EXTRA - Pov do Sirius

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(n/a: o vocabulário nesse capítulo está mais pesado que nos outros. não é necessário ler para entender a história)


... e estará sujeita a cobrança após o sinal.

Sirius arremessou o celular, que rolou até pousar no outro lado do sofá

- Caixa Postal? Pela nona vez, Lupin? É sério isso mesmo?

Ele passou a mão pelos cabelos, com vontade de arrancá-los, mas logo em seguida se conteve. Ele não podia ficar calvo, não depois de ter feito aquela aposta idiota com James quando eles tinham dezessete anos. O Potter obviamente ganharia, tendo em vista seu estado de juventude eterna e tudo mais, mas isso não era motivo para ele desistir.

Tudo bem, Black. Apenas pense. Correr atrás do taxi dele na frente de seus vizinhos? Check. Mandar cinquenta mensagens, incluindo aquela com a figurinha do gatinho chorando? Check. Telefonar loucamente como se sua casa estivesse pegando fogo? Check. Está na hora do quê?

É claro, da chantagem emocional.

Abriu o contato de "Moony" em seu celular e enviou:

Remus Lupin

Amor da minha vida

Eu sei que você tá lendo isso pela barra de notificações

Então a falta de um visto não vai me abalar

Fique sabendo que se vc não atender a minha próxima ligação

Eu vou faltar ao trabalho e dirigir até a sua casa

E você sabe o quanto o Ministro já é meu fã sem eu faltar em uma quinta qualquer

Sirius então clicou no botãozinho com o telefone, pela décima vez naquela manhã.

Remus atendeu no segundo toque.

- O que é, Black?

Sirius soltou um "ufa" dramático que deveria indicar alívio.

- Você está mesmo vivo, afinal de contas. Fiquei com medo de te acharem em uma vala e te cremarem antes mesmo que eu pudesse ver esse belo rostinho pela última...

- Chega, Sirius. - seu tom indicava que aquele não era um dia para brincadeiras.

Ok, então.

- Você está no antigo apartamento de sua mãe?

- Sim. E diferentemente de você, eu realmente preciso ir para o trabalho que eu estou atrasado no momento. Não é todo mundo que recebe milhões em herança da família.

- Tudo bem, Moony. Eu só queria saber como você estava. Você parecia bem mal quando foi embora no domingo, não era para as coisas terem acontecido daquele jeito.

- Eu não quero falar sobre isso - decretou Remus - e provavelmente foi melhor assim, de qualquer jeito. Antes que ele se apegasse. - um suspiro trêmulo do outro lado da linha - Ou que eu me apegasse. Ainda mais.

- Não é como se isso fosse pra sempre. Espere só um pouco, eu vou conversar com ele...

- Não.

- O quê? 

- Você não vai convencer o menino de que eu não sou uma ameaça quando eu claramente sou uma.

- De novo essa história, Remus? Eu te falo desde a porra do segundo ano...

- Eu disse não, Sirius. - e como ele soava a beira do choro, Sirius respeitou.

- Ok, vamos falar de outra coisa então. Que tal como eu acordei hoje completamente suado sem ter tido ninguém para tirar todo o meu cobertor a noite?

- Que mentiroso. É você quem tira minhas cobertas a noite.

Sirius bufou.

- Pode até ser. Mas isso não muda o fato de que eu estou sentindo falta de você.

Houve uma pausa antes da resposta de Remus quando Sirius disse isso, e o Black sentiu uma mudança no ar.

- Se você quer tanto assim transar, vai lá e entre no primeiro bar da esquina. Não sou eu que estou te impedindo.

A linha ficou em silêncio por uns bons cinco segundos.

- Você sabe que não era a isso que eu estava me referindo. Você está jogando baixo, Remus. 

- Eu estou jogando baixo, é? Igual quando vocês quatro sabiam que Peter era o fiel do segredo, mas não me contaram porque achavam que eu servia a você sabe quem?

Sirius desligou a ligação.

Não era para a conversa ter chegado aí.

Então ele respirou três vezes, realmente fundo.

E ligou de novo.

- Desculpa - foi a primeira palavra de Remus depois de atender - Eu sei que a gente já conversou sobre isso. Não era para eu trazer à tona aleatoriamente só porque quero jogar merda no ventilador.

- Está tudo bem - garantiu Sirius, ainda que ele sentisse que tinha perdido a fome para o dia inteiro - Eu sei que você está chateado. E foi por isso que eu liguei. Porque eu queria que você sentisse que tem alguém. Mas talvez eu não esteja ajudando.

Ele respirou fundo. 

- Eu te amo, Remus. É só isso. Você sendo um lobisomem ou não, não tem diferença. E eu sei que Harry vai perceber isso também, mas você não precisa concordar comigo quanto a isso. Não precisa nem acreditar em mim. Só acredite quando eu digo que eu te amo. Está bom?

Ouve um suspiro do outro lado da linha, e talvez - só talvez - Sirius tenha percebido um fundo de sorriso ali.

- Eu também te amo - respondeu Remus, mais baixo e sincero do que qualquer outra coisa que ele tivesse dito até então - Agora pare de se preocupar comigo e vai trabalhar, seu cachorro.

A linha ficou muda.

The kid you used to beOnde histórias criam vida. Descubra agora