Deuses não esquecem

05-princípio

Partes em itálico se referem a acontecimentos do passado e vão aparecer com frequência nos próximos capítulos, boa leitura ✨

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Wen Ning parou em frente ao castelo grande, não desrespeitaria os outros deuses e sua morada, queria apenas se sentir mais próximo daquilo que seu corpo ansiava desde o princípio.

O corpo pálido tremia sem entender o que estava acontecendo, a mão fechada em punho sangrava por conta das unhas afiadas fincadas em sua palma, mas a dor não o incomodava.

— Mãe, você me prometeu - a voz que a milhares de anos não era ouvida saiu rouca, desgastada e inaudível, ajoelhou-se sobre a grama levando consigo toda vida presente nas plantas do castelo e ainda sim, não foi suficiente. Wen Ning sentia fome e vazio.

Sentia como se estivesse no princípio novamente.

Confuso, não conseguiu sequer perceber que de uma das grandes janelas alguém o observava com curiosidade.

Yu Jie lamentou pelo jardim que tanto amava, pelas flores que cultivou com tanta dedicação e carinho, mas também lamentou pelo choro agoniado e pela solidão aparentemente.

Saiu de perto da janela e em seguida de seu quarto, andou pelo corredor extenso no silêncio da noite que indicava que provavelmente já estavam todos dormindo, mas sabia que uma pessoa estaria acordada.

Entrou no quarto sem aviso e foi logo em direção a cama grande, deitou agarrada a um travesseiro e observou o tio por alguns segundos, Xue Yang já havia percebido sua presença, mas o costume com a invasão noturna de seu quarto o fez ignorar e continuar penteando o cabelo grande em frente ao espelho.

—Wen Ning está aqui - anunciou quebrando o silêncio e chamando a atenção do tio para si — Eu o vi no jardim.

—Como ele ousa ? - o tom de voz alterado deixava claro que não havia gostado do que havia acabado de ouvir, mas antes que sequer pensasse em fazer algo, foi interrompido.

— Não podemos ter raiva dele, ele estava apenas cumprindo o seu papel e Wangji o atrapalhou, você sabe, vamos deixá-lo em paz enquanto nao tentar mais nada, tudo bem?

Xue Yang não queria aceitar, mas sabia que um conflito de nada adiantaria no momento e ainda colocaria em risco os humanos do castelo.

— Desde que ele não faça mais nada....

— A função dele já é ingrata demais, duvido muito que fará mais alguma coisa.

Apesar das palavras, não estava tão certa assim do que dizia, o choro agoniado que havia visto a deixava confusa em relação as motivações do deus, duvidava muito ser apenas por Wangji ter atrapalhado o ciclo daquele humano.

Desviou o olhar com receio que Xue Yang percebesse em seus olhos sua incerteza, não queria causar nenhum conflito enquanto não existisse certeza de certo e errado de algum dos lados.

— Tio – abraçou o travesseiro e sorriu quando Xue Yang olhou para si — Ele é lindo.

— Não é não.

— É sim – afirmou lembrando da aparência do deus no jardim.

— Você tá muito pra frente, não tem idade pra isso – repreendeu caminhando ate a cama para que pudesse se deitar também.

— Acha que não tenho idade pra achar ele bonito? Então não vou nem falar o que está se passando pela minha cabeça – a voz soou maliciosa e o sorriso logo se transformou em gargalhadas ao observar as reações do tio.