𝙊𝙉 𝙏𝘼𝙍𝙂𝙀𝙏; 𝑙𝑒𝑒 𝑓𝑒𝑙𝑖𝑥

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╰ Chapter Five

⟨ 𝐖𝐡𝐚𝐧 𝐘𝐨𝐮𝐫𝐚 𝐏.𝐎.𝐕 ⟩—————————

       Não trocamos nenhuma palavra depois daquilo. Não tinha muito o que falar. Pelo menos não o que soasse normal.
       Pegamos o último ônibus ainda funcional em Incheon, e mais uma vez, voltamos pra casa do Felix, já que o treinador com certeza não estava de bom humor pra me ver no centro de treinamento logo tão cedo. Meu celular, por mais que não fosse tão útil antes, agora nem ao menos funcionava.
         As ruas estavam iluminadas com uma luz amarelada fraca, que trazia uma sensação de conforto, mas agora, nem o ambiente externo conseguia me confortar devido as circunstâncias passadas.
          Ele destrancou o portão, e em uma breve pausa antes de abri-lo, tanto ele quanto eu, percebemos que a vizinhança também falavam pelas coisas, e ouviam pelas paredes.
         Até mesmo as mulheres da vizinhança notaram a minha presença na casa do Felix. Elas não fizeram questão de esconder o fato de nos encarar.

— Por que me chamou de “sua namorada”? — questionei com as mãos juntas — Pra um atleta medíocre, você atua muito bem.

         Ele me olhou de canto, e respirou fundo

— Lembrei do que você havia dito — ele se virou pra mim — No Norte, as mulheres tem os relacionamentos de acordo com o cabelo. Mulheres com cabelo longo igual ao seu, são mulheres que namoram. Você mesma disse.

— Então quando tivermos nosso falso término, terei de cortar o cabelo?

— Se esses são os costumes do norte, então acredito que sim. Faça o que quiser.

        Ele exitou mais uma vez antes de abrir a porta.

— Aliás, você está machucada?

— Eu tô bem. Você chegou antes do pior acontecer.

        Ele não respondeu. Só me olhou de cima a baixo, com a certeza de que eu não estaria mentindo.
        A neve começou a diminuir, e certos flocos ficavam estáticos nos fios de cabelo do Felix.
       Era como se ele fosse tão leve quanto a neve.

— Provavelmente, em três dias você tenha que voltar ao centro de treinamento. É a competição da divisão 11° do arco e flecha, é a sua categoria. Então só precisa aguentar um pouco mais enquanto finge morar comigo.

— Eu não quero fingir uma vida que não é minha.

— Todos aqui da vizinhança sabem que essa não é sua vida. Sabem que você não é do Sul.

      Franzi o cenho e esperei uma boa resposta dele sobre isso.

— O que quer dizer com isso? O que eu preciso para parecer Sul Coreana?

— Seu rosto não é tão fino, você tem um pouco de sotaque e é mais baixa do que as outras mulheres — ele disse apontando com o dedo indicador todos os cantos em que mostravam meus “defeitos” — Você claramente, é norte coreana.

— Você não tá na posição de exigir nada da minha aparência, você também parece bem mais australiano do que coreano.

— Deve ser por que eu sou australiano.

— E eu sou norte coreana, tenha orgulho da sua namorada, não é qualquer pessoa que atravessa o Paralelo 38 só pra ver você.

       Dei um último sorriso ladino antes de abrir e portão e entrar primeiro que o Felix. Se ele quisesse mesmo brincar com essa história de “namorado e namorada” iria brincar do mesmo jogo que ele.