Povs Maya
Momentos mais tarde, Anki me fez ir escolher as nossas roupas para o meu aniversário que já chegava... Foi chato, mas pelo menos a Noah estava comigo.
Agradeço muito por ter uma amiga como ela. Mesmo que tenhamos nos afastado nos últimos meses, ainda gosto muito dela. Sinto que sua companhia é verdadeira e sem interesses.
Estranhamente Anki pediu para que o motorista levasse Noah sozinha para a casa depois que terminamos de escolher nossas coisas.
- Onde a gente vai? – Perguntei confusa.
- Quero te levar em um lugar hoje. Vou te dar seu presente de aniversário antecipado. – Diz ela com muita animação.
- Olha, a senhora sabe que eu não gosto muito de presentes, e...
- Você vai amar muito esse! – Me interrompeu ela pegando na minha mão.
Fomos com outro carro até um lugar bem afastado onde pegamos um jato. Caralho... Agora sim eu estava perdida.
Por que tínhamos que pegar um jato? O que ela quer me mostrar tanto assim?
Seja lá o que for, tenho que andar logo, ainda tenho o jantar com Martin.
Depois de uns 40 minutos, o jato começou a pousar e de longe consegui ver apenas uma coisa...
A bandeira da Noruega.
O que estávamos fazendo na Noruega? Tínhamos comprado tudo o que ia precisar pro meu aniversário, não tinha necessidade disso.
Eu odeio esse lugar...
- Anki, eu não gosto daqui. O que a gente veio fazer na Noruega? Olha, se for pra encontrar o tal regente lá, vou avisando que não boto meus pés pra fora daqui! – Protesto. Não, a última coisa que quero ver é o... Kyrre.
- Não é nada disso, fica calma. – Anki diz em resposta. – Jajá você vai ver do que se trata, meu bem.
Logo depois o jato parou completamente e acabei saindo de dentro por conta da insistência da Anki. Não sei como ela consegue me convencer tanto assim.
Quando botei meus pés para fora, dei de cara com algo que fez meu mundo parar. Não, aquilo não podia ser real.
De longe pude vê-lo... Com seus cabelos bem penteados, seu terno preto e milhares de homens à sua volta como sempre.
- Papai... – Disse baixo sentindo minha pressão corporal cair de uma hora pra outra.
Naquele momento corri. Corri com toda a velocidade que o meu corpo tinha. Só precisava sentir meu pai pra ver se era real.
Quando nossos corpos se chocaram um com o outro, minhas pernas amoleceram e naquele momento ele me segurou.
- Pai. – Disse em prantos enquanto apertava o terno dele com minhas mãos.
Ele me correspondeu com força.
- Eu estou aqui agora meu amor. – Escuto pela primeira vez sua voz.
Aquilo foi reconfortante.
Ficamos ali por bastante tempo, mas não importava quanto tempo passasse, só não queria sair dali.
Até que fomos interrompidos por Anki.
- Oi Habner... – Disse ela sem jeito.
- Oi. – Respondeu papai sem muita alegria. – Obrigado por ter trazido ela aqui como combinamos.
- Não foi nada. – Diz ela um pouco sem jeito.
Aquilo foi estranho...
- Vou sair um pouco meu bem, se cuida. Mais tarde volto para irmos embora. – Diz ela para mim mas nem presto atenção. O conforto do abraço do meu pai era melhor que qualquer palavra dela.
Passado algum tempo, papai e eu nos separamos e entramos no jato dele.
Nos sentamos cada um em uma poltrona virados um para o outro e ele segurou minhas mãos.
- Senti tanto a sua falta, querida... – Diz ele me olhando nos olhos. – Não aguentava mais ficar sem saber de você.
- Eu também, pai. – Respondi sentindo mais uma vez lágrimas escorrerem pelo meu rosto. – Não entendo o porque de termos que ficar longe.
- Tudo isso é muito complicado May, mais fica calma, logo vou te levar pra casa...
- Logo? Como assim logo? – Pergunto não entendendo. – Você não veio me buscar?
- Filha...
- Eu não acredito nisso, Pai. Você não tá vendo tudo o que eu tô passando? Poxa, o que está acontecendo com você? – Começo a ficar com raiva e me levanto. – Primeiro você me manda pra Suécia do nada, depois ignora minhas ligações, me deixa nas mãos de desconhecidos e ainda por cima fica mentindo pra mim?
- Maya, calma? Tudo tem um motivo. Eu não posso tirar você de lá. E os seus estudos meu amor? – Que cara de pau... Ainda quer se justificar?
- Estudos? Sério isso? – Questiono secando meu rosto. – PARA DE MENTIRAS, PAI! Meu Deus! Como que você pensa em estudos? Aquele Bergling odeia você e desconta tudo em mim... O QUE VOCÊ FEZ PRA ELE? POR QUE ELE TEM TANTO ÓDIO DE VOCÊ, PAI?
Me descontrolo e acabo gritando.
- Eu não mereço isso... Essa briga não é minha... – completo agora mais calma.
