Crepúsculo - Bella and the Beast

38.Cervos

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Bella

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Estou de volta ao meu quintal, deitada na grama, sangue debaixo das unhas, Jasper não está aqui para me consolar pelos cervos que matei no caminho da minha sede.

Cravo meus dedos na neve tentando limpar inutilmente as provas do meu corpo, mas minhas roupas estão manchadas de vermelho intenso. Ouço o ronco do motor, com a rapidez de um gato me agacho atrás de um arbusto, tendo uma boa visão mesmo distante da minha casa, do meu lar.

Charlie desce do carro estacionado próximo a garagem, Billy não está com ele, uma mulher da reserva desce com um enorme sorriso roubando um beijo... Porque ele parece tão feliz?

Balanço a cabeça afastando a tolice, porque não estaria, passou anos sem a guarda de sua filha e agora de acordo com Edward eu estava na Flórida desprezando o clima frio de Forks.

Quando ele fecha a garagem e entra com a mulher para dentro sinto um aperto no peito, não parece notar a minha ausência... era isso. E agora mesmo a essa distância posso sentir o cheiro do sangue deles, estou faminta.

— Não vou fazer isso... não vou. — Aperto minhas mãos em meu rosto, com força suficiente pra machucar — Precisa se lembrar... de como era ser completamente humana.

Antes que eu perca o controle, fujo me escondendo nas sombras da densa floresta, está anoitecendo, flocos se agarram ao meu cabelo conforme os galhos arranham minha pele, na velocidade que vou é perigoso, ainda sou meio humana, mas não me importo.

Não tem ninguém pra culpar além de mim mesma, nas minhas mãos errantes encontrei o amor, tolamente me apaixonei por vampiros, monstros.

Esqueci o que já falei, como eu poderia desejar ser um deles quando ansiava por matar pessoas, se Jasper não tivesse me segurado eu teria matado e iria continuar até saciar minha fome.

Minha garganta arranha dolorosamente, quero mais... quero voltar para a casa de Charlie e morder sua nova amante, quero entender porque consigo sentir o cheiro de seu sangue, porque quero tanto matar, isso é errado.

Não posso voltar atrás, não posso desfazer-me dessa sede de sangue. O que sou agora? Sou alguém que não quero por perto. Estou caindo nessa maldição, agora posso entender Jasper... pensei tão pouco dele, ele era forte, muito forte.

Paro me aproximando da casa de vidro.

Posso entender sua sede, seu desespero, a cara de dor na escola, estou faminta. Apoio minhas mãos em um tronco de pinheiro, não hesito em subir fazendo meu caminho na árvore, cravando minhas unhas na madeira levemente molhada da neve.

No fim essa cidade vai se esquecer de mim, Charlie vai seguir em frente. Não posso ficar, não agora que sou uma deles... Não quando meu companheiro é meu único alivio verdadeiro.

Jasper se importa, disse que sentiu minha falta, ainda é difícil processar tudo que aconteceu entre a gente, todas as coisas não ditas.

Sei que penso demais sobre o que sinto, como meu coração bate assustado toda vez que ele sorri, como por um instante somos só nós dois contra o mundo e nada mais importa.

O que sou agora? Morta, viva.

Tenho a sensação que nada nunca mais vai voltar a ser o mesmo, estou me afogando nesse sentimento, em pensar que já desejei morrer por Edward. Apoio as mãos no galho me sentando, encosto as costas no tronco observando a neve cair, aqui de cima tudo parece tão perfeito e mesmo assim horripilante.