Casa de Memórias.

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~Marinette, presente.

     Ter memórias do universo antes dele ser reescrito é no mínimo confuso. Eu vivi duas vidas e agora que recuperei minha memória, algumas idéias entram em conflito, mas numa visão geral, tudo é quase a mesma coisa, tirando o fato de que agora não existe mais aquela coisa de heróis e vilões.

     O diário que escrevi por tantos anos agora seria útil para que Adrien soubesse de tudo o que passamos, então expliquei tudo para ele passo a passo no decorrer dos dias.

     Neste universo, Gabriel e Emilie nunca souberam da existência dos Miraculous e por isso, o casal viveu uma vida normal com o filho. Adrien começou a frequentar a escola e não demorou muito para que a gente se aproximasse e começasse a namorar, sem qualquer conflito ou dificuldade, visto que seu pai não era mais Hawk Moth. Em resumo, as principais coisas são essas. Um mundo sem magia, sem super poderes, sem nada diferente. Aliás, heróis e Miraculous só existem em um desenho infantil, que curiosamente é exatamente igual ao que vivemos antigamente, com excessão da troca de nomes.

     Até agora.

     Como Adrien me devolveu meu Miraculous, eu tinha certeza que ainda existiam outros nesse universo, mas se eu não sou a guardiã, quem é agora? Talvez eu esteja pensando demais.

     Alguns meses se passaram desde que recuperei as memórias. Tudo era pacífico e eu havia conseguido perdoar totalmente Adrien. Tikki e Plagg eram como nossos filhos que ficavam o dia todo nos fazendo companhia e ninguém sabia, só nós podíamos vê-los.

     Com esta rotina, mantínhamos uma vida pacífica e eu tinha um cargo no setor criativo da marca Agreste, assim estando grande parte do tempo com a família do meu noivo. Ter aquele tempo era algo precioso. Aos domingos, ambas as famílias Dupain-Cheng e Agreste se uniam para desfrutar de um jantar. Meus pais pareciam mais felizes que nunca e Gabriel era uma pessoa completamente diferente do que ele era no universo original. Um pai amoroso e atencioso e um marido excepcional, além de ser um sogro que me mima na maior parte do tempo enquanto anseia por um neto.

     Esses jantares nos proporcionavam momentos bem inusitados, como quando meu pai e Gabriel discutiram por uma coxa de frango ou quando minha mãe e Emilie começaram uma conversa paralela sobre novelas e fizeram todos na mesa prestar atenção na explicação de ambas sobre um relacionamento fictício e problemático.

     Entretanto, o momento mais engraçado aconteceu entre Gabriel e Emilie.

     Todos estavam aos risos com uma piada contada pela matriarca Agreste, quando Gabriel apenas diz entre risos:

     -Não sei o que faria sem você, Emilie.

     Eu e Adrien quase que instintivamente paramos de rir e nos entreolhamos, engolindo seco. Estávamos na nossa própria bolha e nossos pais não entenderam nada quando dessa vez, fomos nós quem caímos na gargalhada.

     Eu jamais trocaria essa vida, nem pelo mais precioso bem material. Eu tinha a vida dos sonhos ao lado das pessoas que tanto amo.

     Eu não poderia amar menos este universo. Adrien fez o pedido perfeito quando estava em posse dos Miraculous.

     Por falar em Miraculous, eu sempre estive com uma pulga atrás da orelha. Era como se meu sentido joaninha me alertasse que tem algo de errado, mas o mundo está tão pacífico... Perguntei a Tikki se ela sabia de algo, mas foi inútil pois é praticamente impossível saber perfeitamente como ocorrem as coisas em um universo reescrito com um desejo.

     A partir deste pressentimento que assolava meu coração e roubava minhas noites de sono, alertei Adrien para que jamais, sob nenhuma hipótese deixasse de utilizar seu anel.

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