"Eu sinto muito, de verdade."

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Ana
Mariana estava ali na minha frente, continuava linda, usando roupas coloridas e me fazendo não ficar com raiva mesmo tendo todas as razões para estar. Dou passagem para ela entrar, fecho a porta em seguida e a levo para meu escritório, não queria que ninguém nos incomodasse.

Entro em meu escritório com Mariana, me sento e a observo sentada em minha frente.

- Diga, estou te ouvindo. - coço minha garganta e encaro seus olhos.

Mariana
Ana tinha me dado um chance de dizer tudo aquilo que sonhei nesses dez anos. Naquele momento eu pedia coragem para todos os Santos mesmo não acreditando em nenhum. Acompanho Ana até seu escritório e me sento no sofá a sua frente, encaro seus olhos sentindo meu coração voltar a acelerar.

- Não sei por onde começar, aconteceu tanta coisa... - suspiro fechando rapidamente meus olhos ao lembrar de tudo o que passamos. Volto a olhá-la. - Primeiro eu queria me desculpar com você, queria que você soubesse o quão significa pra mim Ana, sinto sua falta todos os dias desde que te deixei. Sinto muito por ter percebido o quanto te amava só depois que desisti da gente. - Eu falava tão rápido, era como se fosse me faltar ar em algum minuto. - Só te peço uma chance, só uma.
- Mariana, foi escolha sua ir embora, por que mudou de ideia agora? Não faz sentido. - ela me olha séria, não esboçando nenhuma reação.
- Eu não mudei de ideia Ana, eu só criei coragem para vir falar com você. Achei que você me mataria ao me ver. - acabo soltando uma rápida risada. - Eu sei que te magoei e tenha certeza que me arrependo todos os dias. Quero nossa família de volta. - Inclino meu corpo para frente e seguro em suas mãos. - Por favor.. - sussurro encarando seus olhos.
- E eu realmente teria matado! - Ana revira os olhos. - Você me deixou devastada, nunca fui tão magoada na vida, nem quando Juan Carlos me traiu. - ouço um suspiro sair de seus lábios. - Sinto sua falta Mariana mas não é tão simples assim, eu não consigo mais confiar em você. - ela se afasta e cruza os braços.
- Ana se você soubesse o quanto eu aprendi todos esses anos. Eu não sou mais aquela garota confusa, eu sou madura agora e jamais machucaria você. - suspiro soltando um leve sorriso. - Só quero ter a chance de ter você ao meu lado.
- Eu juro que eu queria acreditar em você mas não consigo. Eu sinto muito Mariana, sinto de verdade, mas acabou. Tudo acabou quando você me abandonou sem pensar como eu ficaria. - Ana se levanta e vai até a porta do escritório. - Você precisa ir. - ela me olha e volta a cruzar os braços.
Levanto da cadeira e caminho até você. Paro em sua frente e encaro seus olhos.
- Obrigada por me ouvir. - sorrio com os olhos marejados.

Saio do escritório e saio imediatamente de sua casa. Eu tinha tentado, ninguém poderia dizer que não. Eu sabia desde o início que Ana não me perdoaria.

Peço outro Uber para ir para casa. Ao chegar em Elena, vou direto para o meu quarto. Deito em minha cama e fico ali olhando para o teto sem pensar em mais nada.

Ana
Mariana mexia comigo mesmo depois de tanto tempo, ouvir tudo aquilo sair de sua boca era como uma música para os meus ouvidos. Meu coração a desejava, meu corpo desejava seu toque e minha boca ansiava por seu beijo.

Eu estava extremamente chateado com ela, ela havia me abandonado e aquilo não saia da minha cabeça. Não conseguia me permitir estar com ela, eu tinha medo de me machucar de novo, estava ouvindo minha razão mais do que nunca.

Após alguns minutos da saída de Mariana de minha casa, Ceci me liga por FaceTime.

- Oi mãe, que cara é essa? - ela diz assim que vê minha cara de espanto.
- Mariana voltou e veio aqui. - falo te olhando.
- Mariana voltou? Como ela está? Vocês voltaram? Diz que sim! - ela estava agitada com a novidade.
- Não Ceci. Não existe mais eu e Mariana e não vai existir. Podemos mudar de assunto? - engulo seco.
- Você a ama mãe, não dá para fugir disso.
Tento ignorar esse comentário ridículo de Ceci e mudo de assunto para que pudéssemos não falar sobre Mariana. Ficamos alguns minutos rindo e conversando sobre as aventuras dela no Brasil.

- Mãe, dá uma chance para ela, você merece ser feliz. Amo você. - Ceci desliga sem nem tempo de uma resposta.
Bloqueio a tela do meu celular e volto a pensar em Mariana. Pensei em ligar, pensei em mandar mensagem, pensei até em ir vê-la mas eu não saberia o que dizer.

Eu precisava de um tempo para pensar, pensar em Valentina e como isso seria para ela, pensar em como Rô e Juan Carlos reagiram depois de todo esse tempo.

Uma semana depois...

Ana
Estava decidida, iria atrás de Mariana. Não para ficarmos juntas mas para pelo menos sermos amigas, sentia falta da sua presença na minha vida.

Decido então, ir até a casa de Elena para ver Mariana pessoalmente e aproveitaria e veria Regina, estava ansiosa para ver a garota linda que ela se tornou.

Assim que chego na casa de Elena, deixo algumas batidas na porta e espero que alguém abra.

- Ana?
Ouço uma voz conhecida e encaro o rosto de Elena.
- Elena. - finjo um sorriso. - Mariana está?
- Sim, entre. - Está no quarto, pode entrar.
Agradeço com a cabeça e entro na casa, caminho até o quarto de Mariana deixando batidas na porta.
- Mariana, sou eu, a Ana. Será que podemos conversar?
Após alguns breves segundos, vejo a porta de abrir, entro e vejo Mariana o que faz meu coração acelerar.

Dez Anos (Maryana) Onde histórias criam vida. Descubra agora