»- Minha tortura é saber que amanhã nada muda, como de costume

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David

Haviam se passado dois dias desde que tive aquela breve conversa com Fiona. Desde então, a mulher não deu sinal de vida, o que me preocupava um pouco, provavelmente numa hora dessas, estava armando um plano maligno para se vingar de mim, não seria a primeira vez que uma mulher faria isso comigo, portanto, teria que tomar muito cuidado.

Regina chegaria apenas na parte da tarde, era um dos dias em que precisava revezar o trabalho entre o hospital e a fundação, então nem me preocupei por não tê-la visto de imediato

Aproveitei que tudo estava numa verdadeira calmaria para visitar Charlie na creche. Acenei para o garoto do lado de fora da sala e o mesmo retribuiu o gesto assim que notou minha presença

─ Doutor Nolan, precisamos do senhor

─ O que aconteceu, O'Malley? - Perguntei ao me virar em sua direção

─ É melhor que o senhor mesmo veja, me acompanhe, por favor - Era impressão minha ou estava envergonhado?

Acompanhei o rapaz até um dos quartos no andar superior. Haviam mais dois internos no local, pareciam estar discutindo

─ Senhor, lamento mas não pode ver isso aqui! - Segurou o controle no alto

─ Me devolva, eu preciso disso! - Tentou alcançar o objeto

─ O que está acontecendo aqui? - Comentei chamando a atenção

─ Graças a Deus, você chegou - Se aproximou ─ Doutor Nolan, temos uma situação inusitada por aqui - Suas bochechas avermelhadas entregavam o quanto estava envergonhada ─ Explica pra ele, Yang

─ É claro - Se aproximou ─ Erick Lamour, cinquenta e dois anos, tem uma cirurgia marcada com o doutor Shepherd, para um implante espinhal pra controlar a dor da hérnia de disco, é alérgico a qualquer analgésico

─ E qual é o problema? - Comentei ainda sem entender o motivo de todo aquele caos

─ O problema é que... O senhor Lamour, estava assistindo porno aqui no hospital - Foi a vez do rapaz se manifestar

─ Porno? - Arregalei os olhos. Havia escutado direito ou enlouqueci de vez?

─ É pra minha dor, o médico disse que libera endorfinas no cérebro e ajuda a manter a dor num nível suportável - Se pronunciou finalmente

─ É... Eu entendo senhor, mas... Não posso permitir que esse tipo de conteúdo seja exibido aqui no hospital - Cocei a nuca em nervosismo, não acreditava que aquilo estava realmente acontecendo ─ Para quando está marcada a cirurgia?

─ Para as duas da tarde - Respondeu após verificar

─ Então ainda tem muitas horas pela frente - Suspirei e fechei os olhos por breves segundos ─ Alguma sugestão? - Encarei os internos ali presentes

─ Eu tenho mas... Não sei se é adequado

─ Prossiga

─ Se cada um de nós revezar, teremos o tempo exato até a hora da cirurgia, podemos... Contar alguns contos eróticos, experiências, eu não sei! Alguma maneira de criar estímulos visuais, mas essa televisão tem que ficar desligada

─ Ótimo, gostei disso! - Respondeu animado ─ Você começa, doutor - Apontou para mim

─ Eu? - Perguntei surpreso

─ O doutor Nolan com toda certeza deve ter muitas histórias para contar - Soltou uma risada mas parou de rir assim que me encarou ─ É, eu...

─ Vocês todos, fora daqui! - Bati palmas enquanto os expulsava e fechei a porta do quarto ─ É... Bom, já vou logo avisando que nunca fiz isso, então... Me desculpe caso não conte direito

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