Eu me lembro como se fosse ontem, acordei como todos os dias nos últimos dezesseis anos, com o sol batendo no meu rosto por uma pequena passagem da cortina. Abro meus olhos tomando coragem para me levantar e consigo o suficiente para me sentar. Enquanto coloco meus pés no chão, olho minhas músicas espalhadas pelo chão do quarto. Me lembro quando meu pai me ensinou a tocar minhas primeiras notas, foi um pouco antes dele morrer numa escalada perigosa...mas enfim, muita coisa aconteceu, mas acho que não devo pensar nisso. Agora de pé, abro a cortina e vejo a paisagem de todos os dias. O sol deixa o trigo dourado e assim vira um mar de ouro até a parte da floresta. Troco de roupa e desço as escadas para tomar meu café da manhã matinal, pois infelizmente é o primeiro dia de aula. O relógio apitou.
Porque? Como? Nunca vi a manhã passar tão rápido!
Hora de ir para escola.
Vou para o ponto e pegou o ônibus escolar para a cidade. Apesar de ter que pegar o ônibus, a cidade não é tão longe assim, daria trinta minutos de caminhada, que é bem melhor que dez de pura tortura com um bando de gente que não me conhece que nem se importam com a minha existência. Acho que vou de ônibus porque não vou sozinha, pelo menos um amigo eu tenho. Michael.
Michael foi a primeira pessoa a falar comigo, pensando bem foi o único a falar comigo. Por algum motivo ele se aproximou de mim, acho estranho pois antes de me mudar ele era um atleta popular, o que é extremamente suspeito. Entrei no ônibus e ele estava à minha espera. O sol batia na janela do ônibus e fazia o verde dos olhos dele brilhar. As esmeraldas dele me olhavam levemente e surgia um sorriso em seu rosto. Ele havia cortado o cabelo recentemente, por isso estranhei um pouco. Ele era loiro, e agora, tinha o cabelo um pouco espetadoEle chega para o lado e eu sento
- Oi, como foi suas férias? - Ele pergunta- Bem... contando que as únicas vezes que me diverti estava com você, até que foram legais.- respondi e rimos um pouco- Mas foram pelo menos inspiradoras?
- Nem tanto, só escrevi coisas quando fui a cachoeira.
Logo quando me mudei andei pela floresta e encontrei a cachoeira. Me sentia viva quando estava lá, a natureza e os animais me deixavam tão bem, por isso sempre ia lá para escrever. Faltava pouco para chegar a escola, dois quarteirões, e a pior coisa que podia acontecer no primeiro dia de aula aconteceu. Denis, do time de futebol americano, arremessou seu suco de uva da última cadeira em minha direção a mando de Ashley, uma líder de torcida gostosona, mas com uma esponja no lugar do cérebro, pode ser até um estereótipo, mas nunca vi uma que contasse até dez sem errar, ou mudar o assunto para o meu cabelo. Minha camisa branca, coitada, agora tem uva por ela toda.
O ônibus para e todos descem. Fui a última a descer junto com Michael e em seguida ele pega sua jaqueta do time e coloca em mim- Esses caras são muito idiotas, não liga não - ele disse me consolando
- Acho melhor a gente entrar- eu disse constrangida por estar usando a jaqueta de Michael na frente de todos- Vamos
Nós passamos as primeiras aulas normais como sempre, até o intervalo... O que eu fiz de errado nessa escola?
Estava comendo junto com Michael quando um dos jogadores do time de futebol americano arremessou a bola em direção a minha bandeja. Não sei se foi de proposito, mas Michael agiu rápido e agarrou a bola antes que chegasse em mim, em seguida os olhou com olhar de fúria
- Você está bem? -Perguntou nervoso.
- Sim foi por pouco. Hoje vai ser um dia daqueles! - Falei sorrindo.
- Não sei como consegue ficar com calma- ele disse aliviado- Um dia doou uma lição nesses caras- falou rindo.
O intervalo acaba e temos que voltar as salas. E mais aulas normais apesar de ter siso contratado um novo professor de história, precisamente de Mitologia. Ele aparentava ter trinta e cinco anos, era moreno e com a pele clara. Ele tinha um problema na per- na esquerda, por isso usava uma bengala, uma bengala com o cavalo na ponta com um símbolo cravado que não identifiquei o que era. Na sua aula me sentia em casa. Ele fez a chamada e em seguida levantou-se e apoiou-se na mesa
- Alguém sabe o que é um Pégaso? - Ele perguntou a sala.
