Capítulo 8

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A realidade é que não sei por quanto tempo fiquei deitada no chão, mas a minha vista estava ficando menos turva e eu já estava me sentindo um pouco melhor. Como eu disse, os efeitos não eram tão duradouros em mim como eu gostaria, mas naquele momento eu só queria estar cem por cento sóbria. Já que isso não poderia acontecer, eu já agradeci mentalmente por meu cérebro começar a funcionar um pouco melhor novamente e afastar qualquer reação psicodélica.

Aquilo era pra ser divertido, mas acabou virando um transtorno. Eu me sentia culpa e Sarah agora estava cada vez mais perdida com Amanda atrás de si. Comecei a me levantar e ouvi um grito, era Caio que me encontrava e vinha ao meu encontro, me ajudando a levantar com um olhar totalmente preocupado.

— Juh! O que aconteceu? — Ele estava sem ar.

— Eu estou bem. Aquela vaca da Amanda me derrubou. — Segurei na sua jaqueta e me posicionei bem em pé. Eu realmente estava melhor.

— Ela é uma vaca mesmo. Você se machucou? — Ele tentou ver se eu estava ferida.

— Não estou sentindo nada. Acho que estou bem, mas eu preciso achar a Sarah. Estou preocupada, ela sumiu e Amanda foi atrás. — Olhei em volta.

— Eu vou te ajudar, mas calma. Você precisa beber água. Espera um pouco! — Ele me soltou devagar e começou a correr em direção a uma grande mesa. Não demorou muito até ele voltar com um copo cheio de água. — Tome, beba tudo.

Eu fiz o que ele mandou, bebendo toda a água e agradeci silenciosamente por isso. Amassei o copo e joguei de canto, olhando para onde eu achava que Sarah havia ido, mas eu realmente não sabia.

— Caio, você pode procurar ela daquele lado e eu vejo desse? Não tenho certeza, mas não quero correr o risco de perder tempo procurando ela no lugar errado. — Eu o olhei apreensiva.

— É claro! Conta comigo. Sarah me tornou um cara cobiçado, eu devo a ela. — Ele disse com um sorriso fraco, sem deixar seu lado brincalhão de lado começou a se afastar.

— Nos encontramos aqui caso ache ela! — Falei alto para ele escutar e ele assentiu, correndo até as árvores e entrando com tranquilidade. Ele conhecia tudo ali e estava bem com isso.

Me virei e começou a ir na direção oposta, olhando para a escuridão no fundo das árvores, mas não me importei. A culpa era minha e eu precisava encontrar Sarah o quanto antes. Antes que Amanda bancasse a engraçadinha e a machucasse. Eu não suportava nem pensar, pois ela estava sob minha responsabilidade e eu fui uma idiota. Mas iria achá-la e Caio estava me ajudando. Eu comecei a adentrar a floresta, e aquilo estava mais frio do que antes.

Então eu coloquei as mãos em cada braço e fiquei acariciando, olhando para todos os lados enquanto ouvia os barulhos de galhos quebrando aos meus pés e de alguns animais noturnos e inofensivos. Eu estava atenta e estava ouvindo muito bem ainda. Eu acho que deveria começar a chamá-la, pois certos pontos estavam cada vez mais escuros e eu só conseguia enxergar pela claridade da lua acima de nós e pela iluminação da fogueira que se afastava cada vez mais. Então eu deveria tentar.

— Sarah? Você está por aqui? — Chamei mais alto, aguardando uma resposta.

Nada. Eu caminhei um pouco mais adiante, ouvindo alguns barulhos mas nada que parecesse humano. Até que eu comecei a me sentir estranha, como se estivesse sendo observada e perseguida. Parei e olhei para trás, não havia nada atrás de mim.

A sensação não sumiu de toda a forma e eu comecei a sentir minha respiração ficar ofegante e eu olhei para frente novamente, vendo a escuridão diante de mim.

— Sarah? — Minha voz saiu trêmula. E eu pude jurar que escutei uma risada muito baixa, fazendo todos os meus músculos travarem. Automaticamente, lembrei da garota de capuz da estrada, sentindo o medo corroendo minha pele e me deixando com o fôlego preso.

𝘾𝙧𝙚𝙚𝙥 𝘼𝙣𝙙 𝙒𝙚𝙞𝙧𝙙 • 𝙎𝙖𝙧𝙞𝙚𝙩𝙩𝙚 Onde histórias criam vida. Descubra agora