[ Luísa ]
Há uma hora eu estava parada ali, numa parte distante e quase deserta do estacionamento do hospital. O Sol havia nascido há pouco e eu continuava ali, parada olhando pro nada e com todo o acontecido de ontem rodando na minha mente.
" E a resposta veio, em um movimento certeiro atingindo em cheio meu rosto. Dou dois passos pra trás sentindo minhas pernas encostarem na cama, enquanto levo minha mãe até o local onde ele havia batido e agora queimava.
- Você é uma vagabunda mesmo! - vejo ele se aproximar de mim com um olhar furioso.
- Eugênio, eu não ... - mas não consigo dizer nada.
- Você acha mesmo que me engana? Você acha mesmo que eu sou tão idiota assim, Luísa?
- Do que você está falando?
- CALA A PORRA DA BOCA! - sinto meus braços serem segurados com força da mesma maneira que ele havia feito na última vez. - Você acha mesmo que eu não reparei desde o restaurante lá em Petrópolis quando ele foi atrás de você? - Sinto meu corpo ser chacoalhado.
- Você enlouqueceu isso sim! - falo tentando me soltar dele.
- Eu enlouqueci? Eu enlouqueci, Luísa? - ele me solta e é tão de supetão que caio na cama. - Vai me dizer que não se encontrou com ele em Petrópolis? Que não o viu lá? Vai? Diz pra mim que não sabia que ele estava lá, diz!!
- Você enloqueceu sim! Ele é apenas meu colega de trabalho e nada mais! E como eu poderia ter marcado com ele em Petrópolis? Eu nem sabia que você havia armado aquilo tudo lá! - pergunto tentando mostrar a razão pra ele.
- Agora eu entendi porque você ama morar naquele hospital! Porque dobra plantão sem reclamar! - ele dá um sorriso que me dá medo. - É POR CAUSA DELE!!!!! - E eu sinto meu corpo ser levantado da cama pelos braços, num aperto mais forte que o anterior, ele me sacode e em seguida me choca contra a parede do quarto. Eu estava encurralada entre ele e a parede e segura pelos braços.
- EUGÊNIO PARA!!!!
- Parar? - ele fala com o rosto próximo ao meu. - Você merece muito mais que um tapa Luísa! Muito mais! - eu sinto sua respiração perto demais, e meu braço já está dormente do seu aperto.
Fecho meus olhos esperando pelo pior, mas escuto seu celular tocar sobre a cama.
- Eu devia ficar aqui e te mostrar, como um marido cobra respeito da esposa! Mas uma mulher tão incapaz como você, não vale meu descontrole total! - Sinto meu corpo ser chocado uma última vez contra a parede, quando ele me empurra contra ela, finalmente libertando meus braços.
Abro os olhos com uma careta, a tempo de vê-lo rejeitar a ligação ao pegar o celular sobre a cama.
- Você não consegue nem me satisfazer, acha mesmo que vai dar conta de dois? - Ele fala cuspindo as palavras sobre mim e batendo a porta ao sair por ela. "
.
.Um sorriso.
Isso é o que eu tenho que manter no rosto após atravessar aquela porta hoje. A maquiagem já tratou de esconder o resto das marcas e no mais, eu espero estar lotada de pacientes.
É só isso que eu peço.
Eu preciso me distrair, eu preciso me manter ocupada e o mais importante... Eu preciso me manter longe de Pilar e Pedro.