Eu sabia a resposta, mas não queria chamar atenção da sala levantando a minha mão- Você! - Ele disse apontando e logo em seguida todas as cabeças a minha frente estavam viradas para mim.
De tantas, porque eu?
- Qual é o seu nome?
- M-Madeleine... Rougue- respondi tremula e ouvi risadinhasO professor arqueou as sobrancelhas estranhamente surpreso, deu um meio sorriso e repetiu a pergunta- Você sabe o que é um Pégaso?
- Pégaso, um cavalo com asas nascido do sangue da Medusa- respondi tremula, mas confiante da informação- Impecável senhorita Rougue, certíssimo! Já vi que vamos nos dar muito bem!
O tempo passa e soa o sinalFui ao campo de futebol da escola, Michael estava lá aplicando teste nos novatos, já que ele é o capitão. Sentei na arquibancada e comecei a ler um livro. Esperei um pouco o jogo e Michael percebeu que eu estava lá e acenou até que eu retribuísse. Quando o jogo acabou esperei Michael do lado de fora do vestiário. Ele saiu e havia uma embalagem em suas mãos- Feliz aniversário! Não é todo dia que se faz dezesseteÉ mesmo, hoje é meu aniversário, acabei me esquecendo. Me apressei e disse:
- Não precisava me dar um presente!
- Claro que precisava, como eu ia te lembrar? Vamos, abra! Quero colocar em você!
- Você não tem jeito mesmo.- falei sorrindoAbri cuidadosamenteEra um colar com o pingente de um Pégaso em prata- É lindo- disse enquanto ele colocava-o no meu pescoço- Que bom que gostou. Depois da aula fui a sala do seu professor te procurar e ele comentou da pergunta que te fez e me ofereceu esse colar que era da coleção dele, então comprei- Muito obrigada Michael, aconteceu tanta coisa hoje que até eu esqueci- disse dando um abraço neleDepois disso fomos ao ônibus.
Desci do ônibus eram 16:30. Michael é meu vizinho por isso desce no próximo ponto, por isso estranhei quando desceu do ônibus comigo para me levar em casa. Andei alguns metros e cheguei em casa, abri a porta e..Charan! Surpresa! Mas é claro que Michael sabia de tudo.
- Parabéns Mandy! - Disse minha mãe. Que coisa, acho que sou a única que não lembro do meu próprio aniversário?
A festa durou pouco, cerca de uma hora. Foi simples e ganhei poucos presentes, livros, ferramentas, mais um coelho, mas o mais importante para mim foi o da minha mãe. Ela me deu uma jaqueta de couro marrom que era do meu pai.
Eu tinha poucas coisas do meu pai, uma pasta e agora, uma jaqueta. Meu pai era historiador, Biólogo e apaixonado por escaladas. Quando a festa acabou, fiquei sentada na escada varanda conversando com Michael. Roufous, meu cachorro estava deitado com a cabeça no meu colo enquanto eu falava com Michael. O dia estava escurecendo e eu já via pontando a primeira estrela.
- Não é melhor você ir para casa? Já está ficando tarde- É mesmo... amanhã a gente se vê, não é?
- Sim, até amanhã.
Eu continuei sentada vendo ele ir embora caminhando. Ele olhou para trás, sorriu e acenou, então eu retribui. Fiquei na varanda por mais um tempo olhando as estrelas. Da minha casa dá para ver um monte delas, piscando e piscando, numa espécie de conversa
- Nossa Ruffles, aqui fora está ficando frio! Acho melhor entrarmos-me levantei e entrei em casa com Rufos. Minha mãe não gosta que ele durma em casa, mas hoje é meu aniversário, vou ter um desconto. Rufos me segue até meu quarto e deita logo na minha cama, eu me troco e me deito com ele aos meus pés.
Olho as estrelas mais uma vez pela janela antes de dormir- Boa noite Ruffles.
Adormeço.
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A Menina Alada
FantasiaNo aniversário de 17 anos de Madelyne Rougue algo misterioso cai na floresta, que ela acaba por descobrir ser um Pégasus. Em seu primeiro encontro ela ganha uma queimadura e começa a fazer coisas inimaginaveis. O Pégasus, Aracantus possui uma conexã...