Prólogo - Quando você me deixou sozinha

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O guarda-chuva tentava fugir de minhas mãos junto do vento que insistia em jogá-lo para trás e eu não conseguia ver nitidamente o que estava por vir em meu caminho, as gotas caíam constantemente em meus olhos e não havia muitas luzes por perto para iluminar a escuridão da noite. Eu estava na parte mais rochosa da praia, onde ele me disse para encontrá-lo à meia-noite. Parei antes de pisar em alguma das pedras lisas, pois meus chinelos foram levados pela enxurrada quando atravessei a rua para chegar à praia.

― Cadê você?! – gritei. – Não consigo te ver!

O vento jogava meus cabelos contra meu rosto fazendo com que a pontas molhadas se agarrassem em minha pele. Olhei para os lados, mas não havia ninguém. Dei alguns passos para frente e arrisquei subir em uma das pedras para tentar ver se ele estava no meio delas. Uma rajada me atingiu e eu tive que soltar o guarda-chuva para não cair. A chuva acertava todo meu corpo fazendo com que eu me encolhesse cada vez mais.

― Eu vim aqui mesmo com essa chuva! Por que você não aparece?!

Meus olhos não captavam nada além do vazio que se estendia entre as pedras. O mar ao meu lado ficava cada vez mais assustador.

― Aparece logo, por favor. – minha voz saiu mais baixa daquela vez, pois mesmo sem admitir eu sabia que ele não estava ali. Eu estava completamente sozinha.

Deixei minha cabeça cair, na esperança que a chuva parasse de atingir meu rosto. Perto de meus pés, avistei algo branco e me agachei para pegar. Era um ramo com três flores, de um tipo que eu nunca havia visto antes e que não nascia em nenhum lugar perto dali. Olhei em volta uma última vez para ter certeza de que não havia ninguém lá.

Havia sido ele quem deixara as flores ali?  

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