DEZESSEIS

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Ainda era de madrugada quando comecei a ouvir gritos do lado de fora da minha casa. Acordei assustada. A primeira coisa que passou pela minha cabeça foi que poderíamos estar sofrendo um ataque. Logo percebi que não eram gritos desesperados, e sim gritos comemorativos, como os dados no ano novo ou em um aniversário. Como tanta gente poderia estar acordada a essa hora da madrugada?

            Desci as escadas e encontrei toda a minha família reunida, ainda de pijamas, parecendo igualmente excitados.

            - O que aconteceu? - perguntei.

            - Você tem que ver isso - Natasha se aproximou de mim, sorridente, me pegou pelas mãos e me conduziu até outro cômodo, onde pudemos ficar a sós.

            - O que está acontecendo? - perguntei novamente.

            - Ele conseguiu! - dizendo isso, Natasha jogou um jornal sobre a mesa, onde letras garrafais estampavam a primeira página:



O DIA EM QUE O HOMEM SE TORNOU MAIS LEVE QUE O AR:

O PRIMEIRO VOO DE PABLO EAX




Pelos Deuses...



Ele conseguiu!



            Todas as páginas do jornal eram dedicadas a ele e sobre como a sua façanha irá mudar o mundo. Nesse ponto, a máquina até tinha nome, chamavam de "Águia de Rapina". Pablo parecia orgulhoso nas fotos, mas não tanto quanto imaginei que ficaria. Sempre visualizei esse momento com ele chorando.


            Ele conseguiu, Pablo fez história.


 Agora ele faz PARTE da história.


            - Sabe qual é a melhor parte? - Natasha perguntou, eufórica.

           - Desafiar todas as leis da física e magia que conhecíamos até então não é a melhor parte?

            - Nem perto! Leia isso!

            Abriu em uma página específica do jornal, em que Pablo respondia a uma extensa entrevista.

            - A entrevista inteira? - perguntei.

            - Não. Essa parte em específico.


"J.A: E quanto ao que você colocou no topo do castelo, qual seria o motivo para tanta paixão?


Pablo: Só posso dizer que fico muito feliz em ter construído a Águia de Rapina a tempo para isso, teria sido bem mais difícil sem ela."



- Por que você está me mostrando isso? - perguntei. - O que ele colocou no topo do castelo?

- Você não viu? Vem comigo! - pegou minha mão e me puxou de uma forma que eu até consideraria violenta.

Subimos mais alguns lances de escadas. Na verdade, subimos todas as escadas de casa, inclusive as que ninguém subia há tempos. Eu sabia para onde Natasha estava me levando, pois do terraço é possível ver o topo do castelo e de lá veríamos sobre o que o jornal falava.

MAIS LEVE QUE O AR (HISTÓRIA COMPLETA)Onde histórias criam vida. Descubra agora