A conversa honesta

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Era ele.

Só podia ser ele, é claro.

Tudo bem, ele estava bem mais magro, e agora usava barba, mas reconheceria aquela maneira de colocar o sax em qualquer lugar do mundo. Quantas vezes não havia assistido suas apresentações na escola ou nas serenatas que ele fazia em seu jardim? E também havia a voz, que embora mais grossa continuava marcante.

Mas por Deus... O que ele estaria fazendo ali depois de tantos anos?

A boca da morena se abrira, seus pelos se arrepiaram, e ela não sabia o que pensar ou sentir. Seus batimentos cardíacos estavam enlouquecidos, e na sua frente, Luna sacudia a mão na frente dela mas ela era incapaz de formular uma frase sequer.

Finalmente, Luna a beliscou, e Mione finalmente pareceu voltar a si.

– É ele, Luna.

– Sim, o ruivo bonito, e daí?

– Luna, você não o reconheceu?

– Reconhecer o saxofonista? Não, não conheço.

Mione deixou escapar uma risada de desespero.

– É o Ronald, meu ex!

Luna cuspiu a marguerita que tinha na boca.

– Não pode ser! Eu achei que ele tivesse do outro lado do mundo. Como tem certeza que é ele?

– Pelo amor de Deus, Luna, eu seria capaz de reconhecer aquelas mãos e aquele jeito de tocar sax em qualquer lugar do mundo, com qualquer quantidade de álcool no sangue.

– Você precisa falar com ele!

– Quê? Você tá louca?

– Não! Louca é você se perder essa chance. Hermione, você tem o direito de saber o que aconteceu!

Hermione levou as mãos ao cabelo, trêmula, e voltou a assistir a apresentação de Ronald.

A música estava terminando, mas ela supôs que ele cantaria outra a julgar pelos aplausos que recebia. Todos pareciam encantados com o jeito de tocar, e pela sua desenvoltura, já que Ronald deslizava pelo palco enquanto cantava, mudando a intensidade dos passos e giros de acordo com o ritmo da música.

Ele continuava talentoso, e, Hermione notou, ainda mais bonito.

– Hermione, sinto muito, tenho que ir.

– Que? Mas já!!

– Minha mãe me ligou. Anne acordou com febre, está chorando e chamando por mim. Vou pegar ela e levar pro hospital.

– Oh meu Deus, vamos...

– Não, você fica. Hermione, é a sua chance de esclarecer o que te perturba há mais de 15 anos. Não se preocupe com a Anne, criança adoece mesmo.

– Mas Luna...

– Sem mas. Você fica. E quero saber tudo depois.

– Me manda notícias!– ela disse aflita ao ver a amiga sair, ao que a loira apenas respondeu com um aceno.

Uma onda de ansiedade tomou conta da morena a medida que a segunda música se encaminhava para o fim.

Então, sem saber de onde veio o comando, ela se viu levantando e indo até a frente do palco. Finalmente, no último minuto da música, o que ela temia aconteceu. E ela soube imediatamente que aconteceu, pois as pupilas daqueles olhos azuis marcantes se dilataram ao encontrarem com as suas, e embora Ron continuasse a tocar, ele havia parado de se mover, olhando diretamente para ela.

When we were Young - Romione Onde histórias criam vida. Descubra agora