»- Segredos que tenho mantido em meu coração

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David

Se passaram alguns dias desde o ocorrido na ambulância. Desde então, Regina voltou a me ignorar. Era como se dias atrás não tivéssemos dito um ao outro que nos amamos. Resolvi que não iria questionar sua atitude. Pelo menos por agora. Sei que precisa de um tempo sozinha, talvez para digerir o que aconteceu

Tenho noção de que não posso mudar nossa atual situação de uma hora para outra, afinal de contas, são dezoito anos de separação. Vai levar tempo. Meu cérebro sabe disso, mas não meu coração. Posso ouvir seus gritos desesperados, se intensificando a cada dia mais. Estou tão apaixonado quanto da primeira vez, até mais posso dizer

─ Michelle, se você quer mesmo me acompanhar no trabalho, precisamos sair agora - Encarei o relógio em meu pulso, já estava quase atrasado

─ Pai, você é o chefe - Comentou enquanto descia as escadas ─ Ninguém vai reclamar caso chegue cinco minutos mais tarde - Pegou o batom de dentro da sua bolsa e parou em frente ao espelho da sala ─ Então relaxa que já estamos saindo, paizinho - Me encarou antes de seus lábios serem tingidos de vermelho

A cor vermelha. Ah, é Incrível como tudo me faz lembrar dessa mulher. Será que ela tem noção do quanto sua boca fica ainda mais desejável quando usa batom? Por um momento, me perdi completamente em meus pensamentos. Agora tudo que conseguia pensar, era no fato de que nossas bocas pareciam ter sido feitas especialmente uma para a outra. A lembrança dos nossos últimos beijos invadia com força minha mente. Com tanta força, que nem mesmo conseguia raciocinar o que Michelle dizia naquele momento

─ Alô - Estalou os dedos na frente do meu rosto ─ Planeta Terra chamando - Cantarolou, me tirando do meu pequeno devaneio

─ Desculpe, filhota, me perdi nos meus pensamentos - Sorri um tanto sem jeito e peguei minhas chaves ─ Vamos, já estamos atrasados - Abri a porta e deixei que passasse primeiro

Seguimos o caminho até a garagem num completo silêncio. O que era estranho se tratando de Michelle. Algum interrogatório estava por vir, tinha certeza disso

─ Pai - Comentou chamando minha atenção

─ Sim, filha - Respondi sem deixar de prestar atenção na estrada

─ Como tem sido para você trabalhar com a Regina? - Parecia realmente curiosa

─ Bom... Não tem sido fácil ter que lidar com meus sentimentos em silêncio - Suspirei ─ Ela está me ignorando desde o dia do acidente

─ Já entendi - Deu uma pausa ─ Ela tem medo de se entregar - Negou com a cabeça ─ E o que você vai fazer para reconquistá-la?

─ Sinceramente, eu não sei - Prensei meus lábios ─ Por enquanto não vou voltar a tocar no assunto com ela, sei que precisa de um tempo para digerir tudo isso

─ É realmente - Voltou para a mesma posição de antes ─ Me diz uma coisa - Me encarou ─ Minha mãe sabe disso?

─ Claro que sabe, eu contei já faz um bom tempo - Sorri fraco ─ A Rebecca é uma das minhas melhores amigas

─ Você citando o nome de uma mulher e a palavra amiga na mesma frase não é algo que se vê todo dia - Brincou

─ Você é muito engraçadinha mesmo - Debochei ─ Olha que combinação perigosa sua mãe e eu fizemos - Sorri negando com a cabeça

─ Eu prefiro não pensar em como vocês me fizeram - Fez uma careta

─ Não banque a puritana comigo, eu sei que de santa você não tem nada, minha filha - Provoquei já esperando sua reação contrariada

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