Capítulo 3

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Minha mãe não disse mais nada sobre Sarah Andrade ser nossa hóspede. Aquilo era inacreditável e eu não poderia estar mais confusa e atordoada. Estávamos no carro de minha mãe que dirigia séria, prestando atenção na pista, mas as suas mãos apertavam bastante o volante me provando que ela estava extremamente nervosa pois seus dedos estavam brancos por isso.

Eu estava ao seu lado no passageiro e parecia ser a única que não entendia o que estava acontecendo, e ao mesmo tempo estava me sentindo eufórica pois aquela garota linda, estava silenciosamente sentada no banco traseiro. Ela estava atrás do meu banco e eu não conseguia vê-la pela visão periférica, mas ao olhar pelo retrovisor, eu notei que ela estava olhando apaixonadamente para as árvores que se passavam, assim como toda a natureza.

Ela não parecia com medo da minha mãe, talvez só um pouco assustada pelo fato de perder algo por ter feito alguma coisa errada e estava dando a última olhada em Riverdale, pois conforme passava o tempo, seu olhar trazia uma certa melancolia.

Minha mãe por sua vez, manteve aquele clima pesado no carro após dizer que só responderia as minhas perguntas em casa. Eu respirei fundo e foi o único som no carro, pois eu deixei as duas cientes de minha frustração. Foi nesse momento que Sarah me olhou pelo retrovisor. O vento balançava seus cabelos e eu achei tudo muito bonito, sorrindo para ela que retribuiu. O que eu estava fazendo?

Minha mãe pareceu perceber e limpou a garganta para chamar a minha atenção ao falar.

— O que acha de pegar algo para comermos no Pop's? — Como se nada tivesse acontecido.

— Por mim tudo bem. — Dei de ombros.

— O que acha disso, loira? — Minha mãe a olhou pelo retrovisor sem desmanchar a expressão séria.

Sarah ficou animada com a ideia, se aproximando de nós duas, ficando no meio do banco traseiro.

— Eu acho incrível! Escutei muitas pessoas comentando sobre estarem desejando o Pop's na escola. Eu espero que ele seja delicioso.

Eu quase engasguei ao ouvir aquilo e coloquei a mão na boca rapidamente para não rir. Minha mãe tentou segurar o riso contagiada pela minha reação e se adiantou.

— Querida, não iremos comer o Pop's, ok? Pop é o dono do lugar.

— Oh. — Ela pareceu entender. E eu não me controlei.

— De onde você veio, Sarah Andrade? — Virei um pouco para olhá-la e me arrependi amargamente, pois ela estava muito próxima e meu rosto ficou um tanto perto do seu. Minha respiração ficou presa de novo. Ela também pareceu ficar sem reação a minha proximidade, mas não saiu do lugar.

Eu não estava acostumada com aquela beleza. Ficando tensa automaticamente por pensar em tudo sobre aquele rosto, mas não conseguia tirar os olhos dela.

— Ela não está autorizada a responder isso. Certo? — Minha mãe perguntou mais para enfatizar. Ela quebrou nossa tensão e eu me virei rapidamente para frente e processei aquelas palavras dela. Autorizada? Deus, o que estava havendo ali?

— Certo. — Sarah apenas disse e se encostou no banco do carro continuando no meio dele, mas voltou a olhar para árvores que ficavam para trás como vultos. Ela parecia triste novamente e eu não gostei daquilo.

O restante do caminho foi tranquilo e em alguns minutos chegamos ao Pop's. Minha mãe olhou para mim quando paramos no estacionamento.

— Eu gostaria de Bloomin' Onion com creme e bacon e um chá gelado, filha. — Ela me passou o cartão já presumindo que eu teria que ir comprar. — Escolha algo para vocês. Mas nada de frituras, só eu posso pois estou muito estressada.

𝘾𝙧𝙚𝙚𝙥 𝘼𝙣𝙙 𝙒𝙚𝙞𝙧𝙙 • 𝙎𝙖𝙧𝙞𝙚𝙩𝙩𝙚 Onde histórias criam vida. Descubra agora