loki, o direcionando. Antes de sair andando, trocou olhares comigo novamente, então seguiu seu caminho.
          Todos os observamos sair andando, então nos encaramos e Capitão se aproximou.
          —Quero que todos vocês prestem atenção em tudo o que este homem fizer. —ele começa, colocando uma das mãos na cintura e aponta na direção de Loki, que estava sendo empurrado por seu irmão. —Ele é perigoso e é conhecido como o deus da trapaça. Thor está aqui mas pode ficar cego pelo seu amor, pode se enganar facilmente. Isso não acontecerá com nenhum de nós. —ele diz olhando nos olhos de cada um. —Não fiquem sozinhos perto dele, e tomem conta de seus companheiros. — então assentimos com a cabeça e ele nos libera.
          Lá em cima, posso ver que Tony me olhava. O encarei por um segundo e me viro para entrar na base, acompanhando Natasha.

          —O que foi aquilo? —ela pergunta, olhando para o meu rosto. Estranho essa pergunta e a encaro de volta.
          —O que exatamente?
          —Loki. —ela vira os olhos e para na minha frente, me fazendo olhar diretamente para ela. Nat era um pouco mais alta que eu, então tenho que inclinar um pouco a cabeça. —Lá fora, ele ficou te encarando e você surtou um pouquinho.
          —Ah, aquilo? —pergunto fingindo que não estava me lembrando do que foi. —Tenho certeza de que ele estava apenas tentando me intimidar. Não se preocupe. —ela não parece acreditar, então eu volto a andar e ela vem ao meu lado. —E eu estava apenas posicionada caso acontecesse alguma coisa, assim como todo mundo.
          —Foi estranho. —ela insiste.
          —Ele é estranho, Nat. —respiro fundo. —Além de ser ótimo em enganar os outros, ele fez coisas horríveis. Não vou me sentir confortável com ele aqui.
          —Parecia que ele estava confuso... — ela continua, ignorando tudo o que eu disse. —E Loki nunca agiu assim. —ela para no corredor cruzado, me encarando como se estivesse me analisando e paro de frente para ela. —Tome cuidado. —e então ela vira no corredor, me deixando ali sozinha, pensando no que aconteceu.
          Realmente não foi normal. Todas aquelas sensações... O seu olhar... não foram coisas da minha cabeça, afinal a Nat reparou também. Não sei explicar.

          Dou de ombros e volto para o refeitório, pegando meu prato que já estava frio. Suspiro e sento para voltar a comer.
          —Você não precisa comer isso frio. —me assusto ao ouvir Tony, encostado em uma das mesas de braços cruzados. Já estava sem armadura, usando um óculos retro. —Nós temos um incrível aparelho tecnológico capaz de esquentar comida... chama-se micro-ondas. Você devia experimentar. 
          —Eu prefiro o modo tradicional, não sou fã de tecnologia. Talvez um fogão... —brinco e ele dá um sorriso, virando a cadeira que estava a minha frente e se senta, cruzando os braços nas costas da cadeira.
          —Bom, eu não vim até aqui para discutir sobre eletrodomésticos. —ele sorri, mas logo toma uma expressão séria. —Quero que fique com isso, 24 horas por dia, todos os dias, sem excessão... você entendeu. —ele estica sua mão direita, então estico a minha por baixo da dele e sinto um objeto pequeno cair na palma de minha mão. Era um relógio digital pequeno e preto, bem simples, mas não devia ser só aquilo.
          —Eu preciso saber as horas...? —pergunto cutucando o aparelho com o meu dedo, que acendeu com uma luz branca quando eu falei.
          —Parece um relógio, mas é para sua segurança. —ele suspira. —Não posso ficar tranquilo enquanto uma ameaça viva está entre nós. Caso você precise de ajuda a qualquer momento, se acontecer qualquer coisa, se precisar de qualquer coisa... é só você acionar o Jarvis. Ele irá te direcionar para uma linha direta comigo, ou com qualquer outra pessoa que desejar. Não é detectado, funciona via satélite... —ele faz uma pausa, enquanto eu prendia o "relógio" no meu pulso. —Não ache que estou querendo te espionar, eu só-
          —Obrigada, Tony. —corto sua explicação, dando um sorriso enquanto volto a olhar para ele. —Eu sei que está cuidando de mim, como sempre têm feito.