How to save a life

»- Não enterre os pensamentos que você realmente quer

David

Acordei com o barulho infernal do despertador tocando em meu celular. Resmunguei ainda de olhos fechados enquanto tentava desligar o mesmo

─ BOM DIA, PAPAI! - Se jogou em mim e passou a me sacudir ─ Acorda, papai

─ Já estou acordado, filho - Respondi ainda de olhos fechados e o rosto enfiado no travesseiro ─ O papai só está criando coragem para levantar

─ Deixa de ser preguiçoso, papai - Escutei sua risada

─ Ah eu sou preguiçoso? - Me virei ─ Então vem aqui que o preguiçoso vai te fazer um monte de cócegas!

─ Não papai! - Soltou uma risada e tentou sair correndo

O garoto gargalhava alto enquanto tentava se soltar. Era tão bom ter Charlie em casa, meus dias com toda certeza ficavam mais animados

─ Muito bem, mocinho, vamos tomar café e nos arrumar para sair, papai vai ter um dia cheio no hospital - Disse após me levantar

─ Tá bom, papai - Saiu correndo

─ Cuidado! Não desce as escadas correndo! - Gritei pela preocupação ─ Ai esse menino um dia me causa um treco - Disse para mim mesmo e fechei a porta do quarto em seguida

Bocejei enquanto caminhava na direção das escadas. Ainda me sentia cansado do dia anterior, não era pra menos com a correria que ficou no hospital após o incidente com a paciente de sangue tóxico

─ Bom dia, senhor Nolan - Uma das funcionárias comentou animada ─ Seu café já está pronto, do jeito que o senhor gosta, forte e com pouco açúcar

─ Obrigado - Sorri em agradecimento e me sentei ─ Filho, larga os brinquedos e vai comer sua salada de frutas, meu amor - Disse antes de tomar um gole da bebida

O garoto prontamente obedeceu e assim passou a comer. Aproveitei para ler as notícias em meu tablet como sempre fazia toda manhã enquanto estava comendo. Mas fui interrompido quando recebi aquela maldita chamada de vídeo. Era Ravenna

─ O que você quer, Ravenna? - Revirei os olhos assim que atendi e tomei mais um gole do café

─ Só quero te lembrar que estou de volta em três dias - Bufou ─ E não revire os olhos para mim, eu sou a mãe do seu filho

─ É eu sei disso - Neguei com a cabeça e encarei o garoto que já havia terminado de comer ─ Filho, sobe pro seu quarto que o papai já vai lá te ajudar, está bem?

─ Está bem, papai - Sorriu vindo ao meu encontro e pulou para me dar um beijo na bochecha

─ Não vai falar com a mamãe? - Comentou após ver a cena

Charlie me encarou contrariado. Por mais que Ravenna não pudesse ver sua expressão por conta da altura da mesa, lhe encarei de modo que entendesse que não era para fazer aquilo enquanto ela estivesse presente de alguma maneira

─ Sobe no colo do papai - Peguei o garoto e o coloquei sentado ─ Da bom dia pra sua mãe

─ Bom dia, mamãe - Respondeu não muito satisfeito ─ Já posso ir, papai? Quero chegar logo no hospital pra falar com a tia Regina - Me encarou

Me calei após o comentário. Charlie não conseguiam disfarçar sua preferência por Regina, aliás nem tentava, realmente havia me puxado da cabeça aos pés. Ravenna mesmo através de uma tela me fuzilava com o olhar

─ É claro, meu amor, vamos sair daqui a pouco - Sorri fraco e beijei sua bochecha antes de o colocar no chão novamente

─ David, eu... - Parou de falar assim que fiz um sinal de que não continuasse. Charlie ainda poderia ouvir o sermão que com toda certeza me daria ─ Ele já foi?