Capitulo 4

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 Foi algo mágico...Quando encostei a mão nele, surgiu uma luz branca muito forte e os cavalos empinaram assustados com o subto clarão no comodo. A luz vinha do ponto onde havia tocado, mas foi se espalhando pelo cavalo e ficando ainda mais forte, de uma maneira que eu já não conseguia ver mais nada.

De repente a luz foi me tomando e como uma flecha atravessou meu peito. Senti uma queimação no pulso esquerdo como se estivesse em chamas. Não consegui gritar, a dor e o desespero engoliram minhas palavras. Com um baque surdo cai no chão e minha visão estava muito embaçada para ver alguma coisa definida, mas eu vi algo grande, como seda, em cima do cavalo. E logo depois disso desmaiei. Acordei numa pilha de palha na entrada do celeiro a não sei que horas pois o céu estava nublado dando sempre a entender que era seis horas da manhã.

O mais estranho é não saber se sonhei ou se de alguma maneira aquilo era real.

Saio pelo portão de madeira principal e entro em casa, subindo as escadas silenciosamente em direção ao banheiro. Ao tirar a blusa de frio, senti como se estivesse ralando meu pulso com uma pedra, o que fazia sentido, pois me deparei com uma queimadura ainda saltando da pele chamuscada, mas era mais estranha por ser feita de linhas perfeitamente negrase e retilíneas, como se fossem uma tatuagem. Tinham o formato de um V com mais três linhas de cada lado e mais uma linha quebrada no meio. Fiquei muito assustada. Essa é a prova de que era real. Eu tentei lavar, mas não saia por mais que eu esfregasse, e na verdade estava ardendo muito.

Terminando o banho fui ao quarto e coloquei uma roupa para descer. A chuva recomeçou.

-Oi filha quer ver um filme comigo? - Disse minha mãe ao me ver no pé da escada.

- Tudo bem, mas nada meloso, vou fazer a pipoca. Deixei ela escolhendo o filme enquanto esperava as pipocas estourarem no micro-ondas. Quando acabou, coloquei elas numa tigela e segui para sala.

-Mãe, eu disse que não queria ver esse tipo de filme!

- Ah, cala a boca e senta aqui com essa pipoca.

Uma hora e meia vendo vampiros purpurina e lobos sem camisa não foi algo que eu queria fazer. Na metade do filme minha mãe já tinha dormido então a cobri já que não consegui acorda-la, depois recolhi algumas coisas em cima da mesa de centro e levei para a pia da cozinha para lavar, a pesar de não ser a minha vez de lavar a louça. Da para se refletir sobre muita coisa enquanto se lava a louça.

Sei que sempre sou estranha, meu jeito de vestir, falar as vezes como se vivesse num tempo medieval, mas desde o meu aniversário... desde aquele cavalo... O que será que está acontecendo? E o pior é que eu estou sozinha nessa, não posso contar a ninguém. Sou interrompida por um barulho vindo da varanda na frente da casa.

O "Rank, rank, rank" era pertinente e me deixava tensa. Corri para a porta e a abri com cautela.

Ruffles.

-O que foi amor está com medo? Anda suba antes que a mamãe veja - sussurrei e ele pareceu entender pelo jeito que correu. Infelizmente ele fez muito barulho ao subir as escadas e minha mãe acordou

-O que está acontecendo? - Me perguntou sonolenta- Nada, só tropecei no tapete.- disse subindo o primeiro degrau.

- Agora vou dormir, porque lavar a louça cansa...

Entrei no quarto correndo e tranquei a porta.

- Porra Ruffles, devia fazer mais silêncio quando anda! - Disse enquanto ele continuava sentado em cima da cama. Eu me joguei na cama.

- Desculpe- disse alguém. Me virei assustada para Ruffles - Mar..Mandy, não se assuste, eu posso explicar! - Disse a mesma voz. Corri e abri a porta do quarto.

A Menina AladaOnde histórias criam vida. Descubra agora