Ele e seu amigo me contavam muitas coisas

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Era terça-feira, o que significava que Harry estava a um total de quatro dias na casa de Sirius Black.

Após a primeira noite, Sirius, como eles haviam combinado, perguntou como ele estava se sentindo. Harry, comendo uma panqueca do sr. Lupin, disse a verdade: melhor do que nunca.

Seu padrinho pareceu feliz em ouvir isso. Eles continuaram o café ao som da RBR, uma rádio da qual Harry nunca ouvira falar, mas que falava toda sorte de coisas malucas como "Frederik retornou a sua forma animaga com sucesso". Quando acabaram, Harry recolheu os pratos e os colocou na pia, se esticando para pegar o detergente, mas Remus o tirou de sua mão.

- Isso é muito legal da sua parte, mas pode deixar que o resto é comigo.

Harry franziu as sobrancelhas.

- Mas...

- Você já viu o que tem em cima da sua cômoda? Se eu fosse você subia lá para dar uma olhada.

Sua cômoda. Sua.

- Mesmo? – perguntou ele, só para ter certeza.

- Uhum.

Harry subiu as escadas correndo, animação consumindo suas veias. Ele sabia exatamente o que havia em cima da cômoda, um kit de carrinhos de corrida daqueles que os meninos sempre levavam para escola na hora do intervalo, e que Duda exibia na prateleira mais alta de seu quarto e nunca deixava ninguém pegar.

Ali estavam eles, bem à sua frente. E aparentemente eram para Harry.

Havia um bilhete, também:

Minha mãe me deu um desses quando eu era criança. Espero que os garotos ainda gostem de brincar assim.

- Remus Lupin

Sr. Lupin era, oficialmente, seu segundo adulto favorito.

Se enterrou nos carrinhos a manhã inteira, e então depois do almoço – quando, Sirius desta vez, não permitiu que ele lavasse a louça.

Em determinado momento da tarde, os dois adultos pararam em sua porta, o observando.

- Sabe, eu achei que ele fosse gostar, só não achei que ele gostaria tanto. ­– murmurou Remus.

- Ainda bem que eu tenho alguém familiarizado com trouxas nessa casa. Se dependesse de mim...

Sirius então se aproximou e perguntou se poderia brincar com ele. Os dois fizeram competição de qual carrinho ia mais longe, e o de Harry ganhou.

No domingo eles saíram para fazer compras do mês, Sirius permitindo que ele levasse tudo o que quisesse do supermercado. Tipo, tudo mesmo, até aquele sucrilhos em forma de ursinho que Tia Petúnia só comprava para Duda uma vez por mês. Harry experimentara certa vez, quando o primo deixou o pote cair no chão, e o gosto o lembrava de um dia de escola cancelado pela neve.

As coisas, finalmente, ficaram um pouquinho tensas na segunda, quando, pelo que soava como a trigésima vez, Sirius e Remus não permitiram que Harry realizasse nenhuma tarefa doméstica que não envolvesse dobrar o próprio pijama. No primeiro dia foi normal, no segundo foi aceitável, e no terceiro Harry estava implorando para colocar pelo menos os copos na lava louça.

Remus parecia absolutamente confuso; Sirius apenas o observava, obliquamente.

- Você é uma criança, não precisa... – começou sr. Lupin, com o poço de paciência costumeiro.

Harry negava, quase compulsivamente. Eles têm que me deixar fazer alguma coisa, ou vão se cansar de mim e me mandar embora.

- Eu preciso sim...

The kid you used to beOnde histórias criam vida. Descubra agora