• Capítulo 1 •

743 54 10
                                    

- Olivia, o patrão ligou, quer a gente lá em 30 minutos, disse que é urgente.

- Só mais 5 minutos Ágatha, pelo amor de Deus - cubro minha cabeça com a coberta.

- Olivia inferno, levanta.

- Tá, tô indo - digo e logo ela sai do meu quarto.

Logo me levanto, tomo banho e me arrumo, coisa básica, desço as escadas e encontro Ágatha me esperando em pé na porta.

- O que será que ele quer tão cedo? Nosso turno começa só daqui a 4 horas - olho o relógio no meu pulso e são 8 da manhã.

- Juro que não sei, mas isso não está me cheirando bem - ela diz e sai pela porta.

Em menos de 20 minutos chegamos ao restaurante, desde quando chegamos aqui há 6 meses, esse foi nosso primeiro e único emprego, ganhamos o suficiente pra viver tranquilas e não é um emprego tão ruim.
De frente ao restaurante, Ronald está nos aguardando junto com as demais meninas que trabalha conosco, logo ele faz um movimento com a cabeça e todas nós o seguimos para dentro do restaurante.

- Bom dia meninas, desculpe tirar vocês da cama tão antes do turno, mas preciso comunicar uma coisa a vocês, o restaurante vai fechar, eu decidi voltar pro meu país e não tenho como manter, eu agradeço todas vocês pelo trabalho incrível que vocês fizeram, irei fazer uma carta de recomendação para cada uma que colaborou perfeitamente comigo - ele diz com lágrimas nos olhos.

Nesse mesmo momento meu mundo caiu, eu não esperava que isso iria acontecer dessa forma, Ronald era um bom patrão, agora estou completamente perdida.

- Ronald, não poderia esperar o mês acabar? Assim a gente consegue receber nosso salário inteiro - falo e vejo algumas meninas concordarem comigo.

- Impossível, não temos como manter, eu estou indo hoje a tarde, eu sinto muito meninas, irei pagar os dias trabalhados de vocês, podem me aguardar aqui - ele sai.

- Olivia e agora? Com o valor trabalhado não dá nem pra metade do aluguel e emprego não cai do céu muito menos de uma hora pra outra - Ágatha indaga se jogando na cadeira ao meu lado a frustração evidente no seu rosto.

- Eu não sei, não tenho ideia, mas escuta nós vamos conseguir, tenha fé - conforto.

Eu falo assim, mas eu não tenho certeza se as coisas vão ficar bem, eu só torço que sim..

[...]

- Precisamos levar esse papel que ele pediu pra entregar lá em Upper eats side pro amigo dele, não custa nada fazemos isso - Digo me sentando no sofá.

- Olivia, não tô me sentindo bem, pode ir sozinha? Eu estou bem abalada com tudo que aconteceu hoje, só temos 600,00 dólares ao todo, nosso aluguel é 900,00, tem as contas e outras coisas, amanhã bem cedo eu vou sair e não sei a hora que volto, precisamos conseguir alguma coisa, qual quer coisa - ela diz com a mão no rosto.

- Tudo bem, eu entendo, vamos fazer isso juntas e vai dar certo, acho melhor eu ir logo então pra não ficar muito tarde, aliás Upper fica há mais de 1hr daqui - me levanto já pegando minha bolsa e a pasta que precisa ser entregue.

- Toma cuidado viu, qual quer coisa liga ou chama a polícia - ela grita e eu saio rindo fechando a porta logo atrás de mim.

O caminho até Upper é um pouco desgastante, mas conforme me perdi nos pensamentos nem senti que meu ponto é o próximo.
Logo ando até o endereço indicado, essa parte da cidade é linda, elegante e luxuosa, pensei que seria rica o suficiente pra morar aqui um dia, porém está bem longe da minha realidade, após entregar a pasta ao invés de eu pegar o ônibus até a estação do metrô, resolvi ir andando, aproveitar essa linda vista, não é todo dia.
Alguns passos depois vejo uma placa dizendo que estão contratando garçonetes com urgência, logo entro pelo lugar indicado e dou de cara com uma recepcionista.

