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╰ Chapter Twelve

⟨ 𝐋𝐞𝐞 𝐅𝐞𝐥𝐢𝐱 𝐏.𝐎.𝐕 ⟩——————————

      Todas as vezes em que alguém entra na sua vida, muitas coisas acontecem. Sendo elas boas e ruins, não tem como saber a medida das situações. Recebi uma ligação do Chan, desliguei algumas vezes mas ele insistia em ligar. Deveria ter atendido da primeira vez.
       A Whan Youra estava sendo levada pra um hospital próximo ao parque que eles estavam, só havia um problema, como ela não tem a cidadania do Sul, iriam precisar da confirmação do passaporte e documentos o quanto antes. Sabia onde estavam, ela sempre deixava na lateral da mochila.
        Fiz um percurso rápido do centro de treinamento, até minha casa, indo por último, para o hospital. Disseram que as taxas seriam acertadas mais tarde, e eu tinha plena certeza de que eu pagaria pelo tratamento, o importante agora, era que a Youra não fosse deportada de volta para o Norte.
         Ela teve um choque hemorrágico pela pressão contrária dos músculos. Ela acontecia a muito tempo, vendo pelo desgastes do músculos internos. Todas aquelas dores, eram os músculos se pressionando que a mantinham de pé. Quando a ferida não é tratada com cuidado, a pele começa a se autoagredir, pulsando sangue pelos poros. Não é nada grave, mas com certeza é assustar quando acontece.
         A sala em que ela estava tinha um limite de visitantes, então por prioridade, Bang Chan e eu ficamos ao lado da maca esperando o soro fisiológico fizesse efeito nela.
         Sei que não era culpa dela, mas essa problema me envolvia, e eu já precisava lidar com coisas demais...

— Essa é a primeira vez que isso acontece comigo — estalei a língua no céu da boca — Mas eu sempre pensei que iria agradecer por nunca ser a pessoa em uma maca de hospital, mas agora, eu queria que fosse ao contrário.

— Talvez seja empatia — o Chan disse olhando pro rosto tranquilo da Youra

— Eu tenho muita empatia.

— Nunca te contrariei disso — ele tomou atenção pro meu rosto — Por que tá assim?

— Por que faz mais de dez minutos que eu tô esperando ela acordar, mas ela não acorda.

        Era como se ela pudesse me ouvir reclamar. Ela mexeu o braço pra minha direção, tateando tudo o que havia na mesa ao lado da maca, mas a única coisa que conseguiu se agarrar foi ao tripé de suporte de soro fisiológico.
         Segurei o mesmo tripé, pra que ele não saísse do lugar.

— Youra, você tá bem? — o Chan se levantou, se controlando pra não assustar e não encostar na Youra

       Ela olhou nos olhos do Chan, logo olhando para o meus e franzindo o cenho

— O que você tá fazendo aqui? — ela questionou antes de tudo — Veio pagar a conta do hospital?

— Você mal acordou da anestesia geral e já quer falar de dinheiro? O que você é, uma muquirana? — soltei o soro fisiológico e me encostei no encosto da cadeira de plástico

— O Felix trouxe seus documentos para que não fosse deportada de volta

      O Chan amenizou a situação, e segurava a mão da Youra o tempo todo. Talvez ela nem sentisse a mão dele, a anestesia era forte.
       Joguei os documentos dela na mesa ao lado. E mesmo praticamente sob o efeito total da anestesia, ela notava meu comportamento incomum.

— Você não deveria estar com a Jin-Yun? — ela disse com os olhos pouco a pouco se fechando

— Eu não pude ficar com ela.

— Por quê?

— Por conta da sua situação. Só julguei o que era mais importante.

— Deveria estar com ela. A Jin-Yun é sua noiva, não existe nada mais importante do que ficar com quem amamos. Deveria voltar, e pedir desculpas.

      Soltei uma risada anasalada, passando a língua entre os dentes.

— Você ainda deve estar sob efeito da anestesia. Não tá falando coisa com coisa.

