Foi pela família...

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~Adrien, um ano atrás~


Muito tempo e dinheiro foi gasto com terapia até que eu suportasse visitar meu pai. Retornei para a França em segredo apenas para isso. Minha tia achava que eu ainda não estava pronto, mas era meu pai. Eu não poderia ficar para o resto da vida sem vê-lo. E eu também estava curioso.

Curioso para saber seus motivos.

A segurança foi muito criteriosa para deixar que eu adentrasse. Toda a burocracia com documentos e revistagem durou mais de uma hora até que eu fosse encaminhado para uma sala privativa para aguardar meu pai.

Eu estava aflito. Atônito. Como eu iria olhá-lo? Como eu deveria perguntar o que eu queria? Eu suava frio e minhas mãos tremiam quando ouvi o som da porta se abrindo e ergui o olhar. Meu pai estava exatamente como na última vez que o vi. com exceção ao uniforme cinza da cadeia. Foi um baque.

-Dez minutos.

O guarda disse enquanto fechava a porta atrás de si.

-Adrien... filho... Como cresceu.. Eu pensei que me odiava...

Ele disse enquanto vinha em minha direção, me dando um abraço apertado. Eu não via meu pai daquele jeito desde o desaparecimento da minha mãe.

-Eu te odeio. Eu só quero respostas. Não vim por você.

Eu não tinha mais a obrigação de ser o modelo prodígio, o garoto propaganda dos Agreste, o rostinho da França. E é claro que eu não odiava meu pai por completo. Só... bom, era melhor mentir para eu mesmo do que me sufocar com dor.

Meu pai suspirou e se sentou na cadeira em minha frente, cruzando os dedos e olhando para o chão.

-Eu vou te contar tudo, filho. Você merece isso.

-Siga em frente.

-Adrien, os poderes que eu usei vinham de algo chamado Miraculous. É deles que vem os poderes dos heróis também. Muitos anos atrás, eu e sua mãe encontramos um livro que dizia sobre todas essas informações e nós dois começamos a procurar por estes objetos. Depois de muito tempo, conseguimos dois. O da Borboleta e o do Pavão. Nós usamos eles para o bem por um tempo. Sua mãe criava sentimonstros para me ajudar na criação e produção de inúmeras peças para a grife da nossa família, mas por muito tempo ela escondeu de mim que o Miraculous do pavão estava danificado. Ela escondeu de mim que isso a estava deixando doente aos poucos. Cada vez que ela usava, sua vida se esvaia mais um pouco. Ela já estava em seus últimos dias quando resolveu me contar sobre. Você já era grande, e ela escondeu a doença até mesmo de você, meu filho. Emilie entrou em estado de coma e isso me motivou a encontrar uma forma de trazer sua mãe de volta. Ela está descansando numa cúpula no porão da mansão. Estudando o livro antigo, descobri que a união dos dois Miraculous mais poderosos, o do gato e o da Joaninha poderia deixar alguém em estado de poder absoluto. Só assim eu traria sua mãe de volta. Foi quando eu decidi usar o poder da borboleta para encontrar a Ladybug e o Chat Noir e lutar com eles até conseguir os seus Miraculous. Eu sinto muito. Foi pela família. Eu sei que fui duro com você, que fui rígido e não te dei atenção, que você precisava de um pai principalmente após sua mãe sumir, mas saiba que não teve um dia neste inferno em que eu não tenha pensado em você. Em todos os momentos em que errei. Em todos os momentos que eu poderia estar ao seu lado e eu estava fazendo outras coisas. Eu não vou conseguir trazer mais a sua mãe de volta, mas eu quero me redimir com você, Adrien. Você é tudo que eu tenho filho. Me dê outra chance.

Fiquei em silêncio durante toda a explicação. Meu pai começou a chorar no meio do processo. Eu estava chocado. Então era isso? Meus sentimentos estavam tão confusos que até meu estômago estava se revirando. Eu nutri um ódio por anos dele quando sua motivação era trazer minha mãe de volta?

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