- Olá boa tarde, eu vi a placa ali fora, ainda estão contratando? - digo chegando próximo a ela no balcão.

- Olá, sim estamos, dia de sorte, hoje é o último dia antes da seleção que acontece amanhã, posso te dar a ficha pra você fazer a entrevista.

- Meu Deus, sim. um minuto - meus olhos estão brilhando, meu Deus, saio dali e vou até a entrada, pego meu celular e disco pra Ágatha. - Vou te mandar a localização por mensagem, você vem correndo, tente chegar o mais rápido possível, imagina trabalhar em Upper? Aqui eles pagam muito melhor do que aí, então corre garota - sem esperar por resposta eu desligo e envio a localização e volto até a recepcionista - Então, minha amiga está vindo, eu posso pegar uma ficha pra ela? Diz que sim em - falo olhando pra ela em súplica.

- Aí, tá ok - ela diz sorrindo - Aqui está, pode agurdar a sua amiga antes de entrar pra preencher, mas diga pra ela se apressar, não vamos ficar fazendo entrevista até muito tarde.

- Ela vai estar aqui em um pulo - saio do balcão e vou até a entrada.

Em menos de 1hr Ágatha chega.

- Parece que correu uma maratona - falo rindo.

- Qua...se is..so - ela diz e logo se recompõe.

- Peguei uma ficha pra você, estão em busca de garçonetes, vamos se apressar.

Logo entramos e fomos direcionadas a uma sala bem grande, e tinha mais algumas pessoas ali dentro, preenchemos nossas fichas e quando menos esperamos era nossa vez.

[...]

- Como você acha que foi ? - Ágatha diz deitando na minha cama.

- Não sei dizer, só espero que dê tudo certo, eles disseram que iam ligar pela manhã, já pra começar no mesmo dia - falo e deito junto.

- Liv, não sabe o quanto eu estou torcendo por isso, já imaginou quantas oportunidades trabalhar lá pode nos trazer, vamos saber caso abre vaga em outros lugares, vamos ter oportunidades, alias o sucesso vem de baixo - Ela diz.

- Você está certa, mas ainda assim existe pessoas que nascem em berço de ouro, uma pena não ter sido nós duas, em falar nisso, tem falado com sua mãe? - pergunto.

- Eu falei, mas ela ainda está com raiva, não foi uma boa ideia só avisar que estava indo embora no dia de vir, mas eu não ia deixar ela me sabotar ou me manipular pra não vim, ela precisa entender que eu mando na minha vida e sei o que é melhor pra mim.

- Sua mãe é difícil, mas você sabe que ela ama você, ela só precisava te dar espaço pra tomar suas próprias decisões.

- Isso é, e sua família, faz tempo que não falamos desse assunto.

- Minha vó não fala mais comigo, ela disse que eu estava abandonando ela e que eu sempre quis ficar longe e minhas irmãs eu falo com elas as vezes, nada demais sabe, elas também não entendem, acham que a vida aqui é fácil, e ainda agem como se eu estivesse rica, me destratam sabe - fecho os olhos - Eu só espero que um dia todos eles entendem, precisamos de um recomeço, jovens demais pra viver aquela vida, não era isso que sonhávamos pra gente e tá tudo bem.

- Sim, exatamente, eu sei que um dia ela vai me entender, vamos sentar e conversar com todos eles e fazê-los entender, que não somos as idiotas inúteis que eles sempre acharam que íamos ser.

- Nós vamos vencer, em breve.

*
*
Notas: gostaria de agradecer imensamente, um beijo a todos, e votem em!!

• Dona De Mim • [COMPLETA]Onde histórias criam vida. Descubra agora