𝔔𝔲𝔞𝔱𝔬𝔯𝔷𝔢

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--Há um sentimento... que é feio-- Enola fala calmamente-- Mas eu sinto-o e dói-- ela baixa a cabeça. Lottie ficou calada, apenas encarando a mais velha.

--Dói?

--Muito... Mas eu não deviria senti-lo-- diz encarando a loira que a olhava com a cabeça inclinada para o lado direito

Lottie pousou a sua mão no peito de Enola, exatamente onde ficava o coração, como se aquele simples ato fosse um modo de ela se abrir para a loira.

--Eu sinto ciúmes-- Enola confessa-- Cada vez que você e o Teddy se olham, se tocam ou simplesmente sorriem um para o outro, um nó forma-se na minha garganta e eu sinto vontade de mata-lo

--Isso é mau?-- a princesa pregunta calma

--Depende, significa de eu gosto muito de você, mas que me sinto insegura com isso-- Lottie sorri e segura nas mãos da mais velha-- É como se o meu coração se apertasse e em seguida partisse em mil pedacinhos

--A minha avó dizia que o coração é a primeira coisa a se quebrar e a ultima a sarar-- a loira fala-- Mas eu não entendo sua dor, não entendo porque fica insegura em relação a isso, eu nunca trocaria você.

Enola sorri, se sentindo mais confortável.
--A sua avó era sábia...-- comenta

--Ela era-- fala com um sorriso triste, sentindo uma dor no coração-- Eramos muito felizes, eu era muito feliz com ela, quando ela me deixou parte de mim morreu com ela...-- Enola não conseguiu responder-- A morte dela é um mistério. Um mistério que precisa ser resolvido...

>LOTTIE<
five years ago

Vozes e sussurros passavam pelas paredes finas e húmidas que rodeavam a frágil garota de cabelos loiros que tentava ao máximo se concentrar no romance à sua frente, mas aquelas vozes, aqueles sussurros invadiam sua mente de uma forma aterradora. Cada vez que ouvia passos se encolhia um pouco mais, abraçando o seu corpo como se se auto reconfortasse, apertando as páginas do livro como suporte.
Os seus olhos azuis estavam marejados, lágrimas de dor e medo.

A enorme porta da biblioteca é aberta com calma, mas mesmo assim causa um estrondo horrivelmente alto. A garota se esconde atrás do livro, como se as personagens a pudessem defender.
A realidade doía, as princesas não são felizes como nos contos de fadas.

--Charlotte?-- a voz doce de sua avó ecoa

--Nana...-- baixa o livro

--Minha querida-- abraça a pequena garota, a confortando

--Eu ouvi...-- sussurra e a velha senhora se inclina sobre a menina-- eles... as vozes, os múrmuros-- começa a chorar descontroladamente

--Eles não a vão machucar meu bem, eu estou aqui e sempre estarei-- pega na loira ao colo-- Que tal irmos dormir, é tarde-- guia Lottie pelos corredores do castelo

Escuros e negros, como um portal para uma dimensão maléfica, aquele castelo guardava mais segredos e mentiras do que poderiam imaginar. Falsas esperanças de um bom futuro, falsos romances, falsas famílias. Dor era tudo o que sentia; do ponto de vista dos adultos que vivam com ela, era demasiado nova para sentir algo, mas a verdade é que Charlotte com apenas 10 anos já viveu mais que muitos.

Já deitada nos lençóis brancos, abraçava a sua boneca de pano. Abigail ajeitou as almofadas da loira e deu um beijo na testa da mesma.

--Avó aguarde...-- a velha senhora se vira para trás-- Pode cantar uma musica para mim?-- pede baixinho

Abigail sorri e se senta na cadeira de balanço ao lado da grande cama onde a neta estava deitada.
--Que música quer que eu cante?-- pregunta, passando a mão pela bochecha da mais nova

--Você sabe qual é-- sorri, abraçando com mais força a sua boneca

A senhora ri e se posiciona para cantar:
--O vento norte atravessa o ar
E há um sitio, tanto para contar
Meu amor durma em paz,
Pois ao perder tudo, encontrará
Se alguém o chamar num baixo enredo
Saiba que há magia nela a fluir
Você enfrentará o seu maior medo
Para encarar o que vai sentir

A menina cai num sono profundo, sentindo a melodia soar na sua cabeça. A rainha beija o topo da cabeça de sua neta e sussurra um adeus. Se levanta com calma e caminha até ao seu quarto em passos lentos.

(...)

Quando Lottie acordou, saltou da cama para ir ter com sua avó, abriu a porta do quarto dela e correu para a cama onde Abigail deveria estar, mas lá não estava ninguém.
A inocência de sua mente não lhe havia permitido pensar que algo pior houve-se acontecido, então procurou por todo o castelo a senhora, em vão.

--Precisamos saber para onde ela foi, deve ter fugido!-- o atual rei, pai de Charlotte, fala furioso, batendo na mesa com força

Lottie se esconde atrás da porta espiando a conversa:
--Os guardas não a viram a sair-- um senhor velho cheio de rugas fala

--Ela foi perspicaz-- comenta a mãe de Lottie

--A Nana fugiu?-- a loira sai de seu esconderijo, com lágrimas nos olhos ~

--Sim querida, desapareceu esta manhã-- Matilde, mãe de Charlotte, fala

--Não é possível... Porquê?-- o coração da menina batia a mil

--Vamos começar as buscas-- o rei ordena

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--Uma semana depois, ela foi dada como morta-- Lottie termina a história, baixando a cabeça

Enola se levantou repentinamente e saltou para o banco da frente.

--Joane, mudança de planos.-- a velha senhora olha para a morena confusa-- Vamos para Basilwether-- a carruagem para repentinamente

--Você enlouqueceu!?-- pergunta Teddy espantado

--Você precisa recuperar o cargo que nunca chegou a ter e Lottie precisa das respostas necessárias. Aconteceram injustiças e chegou a hora de concertá-las-- fala

Durante a viagem até ao castelo, Enola arrancou bastantes informações do lorde e da princesa, não só acerca das suas vidas como também da história das suas famílias.
A história de Lottie havia deixado Enola triste e emocionada, ela queria que a sua amada não vivesse à base de preguntas que não poderiam ser respondidas. Lottie, a seu ver merecia o mundo, mas o mundo não a merecia a ela.

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Aiai, quanto drama né gente? Enfim, Milliezinha tem 18 anos então vou postar um one shot dela, com aBonny na festa, se preparem!

𝔸 𝐏ℝ𝐈ℕ𝐂𝔼𝐒𝔸 𝐏𝔼𝐑𝔻𝐈𝔻𝐀|ᵉⁿᵒˡᵃ ʰᵒˡᵐᵉˢOnde histórias criam vida. Descubra agora