- Eu não queria... – Diz ele chorando. – Você acha que foi fácil pra mim ter que te tirar de casa do nada? EU NÃO TIVE ESCOLHA!
- ENTÃO ME FALA O PORQUÊ! – Grito de volta me aproximando dele.
- Ele me obrigou... – Papai fala segurando meus braços. – Tim Bergling me ameaçou dizendo que te mataria se eu não deixasse.
Maya off
Povs autor
Naquele momento Maya sentiu como se estivesse acabado de levar um soco. O que seu pai estava falando? Por que aquilo?
- Não era pra contar isso pra você desse jeito, mas agora não tem volta. – Completava Habner já decidido em contar tudo. – Há uns meses, eu tinha acabado de chegar do Senado, estava cansado, mas ainda tinha algumas coisas pra resolver. Quando entrei no meu escritório, encontrei Tim Bergling sentado na minha poltrona. Ele me ameaçou, disse que se eu não a deixasse ir, ele mesmo iria vir te buscar. Ele ameaçou você de morte, Maya. Eu não tive escolha.
Maya dá alguns passos para trás e sente seus olhos derramarem mais e mais lágrimas. Mas chorar pra quê? No fundo ela sabia que Tim era capaz disso, e de muito mais.
Mas ela não queria acreditar naquilo... Seu coração agora pertencia a Tim, ela o amava muito. E uma pessoa apaixonada não vê o que realmente o seu amado pode fazer. O amor é cego.
Naquele mesmo instante Maya saiu de dentro do jato desolada, e, assim que pisou os pés na pista, viu de longe alguém que ela não esperava ver ali.
Então ela correu. Precisava sair dali o quanto antes.
- Maya, espera minha filha! – Habner tenta contato com Maya mas ela simplesmente o ignora.
Então ela se aproxima do rapaz que ela viu de longe e quando ele estava prestes à entrar em um outro jato, a mesma grita:
- ALAN!
O loiro escuta e logo procura o local de onde a voz saía. Quando seus olhos se chocaram com Maya ali, ele não entendeu muito bem.
- Hva er det, Alan? (O que foi, Alan?) – Perguntava Kyrre o fitando de dentro de seu jato. Ambos os noruegueses estavam prestes à viajar para a Capital Oslo.
- Vent litt, sir, jeg tror det har skjedd en uforutsett hendelse. (Espere um pouco, senhor. Acho que surgiu um imprevisto.) – Respondeu ele saindo das escadarias do veículo aéreo e indo até o encontro de Maya.
Ela o abraça muito forte.
- O que você está fazendo aqui, May? – Pergunta ele sem entender nada. – E por que você está chorando?
- Eu preciso sair daqui... Te conto tudo no caminho, mas agora só me tira daqui. – Pede ela não aguentando mais.
- Maya...
Antes que Alan terminasse de falar, Kyrre pede para que Myles fosse ver o que ele estava fazendo.
- Ele está lá fora com a Maya, senhor. – Responde Myles para Kyrre.
- Que Maya? A Maya do Avicii? – Pergunta ele confuso.
- Ela mesma. – Confirma o outro rapaz.
Kyrre sai de dentro do jato na mesma hora para confirmar com seus próprios olhos.
- Por favor Alan? – Implorava Maya.
- O que está acontecendo aqui? – Pergunta o norueguês interrompendo.
- Senhor, peço sua permissão para levar a Maya para a casa do Tim. – Pede ele com toda a calma do mundo.
-E o que aconteceu? – Kyrre questiona chegando mais perto de Maya e Alan. – O que você está fazendo aqui, garota? O Bergling sabe disso?
- Depois ela explica, agora podemos só sair logo daqui? Kyrre, eu levo ela até Stockholm, depois nos encontramos em Oslo.
- Não. Vão você e o Myles para Oslo, ele vai me representar hoje. Tenho coisas para fazer em Stockholm. – Diz Kyrre decidido. Mas como ele e Alan conversavam em norueguês, Maya não entendia nada.
Alan respirou fundo.
- Ok. – Aceitou. Aliás não tinha muito o que fazer.
Maya não entendeu o que aconteceu, mas quando Alan começou a caminhar até o jato, sua ficha caiu.
- Alan? – Chamou ela pelo rapaz indo atrás dele.
- Espera. – Kyrre a interrompeu segurando seu braço.
No começo foi difícil para Maya aceitar que Kyrre a levaria, mas depois não teve outra, os dois foram juntos.
No meio do caminho ele exigiu que ela contasse tudo o que tinha acontecido.
- E foi isso. – Maya terminava de contar secando os olhos. – Mas não acho que meu pai esteja falando a verdade.
- É a verdade. – Kyrre confirma. – Tudo o que seu pai disse é verdade.
- E como você sabe? – A mesma questiona.
- Tim e eu crescemos juntos, sei disso e de muito mais. Além do mais foi o próprio que me contou.
Maya não tinha saída. Naquele momento Tim tinha acabado de perder todo o avanço que tinha conseguido com ela.
