Deuses não esquecem

06-Historias

Wen Qing nasceu liberta, feita pra voar e assim o fez, as asas reluziam e se movimentavam sem parar pelo vasto universo e Yanli não soube lidar com sua liberdade.

A deusa viu seu amor voar para longe e de seu desespero novamente surgiu vida, vida essa que ela não notou deixar para trás quando correu para alcançar a amada, passos que não eram rápidos o suficiente para acompanhar as asas, nem lentos ao ponto de perda-la de vista.

Song Lan após nascer observou a mãe correr para longe, pequeno e confuso apenas parou e esperou que ela voltasse, solidificou o ar por onde Yanli corria formando assim uma ponte para que ela conseguisse voltar para ele.

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Xichen caminhava lentamente indo até o quarto distante e equilibrava uma bandeja grande em mãos, composta em sua maioria com diversas frutas cortadas de maneira perfeita em tamanhos exatamente iguais.

Chegou até o quarto desejado e segurou a bandeja apena com uma mão para que pudesse abrir a porta, entrou sem bater, sabia que tinha permissão para isso sempre que quisesse.

Guangyao estava o esperando assim como havia pedido, olhou para o mais velho por alguns segundos mas logo abaixou o olhar novamente.

Xichen deixou a bandeja no móvel ao lado da cama pequena e se sentou ao lado do mais novo.

- Trouxe para você, quero que coma e depois descanse, tudo bem ? - perguntou com tom calmo de sempre, Guangyao assentiu mas continuou olhando para baixo. - Sou muito grato por seu esforço e prometo um dia recompensa-lo por tudo que anda fazendo, mas você precisa se cuidar, quero que me prometa que não vai mais sobrecarregar seu corpo assim, pode fazer isso?

- Eu prometo - confirmou com um sorriso pequeno no rosto, saber que Xichen se importava consigo o deixava feliz.

Xichen tocou seu ombro e o trouxe mais para perto o envolvendo em um abraço apertado, Guangyao segurou forte em sua roupa e apoiou a cabeça sobre o peito do mais velho.

Guangyao almejou poder viver aquele momento para sempre enquanto seus pensamentos iam além do abraço, queria soltar a roupa cara e passar as mãos pelo corpo grande do deus, tocar e admirar cada pedaço do outro e reviver todos os momentos que fizeram com que seus sentimento existissem.

- Vou levar Wangji pra comer, descanse - afagou os cabelos macios e levantou se desvinculado do abraço, deu um sorriso contido e saiu deixando Guangyao sozinho.

A solidão o fez reviver todas as lembranças que o fizeram chegar até onde estava e todas elas envolviam Xichen. Sua família vinha de uma longa linhagem de curandeiros praticantes de bruxaria natural e serviam aos quatro reis dragões a quase um milênio, nasceu e viveu no castelo de Xichen até o momento em que seus pais vieram a falecer o obrigando a tomar para si as responsabilidades que eram deles mesmo que fosse tão jovem.

Viveu entre os quatro castelos, mudava sempre que um dragão se mostrava mais necessitado de seus cuidados, cada castelo contemplava um pouco a personalidade do rei que o tinha como morada. O de Xichen era o mais calmo, o fluxo de pessoas era grande, porém não se ouvia barulhos, as conversas no local eram calmas e o tom de voz usado era sempre baixo.

Na primeira noite que passou sem seus pais naquele local, o silêncio e a calma se tornaram assustadores demais para ele que era apenas uma criança, ouvia e via coisas e nem em seus sonhos conseguia encontrar a paz que precisava. Quando acordou aos prantos e gritos após um pesadelo que ele sequer lembrava, temeu as consequências de atrapalhar o modo de convívio do local, temeu ter perturbado a calma do deus.

Diferente a tudo que Guangyao achou que aconteceria, Xichen foi até seu quarto e lá permaneceu até o dia amanhecer e assim prosseguiu por dezenas de noite até que o mais novo se sentisse seguro sozinho.