       Ela também riu

— Espera eu sair desse hospital, e aí vamos poder discutir um com o outro.

⟨ 𝐖𝐡𝐚𝐧 𝐘𝐨𝐮𝐫𝐚 𝐏.𝐎.𝐕 ⟩—————————

the night in the hospital

     Em certos filmes, nos momentos em que os protagonistas se encontram feridos ou abalados, eles entram em uma tristeza profunda até que a coragem dele apareça mais uma vez. E se eu estivesse certa, assim seria comigo.
       Minha mente parecia adormecida, mas plenamente acordada ao mesmo tempo. Quanto realmente tive certeza do meu estado, já estava de noite, e não havia ninguém na sala além de mim.
        Minha perna parecia ainda estar sob efeito de analgésicos e completamente anestesiada, amarrada com bandagens que faziam a pressão certa nos meus músculos.
       Meu time ficou sabendo do meu estado rapidamente. Algumas meninas me trouxeram flores, que foram deixadas em um caso do lado da maca, já os meninos, me desejaram minha recuperação, e treinaram todos os dias pensando em mim. O Treinador Hyunbin não apareceu. Provavelmente ele teria medo de que ligassem ele ao ferimento.
       Estava chovendo do lado de fora, as gotas de chuva distorciam a imagem á fora da janela,  deixando um borrado de gotas rosas, azuis e claras, por conta das luzes da cidade.
       Não sentia fome. Parcialmente não sentia nada, mas ao menos me ofereceram água na esperança de que eu não morresse desidratada.
         Bebericava da água quando lembrava disso.
         Ouvi a porta da sala se abrir e olhei o relógio na parede. Faltavam poucos minutos pro horário de visitas acabar.

— Vim me desculpar pelo meu comportamento antes. — o Felix entrou, fechando a porta atrás de si — Não deveria deixar meus problemas pessoais transparecerem na sua situação.

— Certo, por mim tudo bem. Se você confia em mim pra contar dos seus problemas, então não sou qualquer mulher pra você.

— Não, eu só acabei falando mais do que necessário. E isso saiu de um jeito rude.

— Então você é o tipo de pessoa que diz mais do que o necessário para qualquer mulher?

— Não.

— Então eu não sou qualquer mulher.

     Ele torceu o nariz, mas ainda assim, se sentou na maca, desfazendo a expressão séria de antes.
     Ao menos havia um pequeno sorriso nos lábios dele, o que já me deixava feliz...

— Poderia agradecer o fato de que você esteja viva — ele disse — Mas ninguém morre por conta de um músculo rompido.

      Bati no braço dele de leve, mas ele mesmo assim fez drama por conta disso.

— Quando eu me recuperar, e a suspensão acabar, eu vou voltar pro centro de treinamento. Como vai ser viver sem mim?

— Vai ser mais quieto.

      Achei que ele diria mais coisas só te isso.

— O que foi? — questionei o jeito que ele me olhava

— Só estou te olhando.

— É exatamente por isso que eu perguntei.

       Ele continuou me olhando. Dos olhos, parar a boca, de volta aos olhos.
       Droga, por que eu fui gostar de você?
       Segurei pelas mangas do casaco, trazendo ele até mim, já que metade do meu corpo não tinha mais forças para ir até ele. Coloco meus braços ao redor do pescoço dele, ele retribui com o esforço de segurar meus braços e minhas costas. Mesmo chovendo, prestava mais atenção na respiração que exalava dele  que mexia meus cabelos do que o próprio som da chuva.
       Ele é o garoto, e todas as partes de mim sabem disso. Quando ele me segura, meus braços sabem disso. Eu o beijo e nossos lábios sabem disso. Quando ele me olhou como antes, algo atrás das minhas costelas também sabia. Meu coração sabia plenamente, que eu o amava.

𝙊𝙉 𝙏𝘼𝙍𝙂𝙀𝙏; 𝑙𝑒𝑒 𝑓𝑒𝑙𝑖𝑥Onde histórias criam vida. Descubra agora