33 | Visco

537 60 10
                                    

21 de dezembro de 2001

Hermione acordou com o som de água corrente. Resmungando, ela estendeu a mão para Severus, apenas para encontrar um corpo menor e mais peludo em seu lugar.

— Meow? — seu companheiro disse.

Algumas piscadas dos olhos turvos do sono de Hermione trouxeram o rosto achatado de Bichento em foco. Ela se levantou da cama com um suspiro. Os aposentos eram dela: o edredom na cama, os livros empilhados ao lado da cadeira, a pilha de ensaios de Poções sem marcações definhando em um canto. O banho ainda estava correndo. Do seu ponto de vista, ela havia aberto a torneira há um ano e um dia.

Não — disse ela, correndo em direção ao guarda-roupa.

Nenhuma das vestes de Severus dividia espaço com as dela - e nenhuma de suas roupas da década de 1980, tampouco. Apenas as vestes que ela estava usando quando viajou no tempo foram trazidas pelo livro; elas caíram no chão do guarda-roupa em uma pilha, o cabide permaneceu em 1988.

Outras coisas que estiveram com ela durante a jornada de ida também foram trazidas de volta a 2001 pelo livro. Sua varinha estava enfiada debaixo do travesseiro. A calcinha dela estava amassada no chão, onde antes estava o cesto de roupa suja de Severus. Uma lembrança dos anos 80 veio com ela: a única coisa que ela usava. Hermione passou o polegar sobre o anel que circulava em seu dedo. Ela poderia testar. Um murmúrio de Volate, e ela saberia se a magia dele ainda estava em algum lugar do mundo.

Amanhã. Se Severus não aparecesse no baile ou em seus aposentos, ela testaria amanhã. Por enquanto, ela queria continuar agarrada à esperança.

Hermione tinha acabado de fechar a torneira e vestir algumas roupas (não ajudada por Bichento enrolando o corpo nas pernas dela) quando alguém bateu na porta. Ela abriu e descobriu Minerva parada ali com uma caixa de papelão desgastada nos braços.

— Olá, Heather — Minerva disse, seu sorriso tão simpático que Hermione quase esqueceu sua resolução de continuar esperando.

— Oi. — Mexendo no anel, Hermione recuou para permitir que a diretora entrasse. — Há quanto tempo você sabe?

Os lábios de Minerva se contraíram em uma linha severa.

— Não muito. O retrato de Albus não se dignou a me informar até cerca de uma hora atrás.

Bem, isso era típico. Hermione mal sabia por onde começar com suas perguntas. Ela queria saber sobre cada nome no memorial, cada morte que ela poderia ter tentado evitar se ao menos tivesse encontrado mais maneiras de contornar o Voto.

— O que aconteceu com Charity Burbage? — ela perguntou.

— Ela foi morta por Voldemort na Mansão Malfoy. Ele a deu para Nagini. — Minerva fez uma pausa para colocar a caixa ao lado do sofá, aproveitando para pigarrear duas vezes, mas sua voz ainda soava embargada pelas lágrimas quando ela acrescentou, — Severus estava lá.

A dor era forte demais para ser registrada a princípio; havia apenas a ausência de ar nos pulmões de Hermione e uma dormência horrível no peito. Agora ela se lembrava de ter ouvido Draco contar a mesma história em seu julgamento – agora que o conhecimento era inútil para Charity. Inútil para Severus.

— E Tonks? — Hermione perguntou. Ela tentou sugerir a Severus que Bellatrix mataria Tonks durante a Batalha de Hogwarts. Ele estava com as mãos cheias durante aquela luta, mas talvez...

Minerva balançou a cabeça. Não, claro que não. Cada nome que Hermione lançou para ela teve a mesma resposta. Fred, Colin, Lavender, Remus - alguns dos quais ela nunca havia mencionado a Severus. Nada havia mudado, exceto ela.

The Poison Garden| SevmioneOnde histórias criam vida. Descubra agora