Heat

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Drew me deixou em uma dessas barraquinhas que vendem sorvete perto do cais e saiu com um "já volto!" tão animado que só me permitiu suspeitar de seu comportamento.

Comprei um dos meus sorvetes favoritos, baunilha com uma casquinha deliciosa de chocolate ao redor. Nada equiparava à sensação de ter aquilo na boca - exceto, talvez, Drew.
Quando virei-me para procurar por ele, estava de volta ao cais de Washington e batia um papo que parecia muito divertido com um rapaz. Os dois argumentavam e balançavam os braços, gesticulando de forma intensa, até que o rapaz o levou para uma das beiradas do cais e gritou para alguém dos barcos. O senhor no barco acenou e fez um sinal de legal e Drew apertou a mão do rapaz o seu lado - então eu soube que ele estava aprontando alguma.

Deixamos Maddie e Chase para trás naquele dia, fugindo antes do Sol nascer - vimos o dia despertar no barco, rumo à Ilha Washington, um dos mais belos amanhecer que já tive o prazer de presenciar. Não que Maddie e Stokes fossem uma companhia ruim, pelo contrário. Mas aquela viagem era para comemorar nosso aniversário de um ano de namoro e eu deixei Drew reivindicar algum tempo só com a minha companhia além das horas quentes em que nós preferíamos não dormir para aproveitar um ao outro.

Toda vez que eu pensava ou proferia "Drew" e "um ano" em uma mesma frase, quase não podia acreditar. Ainda sentia as mesmas sensações idiotas do começo, de quando ele me abraçava e dizia que eu era sua namorada, mas, ao mesmo tempo, me perguntava como a gente tinha conseguido ficar juntos por tanto tempo. Nós éramos absurdamente diferentes e tínhamos tendências suicidas a provocar um ao outro.

Estávamos sempre brigando por qualquer coisa e, às vezes, começávamos a rir no meio da briga, porque era sempre tão estúpido e tão engraçado...
Drew era mais possessivo e expansivo. Tinha toda aquela aura de que era poderoso e invencível, enquanto eu era mais segura e mais ligada à liberdade e ao meu pequeno espaço pessoal que Drew sempre se empurrava para dominar aquilo também. Tinha sido assim, quando se mudou para o meu apartamento.

Em dois meses, o apartamento tinha se tornado, irreversivelmente, a cara dele. Não a decoração ou os móveis, mas tinha coisas Drew em cada canto dele - uma lasca no móvel da sala quando eu tentei jogar o sapato na cabeça dele e o salto acertou a madeira, uma mancha de vinho na cabeceira da cama por causa de uma de nossas brincadeiras, um buraco no sofá que ele fez com uma faca, "sem querer", enquanto assista MMA.
E, apesar disso tudo, lá estávamos nós dois juntos. E havíamos aprendido a nos entender e compreender de tal forma a evitar que as nossas constantes brigas acabassem com aquela coisa linda que tínhamos.

Acho que isso era o que todo mundo chamava de amor.

Drew, por fim, passou um bocado de dinheiro para o rapaz e virou-se para mim quando eu já estava na metade do sorvete. Mesmo a uma considerável distância, não pude perder a oportunidade de provocá-lo: chupei o sorvete de forma insinuante e vi-o cerrar os olhos em minha direção e balançar a cabeça, concordando. Sorri, então, porque era óbvia a nossa sintonia.

Caminhei até ele, que tirou uma das mãos do bolso da bermuda para circular ao redor da minha cintura. Deu um beijo em meu pescoço e uma mordida no meu sorvete, que resultou em uma careta - Drew tinha dentes sensíveis, mas se recusava a assumir isso e procurar um dentista.

- O que você estava fazendo? - inquiri, a curiosidade me corroendo de tal forma que eu mal conseguia pensar em outra coisa.

Ele sorriu daquela forma que me dizia que sabia que estava me deixando louca, mas não se importava porque fazia parte da brincadeira e, no fundo, ele amava me deixar ensandecida de curiosidade.

- Vamos pegar um barquinho desses - anunciou.
Esperei que ele elaborasse a história, falasse onde iríamos e o que faríamos, mas não. Era somente isso que ele iria dividir comigo. Fiz cara feia para ele e ele soltou uma gargalhada gostosa.

imagines Hot - Drew Starkey Onde histórias criam vida. Descubra agora