When we were Young - Romione

A Fuga

Boston

 – Hermione, você não é doida de fazer isso!! – O homem gritava no corredor, encarando a porta fechada e sua mala aberta, jogada de qualquer maneira no corredor.

– Pois já fiz! –  Ela gritou do outro lado, satisfeita em ter trocado a fechadura apenas minutos antes do ex-noivo chegar em casa. –  Eu avisei que a última vez seria a última, Comarco. Pegue as suas tralhas e suma daqui antes que te denuncie por tentativa de invasão de domicílio.

– Isso não vai ficar assim! – Ele gritou uma última ameaça e se foi, fazendo que Hermione, recostada na porta, deslizasse até o chão, colando os joelhos ao peito e rindo até que todas as forças fossem drenadas dela, e então, o riso se transformou em pranto.

Olhou para as marcas em seu braço, jurando a si mesma que seriam realmente as últimas. Já sofrera o suficiente em relacionamentos para permitir que fosse ferida de novo, fosse física ou sentimentalmente.

"Hermione, você não precisa se sujeitar a isso! Quem é ele perto de você? Ninguém! Se livra desse homem antes que seja tarde. Você sabe que a agressão física sucede a verbal..."

As palavras da amiga Luna, ditas tantos meses antes, ao ser chamada por ele de "vadia", ecoaram em sua mente.

– Eu te ouvi tarde demais, Luna. – Hermione resmungou, indo até o banheiro ver o estrago. Seus xampus caros escorriam pelo ralo, e os cacos de vidro haviam transformado o piso num perigoso campo minado.

Com cuidado, limpou uma parte do chão para que ela pudesse se observar no que sobrara do espelho. Se a rachadura do espelho era considerável, ela não era nada comparada a rachadura que Hermione carregaria para sempre dentro dela. O homem que deveria estar para sempre do seu lado era aquele que a manipulava, roubava seu dinheiro a fazendo acreditar que tinha perdido, o que ela havia acreditado até duas semanas antes, e aquele que a agredia quando as coisas saíam do controle.

Hermione voltou seu olhar para a pia e deixou o fio d'água da torneira caminhar para o ralo antes de parar as mãos e coletar água para lavar o rosto.

– Chega de chorar por você, McLaggen.

A morena se enterrou nas cobertas, sabendo que um longo dia a esperava no dia seguinte. Mas os pensamentos sobre os acontecimentos da tarde pipocavam em sua mente. Não importava o quão bem-sucedida fosse na vida profissional, a pessoal sempre havia sido uma sucessão de enganos, desencontros e decepções, gerando um enorme vazio dentro dela. Será que nunca seria capaz de encontrar alguém que viesse aumentar sua felicidade? Alguém que a amasse de verdade? Alguém que não a fizesse pensar que estava louca? Alguém que não usasse a violência no lugar do diálogo? Alguém que não a fizesse pensar que ninguém acreditaria nela se ela contasse as coisas que passava em casa com o namorado alcoólatra? Alguém com quem pudesse contar para formar uma família?

Doía saber que o único dos seus ex-namorados que realmente a amou igualmente de volta foi o que mais a machucou, quando se mudou para o outro lado do mundo deixando apenas uma carta de adeus. Agora a ferida já cicatrizara, já não havia mais aquela mágoa, apenas uma lembrança carinhosa, e onde quer que aquele ruivo estivesse, desejou que ele estivesse tendo mais sorte do que ela em encontrar a felicidade de forma genuína.

Ronald havia sido o primeiro e grande amor da morena. Mas isso tudo estava no passado. Assim como era passado as restrições do ex-noivo. Ela poderia finalmente ver Luna de novo e visitar os pais.

A perspectiva a tranquilizou, e apesar dos acontecimentos daquela tarde, foi com alívio que ela adormeceu.

...