Capitulo 13

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Cinco anos antes

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Cinco anos antes

— Porra — sussurrou alto, batendo em sua testa logo após as palavras saírem de seus lábios. — Desculpa, desculpa. Eu não deveria falar essas coisas na sua frente, não é?

A bebê somente a encarou, os olhos castanhos grandes e brilhantes, como se estivesse pensando muito profundamente em como Nestha era uma má mãe, falando palavrões para seus pequenos ouvidinhos.

Os olhos azuis esquadrinharam Eleonora, ou melhor, Nora, como haviam apelidado. Ela estava ainda mais gordinha do que quando nasceu, tinha fios fofos de cabelos negros e uma concentração muito inabalável em Nestha, o que era compreensível, pois a mulher era o centro do mundo da bebê, a maneira pela qual ela se localizava.

— Ok, então agora não é mais só eu. É você e eu — disse baixinho, como se realmente estivesse em uma conversa séria e verdadeira com Nora.

Ser "só eu" sempre foi muito fácil. Nestha sabia bem como lidar com a solidão, uma vida mais quieta e calma. Na verdade, ela amava a calmaria. Céus, como amava. Sabia bem disso, mas agora, com Nora chorando implacavelmente todas as noites, o corpo todo de Nestha gritava por "silêncio!".

Se perguntassem seus planos para o futuro eles sempre seriam sobre isso, um bom emprego, morar em um lugar confortável e bonito, uma vida de leitura silenciosa. Porém, como a boa vadia que o karma sempre foi, seu lugar bonito tinha virado uma bagunça de coisas jogadas e espalhadas. Os livros não eram tocados há algum tempo e qualquer silêncio era impossível.

Ou Nora estava gritando por algum incômodo ou fome — provavelmente fome, pois ela parecia ter muito mais espaço do que a pequena barriguinha demonstrava —, ou Nestha estaria resmungando como uma massa chorosa pelos cantos, ainda sentindo dores.

Felizmente, suas irmãs estavam ali. Todas elas, as de sangue e aquelas de vida. Se não fosse essa ajuda talvez seu choro fosse o maior da casa. Mas, por alguma misericórdia do destino, ela ainda tinha aquelas pessoas. Pensar nisso fez seu olhar rolar para o canto da cama em que Nora estava, o telefone preto jogado ali.

Suspirou alto, não podia olhar para o aparelho muito tempo sem pensar em Cassian. Sem pensar em ligar para ele e pedir mil vezes ajuda. Talvez fosse mais fácil em dois, mas ela simplesmente não podia ceder. Era tarde demais, mesmo vendo ele todas as vezes que encarava Eleonora, como se sua culpa estivesse ali, escancarada, a encarando de volta.

Nestha acariciou a bochecha da bebê, que fechou os olhinhos como se quisesse dormir.

— Dorminhoca, poderia dormir de noite também. — Nestha riu, descendo o rosto para esfregar seu nariz na barriguinha dela.

Nora não se abalou com o ato, somente levantou seus pequenos braços para cima e soltou um longo bocejo, como se dissesse que tinha seus próprios horários e não poderia os mudar. A mãe riu do gracejo da filha, que agora abria os olhinhos sonolentos, ela não parecia mais tão disposta a dormir.

Between UsOnde histórias criam vida. Descubra agora