𝘾𝙧𝙚𝙚𝙥 𝘼𝙣𝙙 𝙒𝙚𝙞𝙧𝙙 • 𝙎𝙖𝙧𝙞𝙚𝙩𝙩𝙚

Capítulo 7

Eu não sei como sobrevivi, mas acho que ainda estava viva após passar horas na piscina com Sarah Andrade. Aquela garota era meu sonho de consumo e eu nem precisava esclarecer os motivos. Mas fora o motivo de ficar totalmente impressionada com tudo sobre ela, nos divertimos e Giu continuava nos provocando e rindo conosco de coisas aleatórias.

Falávamos sobre a escola, o que já aconteceu, como eram as festas e preparamos Sarah para ficar ciente de tudo naquela escola. Giulianna e Gilberto eram a dupla dinâmica "Giu e Gil" de alunos que sabiam de tudo, então era muito bom ser amiga dos dois. Depois de um tempo, Joan nos serviu o almoço ao ar livre. Perguntei de minha mãe, mas ela passou o recado de que minha mãe havia comido sozinha e já tinha pego a estrada, mas nos deixou um abraço e que voltaria logo. Giu e eu nos olhamos, pensando se havíamos sido descobertas.

Deixando as preocupações de lado, nos arrumamos rapidamente pois estávamos atrasadas para o salão. Giu colocou música alta no carro e ficou cantando animadamente todo o tempo e eu só colocava a mão na testa, pensando o que fiz para merecer aquilo. Sarah apenas sorria no banco de trás, mas se distraia muito olhando para o verde das árvores que passavam por nós, até que Giu diminuiu um pouco o volume e falou.

— Dá pra acreditar que faz exatamente duas semanas que vimos aquela louca bem aqui na estrada? — Giu perguntou para mim, chamando minha atenção.

— Que louca? — Sarah foi mais rápida, ligeiramente curiosa.

Eu a olhei pelo retrovisor e agora ela estava olhando para nós, mais atenta, meio posicionada para frente esperando Giu responder.

— Nós estávamos voltando pra casa tarde da noite e levamos o maior susto exatamente aqui. Tinha uma garota parada na estrada, tivemos que parar pra não passar por cima dela — Eu falei e continuei olhando-a pelo retrovisor. Vi seus olhos se apertarem e eu não soube interpretar aquela expressão.

— Foi muito louco. Ainda me pergunto quem era e o que aconteceu. Não sei se fico preocupada ou aliviada. — Giu falou passando a mão nos cabelos.

— Preocupada? — Sarah perguntou baixo.

— Sim, porque ela não parecia muito normal, sabe? E se ela estava fugindo de algo ou de algum embuste? Em Riverdale tem muitos loucos. — Giu estava focada na estrada.

Sarah olhou para baixo, tinha suas mãos unidas e brincou com seus dedos lentamente.

— Você tem razão, Giu. Mas na hora sentimos tanto medo que fomos embora. Na verdade, ela meio que fugiu, não foi? — Falei sem tirar os olhos da loira.

— Sim. — Giu falou e então deu uma risada. — E engraçado, Sarah. Ela também era loira, talvez os cabelos fossem maiores e lisos, mas eram assim como os seus.

Sarah levantou os olhos subitamente e eu senti um frio na espinha. Aqueles olhos sérios esverdeados com as pupilas dilatadas me passaram uma certa adrenalina, como se eu estivesse em perigo por Giu ter mencionado algo que não deveria ter sido descoberto. Sarah tinha muitas facetas, isso não era novidade e eu já havia notado algumas mudanças de humor, mas aquela faceta era arrepiante. Aquele olhar me preocupava. E eu fiquei tensa ao ouvir Giu continuar.

— Na verdade, isso aconteceu um dia antes de você aparecer na escola, Andrade. — Giu estava ligando pontos, mas ela estava brincando. Não era possível que estivesse certa. — Era você?

Sarah balançou a cabeça rapidamente e deu uma risada nervosa, olhando para os lados e se adiantou.

— Claro que não! Eu estive com Katy todo o tempo e chegamos aqui bem tarde. — Ela sorriu e respirou fundo.

— Eu estava brincando, Sah! Ou será que não? — Giu sorriu divertidamente, tranquilizando-a e voltou a olhar para a estrada.

Sarah pareceu gostar do apelido e sua expressão agora era contente. Mas eu continuei em silêncio. E se Giu estivesse certa? E se aquela fosse Sarah? Nós não vimos o rosto daquela garota. Ok, elas eram diferentes de alguma forma, mas também pareciam muito de outras formas. Muitas coisas não estavam fazendo sentido ultimamente e julgando pela sua reação, ela parecia bastante culpada e afetada. Talvez só ficou com medo de nos imaginar na presença de uma louca. Sarah esteve com minha mãe todo aquele tempo, elas realmente chegaram juntas pelo o que eu soube, mas minha mãe não era exatamente o que eu pensava que era e Sarah ainda era um mistério.