| demônios podem levar uma surra.

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— Rosie — a garota tirou a atenção do jogo para ele —, tem mais alguém na sua casa?

— O que? — perguntou confusa. — Não, quer dizer, quando cheguei não tinha ninguém.

— Eu estou sentindo uma energia feminina na casa. — o homem disse quase rosnando (estranhamente, estranho), Rosé pensou.

Rosé estremeceu, mas estava longe de estar pensando em Lisa. Estava mesmo pensando em sua mãe e apesar de toda forma qual ela a tratava. Era sua mãe. Rosé a ama e bem, ela acha que ela também a ama, Rosé é sua filha.

— Esqueça — respondeu —, estamos em jogo.

— Eu posso muito bem ver quem é — ele disse —, mas hoje estou a suas ordens, minha garota.

— Não sou sua, Luc. — a menina mordeu os lábios. — Nunca fui.

— Sempre foi, você quis dizer. — ele piscou.

Rosé revirou os olhos e finalmente o jogo começou.

Lisa ainda estava incrédula, com raiva e confusa ao ver Rosé flutuando como um balão na cozinha.

Ela era linda, mas daquele jeito parecia estar sofrendo. E Rosé sofrendo, é a pior imagem que Lisa pode ter dela.

Ela não sabia o que fazer, mas estava tomando coragem parar tocar a garota e descê-la até o chão.

Rosé estava vendo Luc pegar cartas, mas sua expressão mudou como se tivesse tido um susto e suas sobrancelhas cerraram.

— Está perto demais, Rosé. — o homem estava sério e a olhou com os olhos tensos, e cheios de fúria.

— Luc... — tarde demais para tentar impedi-lo, os olhos esmeraldas do homem brilhavam como luz no local escuro.

— Quem é essa garota, Rosé? — sua voz continuava grosseira.

— Eu não estou vendo — a garota respondeu no mesmo tom —, não sei sabe, mas não temos os mesmos olhos. Melhor, não somos da espécie.

— Loira, alta e magra. — ele rosnou logo depois de falar. — Quem é essa garota, Rosé?

— Lisa — Rosé estava em pânico e sua voz quase não funcionava mais —, Lisa.

— Se ela tocar em você...

Ele não terminou e em um piscar de olhos, Rosé estava sendo direcionada a sua casa, especificamente para sua cozinha novamente.

Abriu os olhos e deu de cara com a loira, com Lisa. E seu coração acelerou, ao mesmo tempo que a amava por estar ali, a odiava por estar ali.

— Rosé... — a garota desejou falar.

— Lisa, você tem que ir. — Rosé a interrompeu.

Luc apareceu num instante, alto e elegante, mas bom, o mal em pessoa.

O homem estava com as mãos no bolso, ria com um belo deboche na risada e encarava as meninas no chão.

— Eu entendi tudo! — ele falou animado. — É esse animal com quem você tem estado, não é, Rosé?

— Filho da puta. — Lisa o xingou. — O único animal aqui é você.

— Que boca suja, garota. — respondeu.

— Luc, por favor. — a expressão do homem mudou, estava raivoso agora e Rosé estava perdida.

— Cala essa boca. — ele gritou. — Você é uma vadia imunda, Rosé.

— Se você ousar...

Lisa disse alto e enquanto se levantava, mas foi jogada na parede da cozinha com apenas um gesto da mão de Luc e apagou quando caiu.

— Lisa! — a morena gritou. — Luc, me escute. — nesse momento, Rosé estava aos prantos.

— Não vou te ouvir, vadia. — ele se aproximou e com o mesmo gesto, levantou Rosé no ar sem enforcá-la. — Era para isso que queria quebrar o pacto, não é? — ele riu. — Está apaixonada por alguém que nem ao menos te enxerga.

— Eu quero quebrar o pacto por mim! — ela gritou e pensou em cuspir no rosto do homem, mas seria ousadia demais?

— Escute, vadiazinha. — o homem disse. — Você vai sair comigo amanhã e vai me dar uma noite.

— Não, Luc. Não era esse o combinado.

— Agora é. — pousou seu indicador na boca da menina, para calá-la. — E se não for, você vai me entregar a porra dessa alma de vadia que você tem sem mais e sem menos.

O homem desapareceu em forma de uma neblina negra e Rosé foi jogada no chão e grunhiu com a dor das suas costas contra o chão, mas fez de tudo para ir até Lisa que estava acordando aos poucos.

Aproximou-se da menina, estava chorando e logo que chegou, a puxou para um abraço e finalmente a garota retornou a realidade.

Rosé deitou sua cabeça no ombro da menina chorando, sorriu de alívio mas a dor consumia-a por dentro.

— Você está bem? — a morena perguntou.

— Bem melhor agora. — Lisa respondeu. — O que era aquilo? Tipo, o que aconteceu?

— Eu estava em uma partida de pife — Rosé disse —, com um demônio.

Lisa quase engasgou e iria falar, mas achou melhor não questioná-la sobre.

— Eu achei que você fosse morrer. — ela disse. — Parecia que estavam sugando sua alma ou algo do tipo, como em filmes de terror. — a voz de Lisa estava trêmula.

— Eu estava tentando quebrar o pacto. — Rosé pegou fôlego para falar. — Eu não quero mais isso, Lisa. Eu quero você.

— Eu quero você, Rosé. — Lisa disse com os olhos arregalados e enchendo de lágrimas. — Eu sou uma escrota por ter te tratado daquele jeito.

— Cala essa boca — Rosé riu —, você só é idiota.

— Você deveria dizer que eu sou a melhor pessoa do mundo, não isso. — Lisa riu e segurou seu rosto. — Você é a mulher mais bela que eu já vi.

Rosé sorriu de alívio, derramou lágrimas junto com a loira e combinaram um beijo. Um beijo de saudades, por mais que o tempo tenha passado em vinte minutos, e alívio. Uma felicidade por estarem se beijando.

A porta de casa foi aberta, murmúrios dos pais de Rosé puderam ser ouvidos e as garotas se levantam com ajuda uma da outra.

A mãe de Rosé apareceu na cozinha com um sorriso, mas sua expressão mudou assim que as viu chorando.

— Rosé? — sua mãe se aproximou das meninas. — O que aconteceu, meninas?

— Um homem estranho na rua. — Lisa mentiu e Rosé concordou com a cabeça, enxugando as lágrimas.

— Céus! — o pai de Rosé disse e puxou-a para um abraço. — Me digam quem é esse demônio!

Isso foi quase como se o pai de Rosé soubesse de tudo, por isso, uma risada foi ouvida das duas garotas.

— Por favor... — a mãe de Rosé quase o beliscou.

— O que foi? — o homem perguntou. — Demônios podem levar uma surra.

mandela | chaelisaOnde histórias criam vida. Descubra agora