- Olha, Maya, sei que você e eu não temos muita ligação. Mas saiba que lamento daquele dia que te levei embora na marra. – Kyrre tentava se desculpar. – Vou te levar até a casa do Tim, mas peço só uma coisa em troca.
- O que?
- Que você se esqueça de tudo que aconteceu hoje, é para o seu próprio bem. Se não você se dá mal, o seu pai e a Anki também. – Propõe Kyrre.
- Eu sei disso. Não ia contar pra ninguém. Conheço bem o Tim e sei do ódio que ele tem pelo meu pai. – Maya fala fitando o chão.
Depois então o jato reserva de Kyrre pousou em solo sueco, o mesmo levou Maya até seu destino e depois foi resolver o que tinha que resolver.
Depois do que ela conversou com ele, até que a má impressão que a mesma nutria por Kyrre deu uma trégua, mas isso logo passará e seu ódio aumentará o dobro.
Ela chegou em casa, foi direto para o quarto tomar um banho, depois se vestiu (nada muito exagerado), ajeitou os cabelos e desceu.
Martin já a esperava.
Ele estranhou a alteração dela.
- Tudo bem, Maya? – Perguntou Martin confuso.
- Sim. Vamos logo. – Respondeu Maya o olhando nos olhos.
Os mesmos saíram.
O caminho foi tranquilo, Martin optou em levar Maya em uma lanchonete para evitar confusões.
- Eu não sabia que tinha Burger King na Suécia. – Falou Maya confusa.
- Na Suécia tem de tudo. – Respondeu Martin saindo do carro e abrindo a porta para ela.
- Uau. – Fingiu uma falsa surpresa.
Os mesmos foram até a mesa reservada e pediram seus lanches.
- Sobre o que vamos conversar? – Questionou ele.
- Ah, não sei. – Maya deu ombros. – Por que não me conta como foi sua infância?
- É... – Martin fita o chão. – Bem, vim para a Suécia com 2 anos, eu acho. Não me lembro de muita coisa, só que eu cresci aqui. Se Sonny não tivesse me dito que não nasci na Suécia, nunca saberia.
- Você não parece ter nascido nos Países Baixos, tem cara de ser americano. – Brincou Maya.
Martin riu.
- Mas as vezes tenho sonhos estranhos com umas pessoas, acho que eram meus pais. – Completa ele. – Sempre o mesmo sonho... Uma mulher loira muito bonita brincando comigo e estendendo os braços pra me pegar no colo.
- Mulher loira? – Maya pergunta confusa.
- Sim, por que?
- Nada... É que a minha mãe também era loira. Toda vez que me falam de alguma mulher loira, sempre lembro da minha mãe. – Fala a mesma sem graça.
- Sua mãe morreu em um acidente de carro, né? – Perguntou Martin.
- Quando ainda estava grávida de mim.
- Eu lamento muito por isso. – O mesmo tenta consolá-la.
- Tudo bem. Faz muito tempo. – Diz ela.
- Mas e então? Final de semana agora você já faz 18 anos... Como se sente?
- Pra falar a verdade, não queria festa. Odeio aniversários. – Maya diz respirando fundo. – Ainda mais porque esse vai ser o primeiro sem meu pai.
- Você tem que agradecer, eu nunca tive nenhuma festa de aniversário com pais. As únicas pessoas que se lembravam de mim e compravam um bolo no meu aniversário eram o Sonny e Alan. Depois dos nossos 18 anos, comemorávamos nossos aniversários em boates com mulheres.
- Pelo menos eles realmente são seus amigos, isso eu nunca tive. – Maya fala apoiando a cabeça na mesa.
- Nós crescemos como irmãos, Maya. É diferente. Sei que ter o Alan e até o Sonny é legal, mas daria tudo para ter um abraço dos meus pais no meu aniversário.
- Mas falando em Sonny... Você tem notícias dele? – Questiona Maya voltando a olhar para o loiro.
Martin não sabia o que falar.
- O Sonny voltou para o Afeganistão. – Foram as únicas coisas que vieram na cabeça do mesmo, e foi exatamente isso que ele disse.
- Ah, entendo. – Maya exclama soltando um ar pesado.
Sonny fazia falta.
- Seus pedidos, senhores. – Diz um garçom colocando os pedidos de Maya e Martin na mesa. – Mais alguma coisa?
- Não, obrigado(a)! – Maya e Martin falam juntos e depois acabam rindo.
Os dois ficaram um bom tempo conversando, tanto que quando Maya foi para casa já se passavam das 11 horas da noite.
Em casa, Anki estava preocupada com Maya. Quando ela chegou, Maya não estava mais lá, e Habner estava desesperado sem saber para onde ela tinha ido.
Para Habner não foi fácil falar a verdade, ainda mais porque ele sabia que Tim podia fazer algo de mal para Maya agora.
E não, ele não queria ter a dor de perder outro filho para a família Bergling...
Continua nessa porra?...
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Filhos do tráfico
RomansaUma história de amor e ódio envolvendo dois casais problemáticos.