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— Quê? Quê que você falou? – Harry gaguejou vendo Malfoy ofegar irritado. Ele sem dúvidas, tinha perdido o controle e estava odiando toda aquela situação agora.

— Não se finge de surdo.. – ele endireitou a mochila nas costas e virou-se pra sair antes de sentir uma mão em seu braço. — O que foi agora?

Harry se aproximou sem dizer nada e juntou seus lábios rapidamente, era um beijo grosseiro, mas cheio de necessidade, de desejo, de saudades, raiva e medo, sentimentos que ainda eram desconhecidos pra ambos. Sentimentos que todos vinham tentando alerta-lo desde o início.

Ele realmente gostava de Malfoy. 

Com a mão na nuca do loiro, Harry o guiou até a parede enquanto deixava que uma de suas mãos explorasse o corpo do outro. Malfoy gemeu contra o toque e depois de alguns minutos, o afastou, desviando o olhar do moreno.

— Eu preciso ir. – disse com a voz rouca e Harry engoliu seco.

— Você não pode... Não depois disso aqui. Nós... Nós precisamos conversar.

— Eu não queria ter feito isso. Eu preferia morrer a ter de admitir essa droga de sentimento. – Harry sorriu de lado — Ta rindo de quê, idiota?

— De você. Todo durão, mas que se derreteu em vergonha por ter se declarado pra mim.

— Potter, não enche. Me deixa sair desse vestiário.. – Harry pôs uma mão segurando a porta enquanto o loiro suspirava.

— Nós precisamos resolver isso, você não pode simplesmente dizer que gosta de mim e ir embora.

— Claro que posso! Admitir tudo isso foi bobagem.. Você já tem alguém.

— Até quando vai tocar nessa tecla?! O Cedrico é meu primo..

— A Luna me contou a verdade, não vem com esse papo de primo.. Desde quando primos se beijam de língua? – Harry revirou os olhos.

— Você observou muita coisa, hein, Malfoy? Olha, o Cedrico e eu não temos nada, na verdade, ele tem tentado achar um jeito de você assumir há semanas.

— Isso é ridículo. Eu não preciso de ninguém pra.. – Malfoy parou de falar e bufou consigo mesmo — Eu preciso ir. – disse e então deu as costas deixando Harry imóvel e confuso no vestiário masculino.

°°°


— E então, vai dizer o que aconteceu ou precisaremos descobrir sozinhos outra vez? – Luna disse depois de não ter a presença de Harry na lanchonete em que iriam e acabou levando os amigos para a casa do mesmo. 

Lily e James nunca se espantavam pela casa cheia, adoravam os amigos de seu filho, e apesar de o terem visto chegar cabisbaixo, deixaram-no quieto ate que o próprio viesse conversar.

— Ao menos, disse porque agiu como idiota? – Blaise questionou.

— Ele disse que gostava de mim.

O silêncio se instalou no quarto e se encarando, os amigos pareciam procurar as palavras certas pra dizer. Embora soubessem que nada viria.

— Malfoy gostando de alguém? Isso é algum tipo de piada? – Rony disse por fim levando um tapa da sua irmã — Au! O que foi? Eu menti por acaso?

— Para de ser idiota, Ron. – a ruiva deu de ombros e encarou o amigo — Que mais ele disse, Harry?

— Ele te pediu em namoro? Já estão namorando? – Pánsy disse eufórico — O que ele disse depois? Anda, Harry, deixa de cu doce. – o moreno riu.

— Ele não disse nada – admitiu por fim — Ele disse que precisava ir embora e que não queria tocar naquele assunto. – os amigos se entreolharam.

— Qual o problema do seu irmão? – Cedrico indagou encarando Luna que mordeu o lábio pensativa. Ela sabia que Draco agia como louco as vezes, mas pela primeira vez em anos ela achou que o veria fazer a coisa certa.

Ao menos uma vez.

— Ele deve ta surpreso consigo mesmo – Hermione disse acariciando os cabelos do melhor amigo — Nós ficamos, oras. Bom, claro que saber que Malfoy gosta de alguém é muito mais espantoso do que apenas "ele ter transado com o Harry" – os amigos riram — Mas gente, estamos falando do Malfoy.

— Eu vou falar com ele. – Luna disse com a voz baixa —Vamos dar um tempo pra ele...

— E pro Harry. Ele também parece confuso agora – Blaise disse analisando o outro.

 — Todos precisam de um tempo, gente. E claro, de uma boa conversa, algo que não seja o pau na boca um do outro, ou uma declaração fajuta em vestiário masculino.

— Um dia a Pansy aprende a não ser tão desbocada – Hermione disse vendo a morena rir dando de ombros — Mas o Blaise tá certo. Acho melhor irmos embora – disse por fim, levantando da cama — O Harry precisa ficar sozinho, descansar. – ela acariciou o rosto do outro — Se precisar de algo, nos ligue. – ele assentiu recebendo um beijo na bochecha.

Cedrico os acompanhou até a porta e assim que fechou, suspirou frustrado antes de se jogar contra o sofá, tendo a companhia de James em seguida. Seu pai tinha ido à casa dos Weasley e com certeza, só voltaria depois do jantar.

Ele não queria incomodar Harry, por um momento ele sentiu-se um completo idiota pelo que fez, a culpa o consumia e mesmo sem perguntar nada, James o abraçou por cima dos ombros enquanto ambos ficavam em silencio, olhando pro nada. Assim como o homem fazia com Harry. 

Era bom sentir-se em casa.

•.•• 𝕿𝖊𝖝𝖙𝖎𝖓𝖌 𝕯𝖗𝖆𝖗𝖗𝖞 ••.•Onde histórias criam vida. Descubra agora