[ Eugênio ]
Me despeço de Luísa e fico aguardando que ela entre no Hospital, e assim que ela entra eu dou partida no carro e sigo em direção a clínica onde eu fiz os exames finais pra tirar o maior peso das minhas costas. Falei com Luísa que era um procedimento dentário, queria ter a certeza absoluta que o problema era com ela e não comigo antes de falar a verdade.
Após alguns anos casado com Luísa eu comecei a estranhar o fato dela nunca engravidar, mas ela sempre achou que tudo aconteceria no tempo certo. Já eu, estava cansado de esperar. Tudo o que eu sempre quis na vida era ser pai e essa demora estava me deixando frustrado.
E pra ajudar, meu casamento estava indo de mal a pior. Eu me tornei um homem inseguro e ciumento. E pensar na ideia de Luísa me deixar por qualquer motivo que seja, me deixa louco.
Mas isso não vai acontecer.
Não vai!Ela é minha esposa e minha até que a morte nos separe.
Eu passo o caminho inteiro ansioso e pensando no que estava me aguardando. Esse resultado mudaria para sempre a minha vida. Mesmo tendo certeza que eu não tenho problema algum, eu fico tenso, imaginando que tudo o que eu quero depende disso.
Se o problema não for comigo realmente é com Luísa, aí então vamos ter que sentar e ela terá que ceder ao que venho pensando há tempos já. Uma barriga de aluguel. Eu queria um filho, então eu teria um filho.
Com tantas paranóias, eu acabo chegando na clínica muito mais rápido do que eu imaginei. Estaciono o carro e subo rapidamente em busca das minhas respostas.
- Bom dia, eu sou Eugênio Barral, tenho uma consulta com a Dra. Justina de Castro - Olho a mulher a minha frente dos pés a cabeça.
Ela é maravilhosa.
Está num vestido preto, praticamente todo colado em seu corpo, realçando as curvas perfeitas.- Bom dia senhor Eugênio, a Dra. já chegou e está a sua espera - esboça um sorriso e faz sinal pra que eu siga até o consultório.
- Obrigada ... - Olho em seu crachá, para chamá-la pelo nome - Carolina. Tenha um dia tão lindo quanto você.
É, eu não deveria fazer isso. Mas eu sou homem e não sou cego. Ela é realmente maravilhosa e se eu não fosse casado, com certeza já teria pego o seu telefone.
- Com licença - Falo após bater na porta - Dra. Justina?
- Eugênio? Entre, por favor - Eu fecho a porta atrás de mim e sento no local indicado por ela - Então, o Dr. Roberto me enviou os seus exames e me explicou o seu caso.
- Sim, eu pedi a ele que enviasse para o Rio, já que eu não poderia ir até São Paulo mais uma vez pra nossa consulta - Eu seguro a vontade de perguntar qual o resultado, a ansiedade está me consumindo.
- Eu olhei os resultados e quero te explicar algumas coisas, ok?
- Tudo bem doutora.
- Você procurou a nossa clínica se queixando de uma possível dificuldade da sua esposa em engravidar, certo? - Ela fala enquanto acessa alguma coisa em seu computador.
- Isso mesmo. Estamos juntos há cerca de 6 anos e faz muito tempo que estamos tentando.
- A sua esposa já procurou algum serviço para investigar o que poderia ser? Ela também fez exames?
- Não quer dizer, não sei mas, ela sempre diz que tudo acontece no tempo certo e por isso continuaria tentando - Falo olhando para as minhas mãos inquietas apoiadas em minhas coxas - Mas eu não acredito nisso, eu sou médico também e pra mim, isso é algo a ser investigado.