Desabafos de um Border e FTM

Tempo escuro

O tempo tá fechado,
meu punho também.

O céu está chovendo,
meus olhos também.

O mundo tá um caos,
e minha mente também!

Porra, tá tudo de cabeça pra baixo,
eu não entendo.
Tá tudo andando ao contrário,
eu não entendo.

Eu tô dormindo acordado,
enlouquecendo.
Tô sonhando dopado,
me corroendo.

Nada tá fácil,
tô querendo fugir,
parar de fingir,
parar de sumir,
aceitar que caí.

Tô me reerguendo, nessa nova guerra,
nessa nova era, o mundo me espera,
minha mente não cessa, meu sangue só ferve,
o ódio me consome e eu aqui inerte.

"1, 2, 3 cadernos preenchidos com as rimas mais sórdidas que cê já tem ouvido''

Meu corpo não aguenta mais tanto castigo,
eu tô querendo encarar,
e peitar o perigo,
enfrentar de vez esse falso inimigo,
que no fim das contas é só b.o comigo...

Cansado da autosabotagem, aprendendo aos poucos,
começando a enxergar sabotagem dos outros,
tentam me ferir, tentam me cercar,
mas como sempre aqui, tô pronto pra atirar,
não troca comigo, cê não sai inteiro,
armado de lírica e pensamentos em peso.

Não queira conhecer uma mente doente, que já cansou do'cês, do mundo, de gente.

Não sei mais por quantos dias adio meu auto dia-gnostico.

São tantos dias, tanto tempo, toda noite é motivo de sangrar, noites me remetem morte. Incrível é que eu amo a noite, mas ela me mata aos poucos e eu sinto.

Todas as noites eu me conheço mais, eu me preocupo mais, eu esqueço mais de coisas tão banais que um dia foram significantes.

Dias não são tão claros, noites são tão escuras....
quantos dias ao dia tive que me matar?
e em quantas noites sorri como nunca?

O escuro não me assusta, o vazio sim. Mesmo que faça parte de mim, por tantos anos..

A mordaça sobre minha boca já retirei. E ela só volta quando eu permito... infelizmente.
Minha voz precisa ser ouvida, mas as vezes nem tanto, seria horrível se me ouvissem. (Horrível pra eles)

É, tá tudo bem fodido.
Meu braço arde, minha alma também.
Minha pele sangra, meus olhos também.
O céu nesse momento chora, e eu ando chovendo.

Névoa de ódio me persegue, quantos ainda estão guardados?
quero me permitir viver, mas não posso ignorar o passado.

Luk47