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D u l c e

  Não sou uma garota festeira. A música ensurdecedora, os corpos se batendo, os sorrisos. Isso não é meu estilo. Minhas noites ideais eram sempre em casa, aconchegada no sofá, assistindo Netflix. Mas quando resolvia sair, gostava sempre de dá o nome nós bailes. O único som que me agradava era a voz dele, baixa e sexy, derretia meu coração em apenas três segundos. Posso não ter normalidade, mas tenho mais estabilidade do que minhas duas melhores amigas. Eu e as meninas temos uma ligação inabalável que nem mesmo uma liga história de diferenças pode quebrar. Dizem que os opostos se atraem, e nós três somos prova disso. Sou uma montanha russa, Maite adora uma boa festa e Anahí e quase um anjo.

— Eu sei que deve está com ele agora... — Maite cantarolava, enquanto procurava a barraca de bebidas. — Só de imaginar meu peito chora...

— E eu não vou te ligar né procurar saber, fique a vontade pra me esquecer — Anahí completou enquanto passamos pela multidão. — É assim que as nossas noites deve ser. Nós três nos divertindo, nos soltando, chacoalhando o esqueleto. Fiz o melhor que pude para assentir com empolgação.

— Que tal pegar umas bebidas? — sugeri.

— Arrase, querida — gritou Maite para mim mais alto que o grave das músicas, entrelaçando os dedos nos meus e balançando nossas mãos no alto. Estávamos no meio do baile, levando empurrões e trombadas de todos os lados.—  Hoje esse baile vai render pra nós... tá cheio de gatinhos do asfalto. — Maite comentou enquanto encostavamos na barraca. Eu apenas sorrir e Anahi deu uns pulinhos animada. Até parece que ela não ia atrás do presente de Deus dela.

— Dá uma olhada naquele cara. Ele não consegue tirar os olhos de seus movimentos sensuais. — Maite disse.

Segui o olhar dela...e meu coração deu um salto.

Thiago chefe da maré levantou o queixo em cumprimento. Seu próximo gesto foi um pouco mais sutil.

— Eu não imaginava que você conseguiria ficar ainda mais linda.

— Eu não imaginava que você conseguisse ser gentil — devolvi. E Th ficou desconcertado, ele era um gato, impecável e plausível. Mas no movimento isso não vale de nada. Era nós dois na vala.

— E aquelas bebidas? — disse Anahí. — Quer vodka, gin...o que? Vamos amiga! — Ela me puxou e me despedi com um sorriso.

— O azar é do teu irmão Anahi.  — disse Maite. — Ele não toma um jeito de assumir a gatinha.

— Fala seu José, como que a Rafaela tá? Ela melhorou? — Anahi indagou. Rafaela é umas das poucas meninas que gostamos aquí do morro, levou uma surra semana passada, porque se envolveu com um homem casado aquí do morro.

— Graças a Deus está bem melhor menina, ela preferiu ficar em casa hoje. — Ele respondeu, com um semblante cansado — não sei como ela foi se meter nessa, vocês são novas e devem correr dessas encrencas crianças. — Eu sorri sem graça, ele me enchia de bons conselhos, era um dos poucos que tinha a coragem de me incentivar a sair do morro e fugir do Christopher.

— É seu Zé, é bem melhor evitar mesmo, as vezes até evitando o problema vem atrás da gente... ver ai três copos de gin pra nós... pode colocar a melhor, e tudo na conta do meu irmão.

— Eu vou pagar a minha — Maite protestou.

— E gastar o que não tem? Fica de boa Mai, ele nem vai saber! — Anahí deu um sorriso amigável.

— Tranquilo então, mas ver se fecha esse bocão — Maite deu de ombros e se virou de costas pra barraca, se apoiando. — Olha lá Dulce...

— O que? — Ela apontou com a cabeça e eu me virei. Jéssica estava encostada na barra do camarote ao lado do Christopher. Ela me encarava com a cara de espanto. Christopher parecia não ter me visto, ou talvez não me reconheceu. — Vai surtar hoje, mas vai ser sozinha que eu tô fora das loucuras dessa daí.

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