LYRIC: O Caos do Coração

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Eu estou apagando a luz agora. Estou encerrando a noite agora. Querendo que você estivesse comigo. Mas você está em outra cidade 

(Now Or Never - Halsey)

Ele estava meia hora atrasado

Olho de novo para os papeis a minha frente e bato com a ponta da caneta no caderno de anotações hesitando na decisão de me levantar e ir direto para Lewis ou de ficar e esperar mais um pouco.

Suspirando me levanto arrumando minha camisa larga e cato tudo da mesa jogando dentro da mesa, saio da sala desligando tudo e a fecho antes de ir em direção a sala de Lewis do outro lado do corredor. Estendo a mão para bater na porta, mas paro quando uma voz atrás de mim me impede

- Ele não está – mordo o lábio inferior com força e me viro vendo um garoto encolhido em um canto longe, olhando para a parede como se fosse a coisa mais interessante que existia

Olhando ao redor me aproximo a passos silenciosos e fico em pé ao seu lado encarando a mesma parede. Arabescos quase invisíveis tomam conta do papel de parede e sinto a respiração profunda dele ao meu lado

- Vai falar para Lewis sobre o meu não comparecimento? – ele pergunta com a voz forçadamente divertida sem ainda me olhar e eu hesito antes de responder

- Não

Me viro no mesmo minuto que sua cabeça se vira me observando e vejo sua expressão confusa

- Porque não?

- Porque você está aqui, só não na minha sala, mas ainda aqui – ele fica em silencio e depois de alguns segundos ele se vira de novo para a parede. Aproveito o momento para olha-lo e capturo suas roupas, calças jeans escuras, camisa preta, colar para dentro do colarinho

Sua expressão é de alguém entediado no mínimo e não de alguém que tentou se matar. Puxo uma respiração e apertando a alça de minha bolsa me encosto na parede como se não tivesse mais nada para fazer, a não ser ficar ali

Conto os minutos e depois de quinze minutos ele volta a falar com a voz distante e chateada

- Não sei como ela concordou com isso – ele diz e eu me viro para ele escutando – Deixar que uma menina de minha idade bancar a psicóloga

Uh, um tanto agressivo

- Não estou bancando a psicóloga – respondo com a voz neutra

- Então o que está fazendo aqui?

- Escutando você – John Finney bufa o que parece ser uma risada autodepreciativa e solta um gemido

- Claro que sim. Parecem que todos agora me escutam

Abaixo o olhar vendo seu pé bater repetidamente no chão e me viro olhando para a janela no alto quando sinto ele me observando de lado

- Agir com agressividade não vai ajudar você – comento suavemente – Se é isso que está pensando

Ele fica em silencio por alguns minutos e só quando me movo um centímetro para frente é que ele volta a falar rapidamente, de forma atropelada, e então percebo que ele achou que eu iria encerrar

- Você viu o vídeo?

- Não – respondo sincera – Deveria?

- Talvez

- Acho que prefiro que me conte – respondo me virando para ele e encostando o ombro na parede

- Não vai me perguntar o que eu senti no momento? – ele questiona com uma careta enojada – Todos fazem isso