Capitulo 1

177 15 1
                                    

— Emma! Que droga, levanta dessa cama ou vai ter que ir a pé pra escola! - Minha mãe estava gritando do primeiro andar da nossa casa.

Eu sei que a tendência é ficar mais fácil de acordar cedo a cada dia, mas hoje eu já não tenho tanta certeza disso. Tudo o que eu queria era não ter que colocar meu all star, jaquetas e calças pra ir pra escola.

— EMMA!
Era melhor eu não arriscar minha vida.
Me joguei da cama, batendo a cabeça e as costas no chão - sim, era assim que eu fazia todas as manhãs, e dava certo.
Peguei um fôlego e levantei do chão, indo direto pro meu armário. Nesses dias frios, eu infelizmente não conseguia tomar banho, tomava sempre na volta da escola.

— EMMA! 5 minutos ou deixo você aqui.

Olhei para o meu gato, o Jug. Ele estava espalhado na minha cama, no meio dos cobertores.

Vesti o tênis all star de sempre, minha jaqueta da North Face azul marinho e minha calça bege. Coloquei uma alça da mochila nas costas e fui em direção ao gato.

— As vezes eu só queria ser você - Fiz carinho na cabeça dele e desci as escadas.

— ALELUIA! 1 minuto a mais te abandonava aqui.

— Muito engraçado.

Minha mãe deu um sorrisinho, sabia que mesmo que eu demorasse 20 minutos a mais ela ainda me esperaria já que o trabalho dela não começava tão cedo quanto as minhas aulas.

|||

Estava na porta da escola, minha mãe já tinha ido embora mas algo não me deixava entrar.
No ano passado, eu tinha me envolvido com o Clay. Ele era um garoto bem legal mas eu, por algum motivo, não quis mais nada.
Eu tinha 15 anos, o que eu esperava? Nem eu sabia.

— E aí - Minha amiga Katy apareceu do meu lado — Não vai entrar?

— As vezes eu gosto de te esperar - minto.

— Sei sei, esperar o Clay sair de lá de dentro né? Só se for.

— Você é extremamente irritante.

— Também senti saudades.

Demos um abraço meio estranho mas nossa amizade era assim - estranha. Eu e a Katy nos conhecemos com 5 anos de idade, nessa mesma escola. Desde então, nunca brigamos e estamos sempre juntas.
Somos literalmente "Katy e Emma".
— Ficou sabendo algo do Gus? - Pergunto.

Ela fez que não com a cabeça.
Nós tínhamos dois amigos além de nós mesmas.
O Gustav Ähr e o George Bexey.
Eles eram melhores amigos desde pequenos e, simplesmente, nos juntamos a eles no ano retrasado.

Eu sabia que o Gus não era uma pessoa muito feliz. Quando começamos a nossa amizade, com 13 anos, ele já sabia que o pai traía a mãe - e ele mesmo tomou coragem e contou pra ela.

Pra uma pessoa de 13 anos, hoje eu vejo como foi pesado passar por tudo aquilo.

Tento dar meu apoio a ele, mas ele se isola. Principalmente nas férias, que é quando ele vira o fantasma de Londres e some.

Eu não queria admitir mas mesmo de longe, ele era meu melhor amigo e eu já tinha contado um monte de coisas a ele - que ele nunca espalhou por aí.

Gus sempre disse que o Clay não era a pessoa ideal pra mim, que ele era um babaca.
Bom, 99% das pessoas da escola eram babacas com ele e eu nem sei dizer o porquê. O bullying no ensino médio não vem com um manual de explicações.

— Aí meu Deus!

Nem precisei ver o que a Katy estava falando.
Era o Gustav, com uma tatuagem e o cabelo comprido de uma maneira diferente.
Aquele cabelo loirinho que eu achei tão fofo na primeira vez que vi ele, era a marca dele pra mim. Além dos olhos grandes que ele também tinha e quando sorria ficava ainda maior.
Além disso, o Bexey também estava do lado dele, todo sorridente e com uma tatuagem nova no braço.

— E aí, meninas - Bexey diz dando um sorriso.
— E ai? Seus idiotas! - Katy empurra ele fraco — Vocês somem nas férias e acham que está tudo ok?
— Katy, calma - Gus disse.

E foi a única palavra que eu ouvi dele mas já fez meu coração se tranquilizar, ele estava ali. Pelo menos.

— Calma o caramba. Ainda aparecem com tatuagem e você também tem um piercing! Ô meu Deus!

Ela sai andando e o Bexey vai atrás dela resmungando alguma coisa de como ela está louca.

— Oi, Gus.

Ainda estamos parados frente a frente.

— Oi, você está diferente...
— Você aparece com piercing e tatuagem e eu estou diferente?
— Parece feliz. Acho que é por conta do Clay não estar aqui, onde ele está?
— Nós terminamos a 2 semanas. Se tivesse me respondido no verão, saberia disso.
- Eu sinto muito, Em. Você sabe como funciona pra mim... nem sempre eu fico em dias bons.
— Mas eu estou aqui pra te ajudar, já te falei - Olhei pra ele e encostei no ombro dele ao mesmo tempo.

Pude jurar que vi os olhos dele brilharem. Mas acho que era coisa da minha cabeça. Fiquei tanto tempo imaginando quando veria o meu melhor amigo, que agora estou imaginando coisas.

— O que acha de ir almoçar em casa? Minha mãe vai fazer hambúrgueres para animar o início das aulas.

— O Bexey também vai?

— Pensei em ser só nós. Como forma de pedir desculpas pelo verão.

— Certo, eu te perdôo então... a comida da sua mãe é ótima.

— Ela sentiu sua falta.

— Eu também senti a dela.

Fui andando em direção a entrada da escola e já vi algumas pessoas olhando pra ele, consequentemente pra nós - de uma maneira estranha.
Vi ele colocar o capuz e apertar a mochila nos ombros.
— Não liga pra esses babacas. Eu tô aqui.

— Obrigada, Em.

Fui andando mais rápido para passar na secretaria mas ele gritou meu nome e veio correndo até onde eu estava.

— Eu senti a sua falta.
— Eu também, de verdade.

E fui andando pra secretaria novamente, precisava arrancar os olhos das moças de lá que erraram o meu horário enviado por e-mail ontem.

STAR SHOPPING - Lil PeepOnde histórias criam vida. Descubra agora