[ Pedro ]Faz dois dias que ela não olha pra mim.
E eu tentei.
Como eu tentei.Eu não conseguia acreditar que aquela mulher linda por tantos motivos e dona de sí estava se sujeitando a viver de tal forma.
Aliás, por que ele estava tratando ela daquele jeito?
Essa é a única pergunta possível. Não culpá-la e sim questionar o comportamento dele.Um verme.
É isso que ele é.
Um maldito verme covarde.De certa forma eu me sinto perdido com tudo isso. Eu quero tirar Luísa dessa situação, mas ela não permite. Ela me distanciou desde que eu a vi cheia de hematomas. Por diversas vezes eu tentei contato, mas fui evitado de todas as maneiras possíveis.
Eu sei que eu devo respeitar a vontade dela. Mas não da! Eu não consigo estar longe sabendo que ela corre perigo. Quem bate uma vez bate sempre. E enquanto ela estiver ao lado dele, eu não ficarei em paz.
Por dois dias eu tentei falar com ela dentro do hospital, talvez seja esse o problema. Dentro do hospital ela sempre vai arrumar uma desculpa para me evitar, então eu vou tentar de outro jeito e tenho certeza que dessa vez vai dar certo.
Já estava perto do plantão dela acabar e eu havia ganho uma folga extra naquele dia. Eu entro com o meu carro no estacionamento e paro em uma das vagas.
- Agora é só esperar.
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.[ Luísa ]
Três dias me recuperando do horror que eu vivi na última noite em que eu estive com o Eugênio. As marcas pelo meu corpo ainda estão aparentes, a dor física passou. Me resta agora esquecer de cada palavra que ele me disse.
Pilar não desgrudou de mim nem por um minuto. Ora porque ela estava me sondando pra saber dele, ora porque eu pedia. Sempre que Pedro se aproximava de mim eu corria pra ela. Ele não tem culpa nenhuma do que aconteceu e justamente por isso eu quero mantê-lo afastado de mim. Pra não envolve-lo mais ainda, e garantir que Eugênio não pegue ele como alvo.
Eu não quero que Eugênio veja nele o problema do nosso relacionamento, o Pedro é totalmente isento de qualquer culpa. E eu queria Muito fazer com que ele entendesse isso, mas eu sei que isso seria praticamente impossível, então resolvi evitar qualquer contato.
Hoje, o que está martelando na minha cabeça é esse sumiço de Eugênio. Eu queria estar preparada para poder enfrentar ele e falar tudo o que eu queria e tudo o que eu precisava falar. Eu não queria ser pega de surpresa, mas pelo jeito terei que aguardar o seu retorno.
Chegado o fim do meu plantão eu pego minhas coisas, e procuro por Pilar pra irmos pra casa, mas ao chegar ao seu setor, descubro que ela ainda está em cirurgia e que deve demorar por pelo menos mais umas 2 horas, peço pra que avisem ela que estarei esperando no carro. A última coisa que eu queria era encontrar com Pedro no fim do plantão.
Pelo menos não ainda, não antes de resolver os meus problemas conjugais.
Vou em sentido ao elevador de serviço e desço direto para o estacionamento. Assim que as portas se abrem eu caminho em direção ao meu carro, sem nem olhar para trás.
Eu me distraio por alguns segundos ao mexer no meu celular, enquanto envio uma mensagem pra minha irmã, reforçando meu recado de lá de dentro. Apenas pego a chave do carro, destravo as portas para poder entrar e no momento em que eu coloco a mão na porta, um braço atravessa o meu me impedindo de abri-la.
- O que... - Eu começo a falar, mas paro ao ver Pedro ao meu lado, impedindo que eu entre no carro.
- Eu preciso conversar com você - Ele me encara com firmeza no olhar.