Dez Anos (Maryana)

"Estoy enamorada por ti"

Mariana
Eu estava decidida, iria lutar por Ana, não importa quanto tempo durasse ou se ela realmente gostava de mim. Estávamos sem nos falar muito já havia uns dois, três dias, acho que o fato de eu não ter ido dormir com ela aquela noite, a deixou chateada. Se ela soubesse como eu queria toca-lá e beija-lá de novo, jamais ficaria chateada.

Tudo o que eu mais queria era ter uma noite linda e cheia de amor com Ana mas queria que tudo fosse perfeito. Decido então pedir para que as crianças ficassem com Juan Carlos, Ceci me ajudou com a ideia para que Juan Carlos não resolvesse fazer outra cena ridícula como aquela.

Ana havia passado o dia todo fora resolvendo problemas do seu divórcio. Eu combinei com Alta para que ela saísse mais cedo e me deixasse sozinha com Ana.

Não lembro da onde última vez que cozinhei, espero que dê tudo certo e que a noite seja tranquila. Começo a fazer um risoto de queijo com bifes ao molho madeira, mais cedo eu tinha comprado vinho branco e alguns chocolates para depois do jantar.

Já eram 21h, Ana chegaria a qualquer momento, eu estava usando um vestido longo, preto com meus ombros a mostra, meu cabelo estava em um coque para não cair cabelo na comida. Ouço a porta da sala bater, logo vejo a presença de Ana na cozinha, ela não estava entendendo nada e começou a rir.

- O que está acontecendo aqui? - ela ria enquanto me olhava cozinhar. - Está doente?
Começo a rir junto com ela, estava esperando uma reação mais séria já que não estávamos muito bem.
- Não posso mais cozinhar que estou doente?
- Exatamente. - ela sorri e senta no balcão.
- Como foi seu dia? - Pergunto enquanto mexia a carne na frigideira.
- Não aguento mais Juan Carlos, estou prestes a cometer um assassinato. - Ana revira os olhos mas logo ri.
- Não quero visitar ninguém na cadeia, por favor se controle. - pisco para ela. - Achei que estava chateada comigo.
- Chateada por ter me dado um fora? - ela fala de modo irônico mas ri em seguida - Por favor Mariana, isso seria extremamente ridículo. Está tudo bem, só achei que você precisava de um tempo e eu também.
Ana parecia mais tranquila, parecia estar confiando em mim, estava falando e brincando. Ela estava diferente, algo ali tinha mudado.
- Fico feliz em saber disso Ana. Sei que você está se esforçando. - sorrio mas volto minha atenção para a panela. - Vinho?
- Temos vinho? Não tem como ficar melhor essa noite. - Ana pega duas taças e nos serve. - E, cadê todo mundo?
- Temos. Dei um jeito em tudo. - pisco para ela pegando a taça. Demos um brinde e logo dou um gole na bebida.
- Não vou nem perguntar como, tenho medo da resposta.
Começo a dar risada de sua resposta, desligo o fogo, pego a taça e encaro Ana, me aproximo ficando ao seu lado. Estava um clima tão agradável, sem mágoas, sem amarras, éramos só duas rindo uma da outra, como nos velhos tempos.

Ana
Havia passado o dia com minha advogada, resolvendo detalhes do meu divórcio com Juan Carlos. Aquele inseto tinha entrado com uma ação alegando que eu não deveria ficar com Valentina por eu ser lésbica e ter traído ele com Mariana. Eu seria capaz de matá-lo se encontrasse com ele nos próximos dias.

Eu estava exausta, confesso que só queria chegar em casa com todos os meus problemas resolvidos e ficar bem com Mariana. Já havia alguns dias que não nos falávamos muito, estávamos mais distantes, preferi me manter distante para não fazer besteira, nem dizer algo que piorasse as coisas.

Ao chegar em casa, me deparo com todas as luzes apagadas, não havia um barulho se quer, só a luz da cozinha acessa. Não era tarde, então estranho toda aquela situação. Deixo minha bolsa no sofá junto com meus saltos. Caminho calmamente até a cozinha, vejo Mariana cozinhando, o que realmente era esquisito já que ela mal sabia fazer miojo.

Era engraçado vê-la cozinhando, não fazia seu estilo ser tão ativa em ações domésticas. Após algumas risadas, o silêncio se torna presente entre nós duas.

- Vamos lá para fora? - ela diz pegando a garrafa de vinho.
Concordei com a cabeça e a segui até o jardim. Lá fora tinha uma mesa, duas cadeiras e algumas velas. O clima era extremamente agradável e romântico. Mariana estava realmente tentando me conquistar? Ou eu estava tendo mais um dos meus sonhos?
- Você gostou? - ela pergunta me olhando, parecia ansiosa por uma resposta.
- E tem como não? Está tudo muito lindo. Obrigada Mari. - sorrio te olhando. - Mas por que tudo isso?
- Queria que você visse em ações o quanto me importo com a gente e o quanto eu estou disposta a estar com você. - Mariana fala tudo tão rápido que eu podia me perder em suas palavras.
Minha garganta e minha voz travam, não sabia o que dizer, Mariana me deixava nervosa mesmo depois de tudo o que aconteceu. Era um misto de sensações que eu jamais seria capaz de explicar.
- Eu quero você comigo sempre. Me perdoe por ser tão confusa em relação aos meus sentimentos. - falo envergonhada. - Sei que não é fácil para você também.
- Eu vou sempre estar aqui com você, para o que você precisar Ana. Nós vamos dar um jeito, tenho certeza. - Mariana sorri, deixa sua taça sob a mesa e segura em minha mão.
Sorrio olhando todos os seus movimentos, deixo minha taça sob a mesma e seguro firme nas suas duas mãos.
- "estoy enamorada por ti" - sussurro encarando seus olhos.
Mariana não diz nada, ela sabia o que aquilo significava, ela se aproxima de mim acariciando meu rosto, sorria como se estivesse ganhado na loteria, talvez ela tivesse realmente ganho. Eu seguro firme em sua cintura colando nossos corpos. Deixo que meus lábios se choquem com os seus, sinto cada parte dos seu corpo se ligar ao meu, sua língua brincava como a minha, era como se eu estivesse a beijando pela primeira vez.
Após alguns minutos quando já não havia mais ar, ela deixa um longo selinho em meus lábios e se afasta levemente.

- Queria ver se eu estava sonhando. - ela sorri encarando meus olhos.
Eu podia morar nesse momento para sempre, sentir seu beijo a todo minuto, seu corpo junto ao meu e a eletricidade que eu sinto quando ela me toca. Faria qualquer coisa para que pudéssemos ficar juntas.
- Mari, precisamos conversar. - engulo seco por saber o que estava para acontecer, não podia deixar aquele assunto para depois.